Hy-Brazil: nacionalismo às avessas, por Arkx

Hy-Brazil: nacionalismo às avessas, por Arkx

o nacionalismo foi amputado das FFAA brasileiras pelo MR-64 (Movimento Revolucionário de 31-MAR-1964), sendo o conceito de Soberania Nacional substituído pelo de Segurança Nacional.

na aula inaugural dos cursos de 1967 na ESG (Escola Superior de Guerra), assim se pronunciou Castelo Branco, o primeiro Ditador-General:

 “A Escola Superior de Guerra tem uma grande missão a cumprir, e, cumprindo-a, facilitará a tarefa do governo. Essa missão é a de formular, pela conjunta aplicação do talento civil e militar, uma doutrina permanente e coerente de Segurança Nacional e a de combater os vários ‘pseudos’ irracionais e ineficazes – o pseudo-nacionalismo, o pseudo-desenvolvimento, o pseudo-humanismo, a solução pseudo-criadora.”

 em 1964, as FFAA ungiram quem então fora indicado pelo adido militar dos EUA, coronel Vernon Walters, o qual conhecera Castelo Branco na Itália, onde servira como oficial de ligação com a FEB (Força Expedicionária Brasileira).

 um dia depois da posse de Castelo Branco, Vernon e ele almoçaram no Palácio do Planalto, a sós.

 foi durante a II Guerra Mundial, pela influência de estarem sob as ordens de militares dos EUA, que os Generais brasileiros fizeram sua opção, tão bem inescrupulosamente definida pela célebre declaração do General Juracy Magalhães: “Tudo que é bom para os EUA é bom também para o Brasil.

 fundada em 1949, a ESG foi modelada no National War College, de Washington (EUA), e teve como primeiro comandante o General Cordeiro de Farias, não por coincidência também o Comandante da Artilharia da FEB.

 em consequência do Acordo Militar Brasil-EUA (1952), os militares norte-americanos receberam direitos exclusivos de assistência na organização e operação da ESG.

 o Programa de Assistência Militar oferecido pelos EUA constituiu-se em no braço armado de sua política externa, a fim de defender o interesse nacional norte-americano.

 a ESG foi concebida para atuar como “um aparelho ideológico que funciona no interior de um aparelho repressivo”.

 para extirpar a Soberania, convertendo-a em Segurança, é necessário também um Nacionalismo às avessas, pois na Doutrina de Segurança Nacional não há espaço para nenhuma Soberania Nacional, ficando o Brasil condenado a um lugar periférico e dependente na geopolítica global.

 como não há Soberania Nacional que não se erga pela Soberania Popular, muito menos esta é prevista numa Doutrina de Segurança Nacional que só pode ser adotada mediante um Estado autoritário, um “governo forte”, para reprimir qualquer protagonismo da população organizada.

 para garantir este tipo de Segurança, a  missão prioritária das FFAA se torna combater o “inimigo interno”. ou seja: todos aqueles que de alguma forma ameaçam os interesses internacionais e de seus associados minoritários brasileiros.

 ao enviar a FEB à Europa, Getúlio obteve como consequência a tutela das FFAA pelos EUA, um Nacionalismo às avessas e um histórico de golpismo dos Generais, em cujo rastro jaz seu próprio suicídio, a Ditadura Civil-Militar (1964/1989) e, por que não, até mesmo o Golpeachment e a prisão de Lula.

 com a missão de “pacificação” no Haiti, Lula repete a tragédia de Getúlio. boa parte dos militares hoje nomeados no governo Bolsonaro serviu na MINUSTAH.

 em cujo pérfido legado para os haitianos se contabilizam abusos sexuais, execuções sumárias, epidemia de cólera e até mesmo envolvimento de seu pessoal de baixo escalão com tráfico de drogas e armas.

 deixando também como desonrosa herança para si mesmos as versões sobre o suicídio do Gal. Urano e o “infarto fulminante” do Gal. Jaborandy.

 se com a FEB as FFAA se gabaritaram como a segurança militar de um Nacionalismo às avessas, na MINUSTAH tiveram um treinamento completo para servirem como tropa de ocupação em seu próprio país, sempre em prontidão para a guerra de extermínio dos pobres e o genocídio do povo negro.

 fontes:

 – “A vez e a voz dos vencidos. Militares x Militares”, Hélio Silva.

– “História Militar do Brasil”, Nélson Werneck Sodré.

“O Que a Escola Superior de Guerra (ESG) Ensinava”, Sebastião André Alves de Lima Filho.

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Redação

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