Cenas de horror contra estudantes da PUC de São Paulo

https://www.youtube.com/watch?v=9WKaFPomsXw width:700 height:394

Do Democratize

Cenas de horror na ‘Batalha da PUC’ em São Paulo

Estudantes da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) foram brutalmente reprimidos pela PM após se manifestarem contra um ato convocado por movimentos de direita em frente ao prédio da universidade, nesta segunda-feira (21). Episódio relembra tempos sombrios como o da Batalha da Maria Antonia, em 1968.Com armas apontadas no rosto de jovens estudantes, a Polícia Militar de São Paulo conseguiu levar o caos para as ruas de Perdizes nesta segunda-feira.

Movimentos de direita convocaram um ato a favor do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, em frente ao prédio da PUC na capital. Mesma universidade que recebeu, na semana passada, cerca de 2 mil pessoas em ato a favor da legalidade e em defesa da democracia, contra o golpe.

Desta vez, com um carro de som e ativistas pró-impeachment discursando, a manifestação organizada por movimentos de direita conseguiu reunir cerca de 100 pessoas. Alunos da PUC afirmaram em entrevista à equipe do Democratize que muitos dos que estavam protestando a favor do impeachment não eram alunos da universidade. Estudantes do Mackenzie estavam entre a organização.

O clima era tenso. E o objetivo de tais organizações era claro: criar tumulto e situação de conflito.

Foi o que aconteceu.


Foto: Alice V/Democratize

Não demorou muito para as primeiras discussões entre alunos e manifestantes ocorrerem.

Com a situação cada vez mais caótica, a Polícia Militar foi acionada por manifestantes pró-impeachment. Seguindo seu padrão político e ideológico, a PM fez um cordão “defendendo” os manifestantes contra os alunos da PUC.

Em oposição, ativistas contra o impeachment realizaram um protesto contra o ato da direita, projetando frases “contra o golpe” em um prédio próximo à universidade.

Mas as ameaças continuavam.

Com gritos de “viva a PM” e cantando o hino nacional, os manifestantes pró-impeachment assistiram de camarote a ação truculenta da Polícia Militar contra os estudantes da universidade, após os mesmos gritarem palavras de ordem pedindo o fim da corporação.

Sem motivo algum, começaram as primeiras bombas. Foram sete no total.

Balas de borracha também foram utilizadas contra os estudantes. O Democratize contabilizou dois feridos: um com tiro na perna, e outro com lesão na cabeça. Não houve nenhum detido.

Spray de pimenta também foi utilizado para dispersar os estudantes, que respondiam do prédio jogando garrafas de vidro contra os policiais. Os manifestantes da direita aplaudiam. Não faz muito tempo, eles foram expulsos da avenida Paulista pela própria Polícia Militar, que utilizou métodos bem mais “amigáveis” com os manifestantes pró-impeachment: jato de água e apenas uma bomba de efeito moral para liberar a avenida, uma das vias mais importantes da cidade, que permaneceu trancada por mais de 40 horas.

A seletividade da PM gritou mais alto nesta segunda-feira.


Foto: Alice V/Democratize

Mesmo após a dispersão, estudantes da PUC ainda realizaram uma assembleia dentro da universidade, repudiando a ação da Polícia Militar.

Um estudante de história relatou ao Democratize que os alunos da PUC ainda recebiam ameaças dos manifestantes após a repressão policial. A ordem era ninguém ir embora sozinho da faculdade, temendo a ação dos manifestantes mais radicais da direita.

Esse episódio, que será lembrado como a “Batalha da PUC”, representa umdéjà vu indigesto em nossa história.

A Batalha da Maria Antônia, ocorrida em 1968, marcou o ápice da ditadura militar no Brasil. Estudantes da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCL-USP) entraram em confronto com alunos do Mackenzie, em 3 de outubro daquele ano. O conflito político-ideológico é síbolo de uma época que volta a assombrar o Brasil com o avanço de ideias de extrema-direita e a possibilidade de um governo democraticamente eleito sofrer uma espécie de “golpe branco”, segundo defensores do governo Dilma afirmam.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  • violencia contra estudantes

    Acho que matérias sobre cada incidente com características golpistas e nazifascistas deve ser imediatamente enviadas a toda a imprensa estrangeira. O mundo tem que saber de que laia são os que querem uma ditadura antipovo neste país.

