Consultando agora essa obra fundamental, temos de volta à nossa memória um dado histórico fundamental, que é a origem da performance masculina na dança solista do samba, nos terreiros e nos desfiles das escolas.
Segundo o livro, o nascimento da figura do passista de samba remonta à década de 40, quando o compositor Herivelto Martins resolveu levar criar no palco o que chamava de “mini-escola-de-samba”, composto por seu coro feminino e um pequeno grupo de percussionistas. Mas a ideia de incluir a dança nos números do conjunto não foi pacificamente aceita: com as mulheres, tudo bem; mas com os homens, ficou difícil.
O caso é que até então o samba dançado em solo, no meio da roda, era “coisa de mulher”. Como contou Herivelto em entrevista ao Zé Carlos, a ideia foi muito mal recebida entre seus sambistas. “Claudionor da Portela se aborreceu, parou de bater o pandeiro e se afastou do ensaio – narrava ele –; Bucy Moreira, de muita liderança no grupo, ficou pensativo, mas não disse nada. Mas no terceiro espetáculo, veio a surpresa: o ritmista Tibelo, no meio da apresentação, deixou o tambor e arriscou umas invenções com os pés. O público, apanhado de surpresa, primeiro começou a rir, mas aos pouquinhos soltou os aplausos. Incentivado, Tibelo ampliou a variedade de passos e o publico veio abaixo”.
Na década seguinte, três jovens portelenses, Candeia, Valdir 59 e Mazinho do Natal foram um dia convocados por Carlos Machado para o show The million dollar baby, no palco da boate Night and day. Mas seus passos eram convencionais e comportados. Então, da mesma Portela, Valdir levou um sambista tão inventivo que era tido como “maluco” – o legendário Tijolo, de nome civil Alexandre de Jesus. E foi a partir do sucesso e da criatividade de Tijolo no palco que a figura do passista foi institucionalizada, descendo do music hall para a avenida, num inusitado percurso, como também mostra o nosso saudoso Zé Carlos.
O magnífico livro publicado pela Editora Aldeia, então localizada na rua Cardoso de Morais, 399, sobrado, em Bonsucesso, infelizmente hoje é raridade. Como são também as performances ao jeito de Tijolo, Vitamina do Salgueiro, Gargalhada da Mangueira (antes, também salgueirense) e tantos outros, cada com um com seu estilo.
Mas não custa lembrar que o samba um dia já dançou muito bem, e no bom sentido. Como também não custa lembrarmos um pouquinho do grande profissional e ser humano que foi o nosso José Carlos Rego, imperiano apaixonado e compositor dos Unidos do Cabuçu..
Trabalho destaca fundamental contribuição de artistas negros para a música brasileira. Disco chega às plataformas…
Não é de hoje que os empresários e os governantes gaúchos cometem barbeiragens grosseiras e…
Seus objetivos foram alcançados ontem, mas não sem custos para o próprio BC e para…
Um tempo de espanto, tão jacente / que a memória de tudo vê ainda /…
A redução dos juros permitirá que a riqueza financeira possa cumprir sua missão: investir em…
Decisão foi tomada com voto de desempate de Roberto Campos Neto; tragédia no RS pode…