A interpretação bastarda, deturpada e enviesada que deram ao enunciado de Lula sobre o coronavírus revela outra coisa (além da pobreza cognitiva endêmica do país): ele ainda incomoda.
Em um Brasil que se acostumou a se chocar com as frases de Bolsonaro, parece que só nos restou isso: frases polêmicas.
Nem importa o sentido. Se houver uma ‘cifra’ mais afeita à sensibilidade bestial, rasa e personalista dos subleitores pretensamente críticos, proceda-se o linchamento.
É o mesmo processo dos cancelamentos (aquele que se usa para espancar Felipe Neto – eu sou chato, vou repetir isso até o apocalipse -, Lima Duarte, Jilmar Tatto e afins).
Lula experimentou isso a vida toda. Suas frases sempre foram destacadas e hiper interpretadas por nosso jornalismo de esgoto.
O detalhe é que ‘alguém’ fez disso um protocolo: as frases genocidas – e literais – de Bolsonaro atiçam a ‘militância dos 30%’ e cumprem a função de servir de combustível social para a manutenção do ódio.
É um processo interminável de cancelamento não de pessoas, mas do próprio sentido (da própria razão de ser do debate público e democrático).
Lula sempre resistiu às distorções de seu discurso com muita elegância e humildade, abrindo assim mais uma frente virtuosa para que o país fosse discutido com qualidade técnica e política.
O bolsonarismo deturpou esse procedimento, tornando automática a produção de frases polêmicas, ambíguas e frontalmente antidemocráticas, fazendo desse protocolo a chave para uma hiper exposição que vence pelo cansaço.
Ver a imprensa e setores da direita, do centro e da ‘exquerda’ condenando Lula pela declaração falsamente polêmica sobre o coronavírus e sua relação com o Estado, fez bater até uma saudade.
Saudade de quando ainda tínhamos a possibilidade de testemunhar uma ‘declaração infeliz’.
Hoje, não existe mais isso.
Hoje, todas as declarações são infelizes – e ninguém se importa.
Filme rodado durante a eleição de 2018 conta a história de Luisa, uma jovem que…
Seguradoras impactam o cuidado cirúrgico através da definição de quais procedimentos são cobertos e quais…
Haddad adota o “bordão do trilhão”, imagem que se tornou moeda corrente nas falas de…
Proposta para postergar o pagamento de R$ 4,1 bilhões a credores foi vista pelo mercado…
Pacientes ficam à mercê de reajustes abusivos e desamparados com rescisões de contratos cada vez…
Bilhete antecipa parte da defesa que Moro fará perante o plenário do CNJ; saiba o…