  • Que é isso Sr. PM?  Vosso

    Que é isso Sr. PM?  Vosso trabalho não é garantir a lei e a ordem?

    Então vocês estão se posicionando do LADO ERRADO!!! 

    Quem faz baderna é quem tenta reverter o sufrágio popular e desrespeitar o resultado das urnas!!

    SEJAM LEGALISTAS!! 

     

  • A mídia abriu a caixa de

    A mídia abriu a caixa de pandora. 

    Esses pequenos grupelhos fascistas se espalham pelas cidades. 

    Contam agora com a "cegueira" conveniente da mídia, a covardia e partidarismo de nosso judiciário e a proteção da PM.

    A escalada do ódio está crescendo e falta pouco para aparecerem as primeiras "vítimas fatais". 

    A história se repete metódicamente. 

    Chato como assistir um filme ruim repetidas vezes. 

  • Sobre o ato na PUC ontem, por Renato Janine Ribeiro

    Renato Janine Ribeiro

    3 min · 

    Quando a força bruta substitui a palavra e os argumentos, você está a um passo do fascismo. Precisa, ainda, que a força bruta seja organizada. Um reacionário sozinho não faz o fascismo. A força dele está na organização, que permite aos covardes acreditarem que são valentes. Exemplo disso foi o ataque, ontem à noite, à PUC. Pagar um caminhão de som, colocar um pequeno grupo lá, dar impressão de força e tudo isso para atemorizar, aterrorizar quem não pensa como eles. (Senti vontade de dizer: aterrorizar quem pensa. Ponto).
    Piora muito quando a força policial faz causa comum com os partidários da força bruta. Quando, em vez de proteger suas vítimas, protege os criminosos. A PM ontem fez um papel triste, feio.
    Infelizmente, sabemos que é assim mesmo a PM do governador de São Paulo. 
    É impedindo as vozes discordantes de falar, seja na rua, seja na lanchonete, seja no restaurante, ou até mesmo de usar a cor de roupa de que gostem, que se gesta o fascismo.
    Aí, vai ser difícil que o golpe foi apenas um impeachment, que foi apenas a aplicação de um dispositivo constitucional para casos especiais.

  •  
     
     
     
     
    É apenas o começo

     

     

     

     

     

    É apenas o começo .

    O pior está por chegar e não tardará.

    Repito, muitos terão que militar na clandestinidade  ou sair do país .

  • Cara,PM atirando para a

    Cara,PM atirando para a marquise da PUC aonde,simplesmente estudantes só usavam a voz,não apresentavam perigo nenhum.

  • 22 de setembro de 1977 - 21

    22 de setembro de 1977 - 21 de março de 2016

    Erasmo Dias - Careca que não lembro o nome

    Mesma prática repressiva

  • é a irreesponsabilidade do

    é a irreesponsabilidade do governo tucano....

    a pm é do governo de sao paulo, que se omite ou mesmo

    deve ter orientado  a tropa para agir assim......

    goipe com características fascistas, mais uma infamia histórica...

    mais uma repetição de atos assemelhados aos que ocorrreram na ditadura,

    bem lembrado no texto, sempre os da mackenzie açulando o ódio, direitistas

    de carterinha, de onde surgiu o comando de caça aos comunistas na ditadura,

    que agrediam os que defendiam o governo eleito democraticmente.......

  • E pensar que quem começou com

    E pensar que quem começou com isso tudo foi o babaca do Aécio.

    Que agora está com o rabo entre as penas caladinho, depois  das porradas que levou e de seu envolvimeto com falcatruas.

    Filho da puta !

     

  • Meus amigos,
    Isto é só o

    Meus amigos,

    Isto é só o começo. Dias bem piores virão.

    E a COVARDIA daqueles velhinhos do STF passará para a história.

    Detalhe: se derrubarem a Dilma, alguém garante que teremos eleições em 2018?

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