Não comemore Witzel, trabalhe!, por Jandira Feghali

por Jandira Feghali

O Rio viveu ontem mais uma tragédia destas que envergonham e entristecem qualquer brasileiro. Um rapaz de 20 anos com transtornos psiquiátricos sequestra um ônibus com 37 trabalhadores que madrugam na Região Metropolitana. O fim de Willian Augusto, amplamente noticiado, não é novidade a esta altura. Ouvi especialistas em segurança pública sobre esta tragédia para chegar a uma opinião bem embasada.

Mesmo sem todos os dados de perícia possíveis, é notório que a polícia especializada agiu com embasamento técnico, seguiu protocolos e buscou salvar as vidas em risco, numa crise em que cada segundo contava. Entrou negociando e interferiu de forma mais contundente quando preciso. Era esperado, no entanto, que o sequestrador fosse incapacitado e não morto, mas não temos como avaliar as circunstâncias objetivas em que isto se deu, apenas com as notícias na imprensa.

Registro aqui minha solidariedade à família da vítima letal e às famílias dos reféns que permaneceram horas sob stress e insegurança.

Ao mesmo tempo em que observamos a atuação dos agentes de segurança, há um cuja atitude causou impacto estridente.

Wilson Witzel.

A figura patética da principal autoridade do Rio descendo de um helicóptero em meio à cena da Ponte Rio-Niterói e celebrando aos pulos o desfecho mostra a indignidade e o despreparo com que cumpre o cargo de autoridade máxima de nosso estado. Não é papel de um gestor público o que Witzel fez questão de expor para toda a imprensa, com um assessor a tiracolo filmando sua atitude.

O governador aproveitou para montar seu espetáculo depois de um longo inverno de escândalos arranhando sua imagem com mortes de jovens e crianças inocentes no Rio em ações cotidianas da polícia. Vale um registro neste ponto: em seis meses foram 881 mortes por agentes de segurança do Rio, principalmente nas áreas de favelas e periferias, vitimando jovens negros. É a cabal demonstração de que não temos uma política de Segurança real e eficiente.

Em vez de comemorar como estivesse num jogo de futebol, Witzel deveria ir trabalhar para mudar essas estatísticas. O governador deveria se empenhar em construir uma política de segurança eficiente, de inteligência, de investigação, de treinamento técnico, para que a gente passe a ter “zero vítimas”, tanto da sociedade quanto da polícia! Afinal, policiais também morrem em serviço, numa guerra quase diária de pobres matando pobres.

O Rio é manchete policial de novo aqui e por todo o mundo. Talvez não apenas pela tragédia em si, mas pelo comportamento repudiável de Wilson Witzel, que não sabe a que veio tanto quanto aquele que ocupa o Palácio do Planalto. Vive em suas neuroses genocidas sem saber para onde levar o Rio de Janeiro num acúmulo de frases e declarações bizarras. Wilson Witzel, vá trabalhar! Mude a realidade de nosso estado com competência e dignidade. A sociedade espera mais do que seus festejos públicos.

Redação

Redação

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  • Vi a crônica de uma morte anunciada na hora em que chegou o BOPE e o "sniper" subiu no carro do Corpo de Bombeiros que estava ali pra garantir a vida e não a morte.

    Duvido que algo ali tenha sido organizado com objetivo diferente do atingido que era matar em rede nacional.

    E matar bem matado, com SEIS tiros do "sniper" ( quem dera) Magoo. Em lugares variados pra não deixar margem a duvida de quem estava no controle.

    E isso tudo depois de DUAS hora de "negociação".

    Resultado , doente morto e o ' saudável" governador comemorando.

    Moral da história : tanto o doente em crise , quanto o governador precisam ou precisavam de atendoimento psiquiátrico.

    • Complicado. Na dúvida, apelaram por eliminar o problema.. Depois que o cara jogou aquele simulacro de Molotov, tava na cara que era apenas um maluco.. E, quando viram que a arma era de brinquedo, deveriam invadir na força bruta que já neutralizava o vetor da balbúrdia toda.. O assassinato, em minha opinião, foi "excesso de força " !! Se eu fosse um dos reféns, já tinha agido!!

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