Você daria ao seu animal de estimação a “farinata” do João Doria?
Doe a “farinata” do seu cachorro para uma criança pobre
por Sergio Saraiva
Compraria no supermercado para você mesmo consumir, se ela fosse colocada à venda? Duas perguntas a responder antes de tomar partido sobre o uso da farinha na alimentação dos alunos da rede municipal de ensino de São Paulo.
O próprio uso do termo italiano “farinata”, que em português significa algo como mingau, demostra a intenção dos que pretendem introduzir tal alimento reprocessado para consumo humano. Significa que não querem chamá-lo pelo seu nome: farinha, farelo ou, como tornou-se popular, ração.
Além de que “farinata”, sem dúvida, tem aquele toque gourmet tão caro ao prefeito de São Paulo. Coisa de quem tem renda suficiente para ter hábitos alimentares.
A “inventora” da tal “farinata”, em um entrevista para a Folha de São Paulo, queixou-se da incompreensão por parte da população em relação à sua boa intenção: “não é razoável ter tanta produção para ir para o lixo”.
Ora, ninguém, está impedindo a empresa de processar o produto, embalá-lo e o vender em supermercados. Compra-o quem achar interessante. Por que não o faz?
O que não está correto é tentar um acordo pouco transparente com a prefeitura no qual empresas alimentícias empurrariam seus rejeitos e ainda obteriam benefícios fiscais – ganhariam duas vezes: reduzindo os custos de descarte de alimentos próximos ao seu vencimento e ainda teriam abatimento de impostos devido à “doação” de tal produto.
Porém, cabe aqui uma pergunta básica: por que a “farinata”não é comercializada como ração animal? Ninguém criaria caso com isso.
Creio que donos de animais de estimação – os tais pets – gostariam de alimenta-los com complemento tão nutritivo. Produtores de porcos, galinhas ou gado leiteiro também poderiam se beneficiar desse produto.
Por que não o fazem, não sei. Devem ter razões para isso.
Realmente não faz sentido descartar alimentos. Mas antes deveria-se perguntar por que não foram adquiridos nos pontos em que foram colocados à venda e agora precisam ser descartados. Vencidos, descarta-los sem os devidos cuidados transforma-os em resíduos tóxicos ao meio ambiente.
Teria parecido sensato ao prefeito transformar os alunos da rede municipal de ensino de São Paulo em biodigestores dos resíduos das empresas alimentícias?
A menos que a prefeitura de São Paulo tenha tomado como séria a ironia de Jonathan Swift – clérigo e escritor irônico da Irlanda do século XVIII – e seu manual para fazer churrasco com crianças pobres. Poderiam, antes do abate, ser engordadas com a tal ração a baixo custo. Com certeza, o próprio Swift incluiria essa passagem no seu livro, se tivesse vivido para tanto.
O manual para fazer churrasco com crianças pobres realmente existe – recomendo a leitura – usa da ironia para fazer a denúncia das condições de vida dos pobres na Irlanda de então.
Que ninguém, no entanto, dê ideias ao prefeito.
PS1: causou-me sincera emoção ler a entrevista da folha de 24 de outubro de 2017 com a “inventora” da ração para criança pobre. Tal qual Lula, uma grande história de superação e incompreensão.
PS2: Oficina de Concertos Gerais e Poesia não fecha para o almoço, nem come criancinhas.
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Faltou a trilha sonora.
Troque Seu Cachorro Por Uma Criança Pobre
[video:https://youtu.be/_2DFHuyEjPU%5D
Que tal Gò-houx-ròbe? O
Que tal Gò-houx-ròbe? O francesado é ainda mais chique.
Que dêem aos animais
A tal inventora da ração e o fascista do prefeito de São Paulo estavam tão 'convictos' que empurrariam goela abaixo da pobraiada (sic) o lixo que condensaram em croquetes de ração, que agora não sabem o que fazer com tudo que ja produziram. Ah, esse povo vive mesmo num mundo à parte.
Espalhem por
Espalhem por aí.....
https://twitter.com/jprillo/status/922424393560739841
O BUGOL do Dória
Aliança para o Progresso (em inglês: Alliance for Progress; em espanhol: Alianza para el Progreso) foi um amplo programa cooperativo destinado a acelerar o desenvolvimento econômico e social da América Latina, ao mesmo tempo que visava frear o avanço do socialismo nesse continente.
John F. Kennedy idealizou a Aliança para o Progresso como forma de conter o avanço soviético A preocupação com o avanço soviético se dava principalmente depois que a Revolução Cubana tomou rumos que desagradavam ainda mais os capitalistas estadunidenses, como a cooperação recebida da URSS a partir de 1961no continente americano.
Participaram da elaboração das ações a serem adotadas pela Aliança para o Progresso nomes como o de Juscelino Kubitschek, pelo Brasil, e Raúl Prebisch, pela Argentina.
Os planos dariam ênfase à educação, saúde, habitação e teriam como entidade articuladora da Aliança a USAID – United States Agency for International Development.
Explicando o “Bugol” por Ednice de Natal/RN – ou o BUGOL do Dória:
Nos idos dos anos 60, a população carente recebia alimentos para suprir as necessidades nutricionais, o navio Hope, ancorado no Porto na Ribeira, distribuía leite em pó e realizava tratamentos médicos e cirurgias que até então eram inacessíveis aos potiguares.
Recebiam-se leite e um tipo de grão que o povo chamava de bugol. Era um grão semelhante ao arroz integral, com o qual se fazia uma espécie de papa de gosto horrível. O tal bugol era servido nas escolas como merenda.