Kotscho: Como Lula conseguiria governar enfrentando mídia, mercado e Judiciário?

Foto: Ricardo Stuckert

Jornal GGN – O jornalista Ricardo Kotscho publicou artigo nesta segunda (11) apontando que o fim do governo Temer e as eleições de 2018 viraram as duas grandes incógnitas na cabeça do eleitorado. Ninguém sabe ao certo se a reforma da Previdência será aprovada ou não. Da mesma forma, a resistência da candidatura de Lula ainda não está clara. E mesmo que ele fosse eleito, indaga Kotscho, como poderia governar em meio ao conluio mídia-Judiciário-mercado?

“Ainda que consiga chegar vivo até a urna eleitoral, a outra questão que se começa a colocar é como Lula conseguiria governar enfrentando a grande aliança formada contra ele pelo mercado e pela mídia, com o amparo do Judiciário”, escreveu. “Desta vez, no centro do debate estarão as reformas, já que sobrou muito pouco para ser privatizado pelo próximo governo”, acrescentou.

Por Ricardo Kotscho

No Balaio do Kotscho

Lula será candidato? Previdência vai passar? Ano termina como começou

2017 certamente será registrado pelos historiadores do futuro como um dos anos mais medíocres e melancólicos desde que o Brasil existe.

O ano está terminando como começou, aos trancos e barrancos, com as mesmas dúvidas e incertezas sobre o que virá.

Aonde você vai, ouve as mesmas perguntas: a Justiça vai deixar Lula ser candidato? A Reforma da Previdência vai passar?

É como se tudo dependesse destas duas questões centrais para poder planejar 2018. Enquanto as respostas não chegam, fica tudo empacado, nebuloso, sem perspectivas.

Pelo que se lê no noticiário, Lula não escapa de ser condenado pela Justiça e impedido de ser candidato.

É curioso porque neste final de semana, na convenção tucana, FHC e Alckmin repetiram que preferem enfrentar Lula nas urnas para derrotá-lo do que ver o petista condenado.

Como chave de ouro, entregou-se o destino da Previdência nas mãos do novo chefe da articulação política, Carlos Marun, aquele da tropa de choque de Eduardo Cunha, que já garantiu a sua aprovação, custe o que custar, e está custando caro.

Falou-se desta reforma o ano inteiro como única solução para estancar a sangria dos cofres públicos, o pau da barraca do ajuste fiscal. O resultado é que, caso algum arremedo ainda seja aprovado, o preço poderá ser um aumento ainda maior no rombo fiscal.

Henrique Meirelles joga tudo na reforma para ser o candidato do governo, mas nem o governo bota fé nisso diante dos primeiros movimentos do ministro da Fazenda mostrando que não é do ramo.

Meirelles começou a semana passada, com o campo deixado livre por Doria e Huck, cantando de galo e dando um chega para lá em Alckmin e no PSDB, e acabou miando diante da reação.

“Jogando parado”, como gosta de dizer, o governador paulista lançou as tranças para o presidente Temer e o PMDB e bateu duro em Lula e no PT, para se tornar o esperado candidato do Centrão governista, juntando novamente PMDB e PSDB.

Aos poucos, o cenário vai se clareando, com Alckmin e Meirelles de um lado, como candidatos da situação, e Lula e Ciro Gomes, de outro, Marina Silva no meio e Bolsonaro correndo por fora na extrema direita.

Após uma primeira peneirada, foi o que sobrou para 2018, com tudo ainda dependendo se Lula poderá ou não ser candidato.

Ainda que consiga chegar vivo até a urna eleitoral, a outra questão que se começa a colocar é como Lula conseguiria governar enfrentando a grande aliança formada contra ele pelo mercado e pela mídia, com o amparo do Judiciário.

Desta vez, no centro do debate estarão as reformas, já que sobrou muito pouco para ser privatizado pelo próximo governo.

Resta apenas saber o que sua excelência, o eleitor, pensa de tudo isso. Nos mil acertos que estão sendo feitos, é bom não esquecer dele.

E assim iniciamos mais uma “semana decisiva”, que na verdade só começará na quinta-feira, quando começarem a discutir a reforma previdenciária no plenário da Câmara.

Vida que segue.

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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  • Mídia e mercado sempre
    Mídia e mercado sempre estiveram contra ele, a meia novidade é o judiciário que saiu das sombras e entrou de mala e cuia na briga assumindo a antipatia que todos sabíamos que ele sempre teve pelo Lula.

  • A questao nem é essa

    É realmente difícil que ele consiga governar. Mas a sua mera vitória já seria um sinal importante da volta à legalidade e da desaprovaçao do golpe. E com ele no governo a luta seria mais clara. Se ele propuser, por ex., a anulaçao da reforma trabalhista (e da previdenciária, caso tenha sido aprovada) e do congelamento de gastos públicos, com discurso para a populaçao compulsoriamente televisionado, e o Congresso pretender impedir, vai ficar bem claro p/ a populaçao quem é quem.

  • O que é preciso é o cumprimento das leis e a constituição .

    É esquecer a mídia corrupta, pois ela sempre boicotará qualquer governo progressista, e convocar personalidades REPUBLICANAS de dentro das forças armadas, do judiciário e até da polícia federal para fazer uma reforma geral no judiciário e na polícia (inclusive nas PM's estaduais) .

    Apurando (E PUNINDO) os que utilizam o poder do estado para enriquecimento ilícito e ou para fazer politicagens, será meio caminho andado para a efetiva normalização democrática . 

    O mal tem que ser cortado na raiz e a origem de todos os males que afligem o Brasil é a corrupção nos orgãos de controle (TCU, TCE's) e no judiciário .

    Os juizecos midiáticos cumprem as leis ?  Procuradores cumprem as leis ? Policiais cumprem as leis ?  É permitido a atuação politiqueira nas ações das autoridades do judiciário ou das polícias ?

    Que Lula procure oficiais militares LEGALISTAS para fazer uma ampla limpeza em setores do judiciário .

    Será que não existem simpatizantes do almirante Othon dentro das forças armadas ?

  • Resposta: pelo Método Maçônico Antigo e Aceito.

    O PT subiu ao poder com apoio da ala conservadora da Maçonaria, leia-se José Alencar, vice de primeira hora e ministro da defesa nas horas de aflição. Lula aceitou pagar o preço cobrado por essa facção criminosa.

    Dilma achou muito caro. Quis botar todo mundo na cadeia achando que Lula ia conseguir se safar. Deu no que deu e ainda vai dar.

    O problema do Nassif é não querer enxergar que, depois do que aconteceu, a esquerda não tem mais um "Zé Alencar" pra servir de fiador.

    O elo do "bom senso" que ele, Nassif, acha que deva ser buscado entre a direita, a esquerda e o centro, antes que a alternativa da intervenção militar prevaleça, morreu no dia 29 de março de 2011.

    Mas vamos lá, Nassif, continue agindo como um cego que, sem apontar para o problema, tenta achar a melhor solução.

    • Bem, provávelmente a única

      Bem, provávelmente a única coisa que a maçonaria fez que prestasse nós últimos 200 anos. Agora dizer que o Nassif não sabe ENXERGAR? Tenha dó.

      • Não foi isso que eu disse.

        Edna, eu não disse que o Nassif não SABE enxergar. Eu disse que ele não QUER enxergar. E não quer, mesmo.

        Tomara que ele, Nassif, não se arrependa disso.

    • Maçonaria
       

      Das opiniões que tenho lido até o momento a sua  me parece a mais condizente.

      No mais, o Jornal só transcreveu a opinião do Kotscho.

       

      • É que o Nassif andou pregando ...
        que a direita, a esquerda e o centro tivessem o "bom senso" de buscar um entendimento antes da interdição militar.

        Se ele ainda apontasse para o fato da ala conservadora da maçonaria ser o nosso real problema, ainda podia jogar lux na discussão para, quem sabe?, elegermos um congresso menos fisiológico.

        Mas, não. Parece qur ele prefere enfiar a cabeça num buraco e esperar a tropa do Mourão entrar triunfante em Brasília.

  • Facil

    Ao assumir deve demitir imediatamente todo o judiciario, mpf e pf

    Abrir a concorrencia estrangeira o mercado de comunicação

    O mercado se ajusta, como se ajustou na 1ª eleição

  • O derrotismo de Kotscho

    Deixemos os questionamentos e as dúvidas para os pusilânimes, os covardes, os isentos de responsabilidade. Dado o trágico momento em que vivemos, não devemos ficar em cima do muro, tentando adivinhar o futuro. Vivemos tempos de tomar partido, fazer escolhas, dedender posições. Não devemos questionar como Lula poderá conseguir viabilizar sua candidatura, mas apoiá-lo, gritar em sua defesa, já que ele se tornou o maior símbolo da resistência ao golpe. Não devemos questionar se ele será eleito, mas reforçar sua candidatura, fortalecê-la e destacar que ele conseguiu vencer eleições nas quais outras dúvidas imperavam (por exemplo, a capacidade de governar). Após a eleição, não devemos nos perguntar como ele conseguirá governar, mas defender seu governo, criticar, evitar e reincidência de erros ja cometidos e, eventualmente, a ocorrência de novos. O artigo de Kotscho nos leva para o caminho inverso. Nos impregna de um derrotismo asfixiante, de uma paralisia kafkiana. Nos sufoca com um determinismo a-histórico, escondendo a possibilidade de se lutar para construir um futuro diferente. Aceitar a inevitabilidade de se contemporizar com os golpistas é tudo que eles querem. E o tom conformista do texto comentado é uma propaganda disso.

  • E esse vídeo do lula falando

    E esse vídeo do lula falando num comício no Rio que os governadores não deveriam estar presos? Sério isso? É assim que ele pretende convencer que o PT e ele aprenderam? Risco de delação? acho que o GGN devia abordar a questão

  • O Buraco Mais Em Cima

    Lula candidato será a vitória estonteante sobre as partes operacionais do golpe: congresso, mídia, justiça e mercado.

    Lula presidente será a vitória avassaladora sobre as partes pensantes e planejadoras do golpe: Casa Grande e classe dominante, Casa das Garças e banqueiros nacionais e estrangeiros e Base Norte e intervencionistas.

    A novidade é que Lula, mais fortalecido e experiente que em 2002, sabe que não tem como não ser ágil e neutralizar as partes operacionais golpistas, para poder governar com olho no patrimonialismo e na desigualdade que explicam a existência da classe dominante e a não existência de uma elite sobre a qual constrói-se uma nação.

    Mas para governar pensando-se em legado e continuidade, Lula terá que neutralizar também as partes pensantes golpistas e para tanto deve aliar-se ao que de mais forte tem uma nação, que não temos e portanto precisamos, a elite, sobre a qual irá ser construída a nação brasileira, mas que, para aliar-se a ela, terá que governando construí-la atraindo sobretudo quadros que interessam, também do lado inimigo, enfraquecendo a Casa Grande e a Banqueirolândia e isolando a Base Norte intervencionista. 

    Lula terá que governar construindo uma elite que o ajudará na construção da almejada justa e soberana nação brasileira, ao mesmo tempo em que continuará a demolição possível do patrimonialismo e da desigualdade, deixando como legado a continuidade do projeto, conforme objetivo do governo junto com a elite brasileira em estruturação, que passa ao correr do tempo a ser a patrocinadora e defensora maior das instituições que garantem a democracia, através da cidadania como valor maior e solução definitiva para o judiciário e forças armadas, esquecerem no passado, "a unção divina e o voluntarismo". 

    E o congresso no primeiro momento? Terá que ser equacionado através das correias de transmissão dos quadros/instituições dessa "elite em construção que governa junto", com o mesmo e 'isolamento', com marcação cerrada, se preciso, no mercado varejista do congresso.    

    Chegando-se ao futuro, os 'malfeitos' e a corrupção, tambem estarão presentes, como as instituições para combate-los, espera-se que 'seletivamente', com ou sem Powerpoint, nem sequer retratos de, gilmar, janot, moro, delanhol e outros mais e menos intocáveis, pendurados, estejam nas  paredes das instituições as quais, infelizmente, pertenceram um dia.

  • Molezinha, fácil de Lula
    Molezinha, fácil de Lula governar em 2018, principalmente se conseguir eleger um Congresso de Centro/ Esquerda. Coisa que não será muito difícil, se conseguirem divulgar bem entre a população os políticos golpistas.

    Primeiro ato, cortar toda verba de propaganda da Globo. Ato continuo, cobrar tudo que a Globo deve ao governo Federal. O famoso DARF de 1 bi. Estabeleça um prazo de 30 dias para quitar à dívida. Caso não pague, penhora seus bens para quitar tudo que deve.

    Em relação ao judiciário, fácil também.
    Se conseguirem elegerem uns 50 Senadores de Centro/Esquerda, primeira coisas a ser feita é colocar em votação o pedido de impeachment do Gilmar e do advogado do PCC. Existem vários pedidos nesse sentido

    Cassando esses dois,o resto do judiciário come na mão do governo, se enquadra, entra na linha. Juiz é cagão e medroso.

    Agora, para tomar essas decisões tem que ter culhão roxo. Não dá mais para
    contemporizar com a Globo e judiciário.

    Ou se destrói a Globo e coloca-se um frio no judiciário, ou ambos destruirão o Brasil, não permitindo que avance, que se desenvolva.

    Molezinha do Lula ou qualquer outro candidato de esquerda governar. Basta ter culhão roxo e peitar o sistema. Com apoio do povo será mais fácil.

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