Entenda a reforma política defendida por mais de 100 entidades civis

Proposta exige equiparidade de gênero na representação política e fortalecimento dos mecanismos de democracia direta
Jornal GGN – A Coalizão Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas, grupo formado por mais de 100 entidades, incluindo OAB Nacional e CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), preparou um programa para explicar de forma clara o que é reforma política, a necessidade de se pensar um novo modelo, com mecanismos que reduzam as portas para a corrupção e os quatro principais pontos defendidos pela entidade.
O primeiro ponto é a proibição do financiamento de campanha por empresas, isso porque os políticos e partidos que recebem financiamentos privados acabam se sentindo obrigados a responderem aos interesses das empresas do que a sociedade em geral. O segundo ponto refere-se às eleições proporcionais, em dois turnos. Hoje o sistema eleitoral é proporcional, mas de lista aberta, ou seja, votamos em uma pessoa. Esse formato diminui as chances das campanhas serem politizadas, pois ganha a disputa aquele político com mais recursos para fazer propagandas eleitorais caras e cheias de efeitos. A Coalizão quer uma reforma para que as eleições aconteçam primeiro em torno de propostas e ideias dos partidos, para que o debate eleitoral ocorra em torno de alternativas para solucionar os problemas brasileiros. No segundo turno da eleição, daí sim, o eleitor faria a opção pelo candidato. Dessa forma, teriam mais cadeiras no parlamento os partidos que ganharem, proporcionalmente, mais votos no primeiro turno.

Primeira parte
https://www.youtube.com/watch?v=lRCXWC8AR6c&index=2&list=PLD-bgXwLtAG1MGrj3-ubbfZjQp3aMj8Gc ]
O terceiro ponto defendido pela Coalizão é aumentar a representação das mulheres nos cargos eletivos. Segundo a cientista política e líder de Movimento Feminista, Marlise Matos, o Brasil pratica hoje as piores  taxas de representação feminina da América Latina, em cargos políticos, e ainda perde para os países árabes. “A sub-representação feminina na democracia brasileira é devida a um conjunto muito sinérgico e perverso de fatores. Desde fenômenos que dizem muito da vida, ainda muito atribulada, das mulheres. Porque as mulheres estão se escolarizando maciçamente, estão no mercado de trabalho – quase 50% da População Economicamente Ativa é feminina -, elas ainda permanecem cuidando da casa e da família. Portanto a jornada política seria uma outra jornada de trabalho. E esse custo de abrir mão ou da escola, ou do estudo, ou da carreira de trabalho ainda é muito pesado para as mulheres”, explica.
O quarto e último ponto da proposta de reforma política da Coalizão é o fortalecimento dos mecanismos de democracia direta, ou seja, aumento do uso de referendos, plebiscitos e projetos de iniciativa popular.  Na visão do representante da OAB Nacional pela reforma política, da Coalizão, Aldo Arantes, esses mecanismos são pouco usados hoje por uma resistência do Congresso à participação popular. “Nossa proposta é de estabelecer uma nova regulamentação que obrigue que casos altamente relevantes para o país sejam objeto de uma consulta popular”, completa Arantes.
A partir de todos esses pontos, a Coalizão espera atacar as causas da corrupção. O grupo trabalha para protocolar no Congresso um projeto de iniciativa popular. Para isso, a proposta precisa ter a adesão mínima de 1% da população eleitoral nacional. O formulário para a coleta de assinaturas pode ser baixado no site www.reformapoliticademocratica.org.br.
A Coalizão Democrática chama a atenção para o fato de que, desde a Constituição de 1988, os brasileiros só foram consultados duas vezes sobre mudanças estruturais na legislação do país. O Código Eleitoral Brasileiro atual foi elaborado em 1965. A reforma política já é pauta de discussão no Congresso, e a principal proposta que está sendo analisa hoje é a do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). O material está sendo usado como base da comissão especial de apreciação do tema, instaurada no início de fevereiro, pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Em entrevista concedida ao jornalista Luis Nassif, no programa Brasilianas.org, Aldo Arantes disse temer que a PEC Vaccarezza sirva como base de uma reforma política, no lugar das propostas defendidas pelos movimentos sociais, isso porque Vaccarezza defende o fim da reeleição em todos os níveis da federação, o financiamento privado de campanhas eleitorais, o voto facultativo e distrital, mudanças nas coligações para a eleição de deputados e, ainda, eleições unificadas. Todas propostas diametralmente contrárias ao que defende a Coalizão Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas. Lei mais sobre isso na matéria “Reforma política pode piorar sistema“.
Segunda parte
[video:https://www.youtube.com/watch?v=jSz-yPg0eSI&list=PLD-bgXwLtAG1MGrj3-ubbfZjQp3aMj8Gc&index=1
Redação

Redação

View Comments

  • Se não for por iniciativa popular, esquece ..

    Este "parlamento" não vota o que vai contra seus interesses.  E nenhum dos 04 pontos principais são atrativos e coadunam-se com os interesses de nossos ínclitos "parlamentares". 

    Salvo as honrosas e infelizmente, distintas e minoritárias, exceções, registre-se, não é possível levar a sério a denominação "parlamentar", "congressista" menos ainda.

  • eleições nacionais

    para deputado federal, as eleições deveriam ser nacionais e isso é possível da forma na 2ª proposta.

    hoje, nas eleições para vereadores, o elitor vota no candidato em qualquer seção municipal. o mesmo vale para deputado estadual: eleitos em todas as seções estaduais.

    por que existem as famigeradas bancadas estaduais?

    deputado federal  representa o cidadão brasileiro enquanto od senadores representam so cidadãos de seus respectivos estados.

    não faz nenhum sentido, além de inconstitucional, que um voto em determinados estados para deputado federal valha o equivalente a 60 ou 70 vatos em outros.

    • Prezado,
      Não faz sentido é a

      Prezado,

      Não faz sentido é a população de São Paulo ou de Minas Gerais eleger o representante do povo acreano, roraimense, cearense, etc. Os interesses dos paraibanos são diferentes dos interesses cariocas e vice versa. Neste ponto, a legislação não precisa ser modificada. É o que penso.

      Att.

       

       

       

       

  • reforma política
    O fato é que precisamos de muito mais que estes 4 tópicos, como responsabilizar juízes que engavetam processos, parlamentarismo com várias esferas de voto de desconfiança (presidente, popular, supremo, conselho de governadores etc..) para evitar conluio entre congresso e quem pode destituí-lo, voto distrital misto, cpi de iniciativa popular, estados poderem fazer cpi contra a união, e união com algum consentimento contra estados, exigência de votação aberta para tudo no congresso, para que a população saiba quem votou a favor ou contra seus interesses, sobretudo se houver risco real de quebra de sigilo de votação e fornecimento de informações a financiadores do sistema político. Se não houver risco apreciável, o que impede dos financiadores cooptarem políticos já eleitos? Toda e qualquer mudança social deve se basear no projeto de Mecanismos de Hurwicz, Prêmio Nobel de Economia de 2007, e na teoria de dependência e estabilidade, também chamada de Projeto Estrutural, desenvolvida por Gordon, Heller, Godet, Gausemeier e Vester. Ela explica por exemplo quando a concentração de poder torna inviável um sistema social, e explica o funcionamento de sistemas físicos, dizendo de forma rápida se ele é incondicionalmente estável, incondicionalmente instável, ou estável ou instável mediante a escolha de parâmetros. Precisamos de ao menos 200 leis para enquadrar os poderosos para isto aqui tomar jeito. Precisamos de manifestações autênticas como a do passe livre, que ao invés de pedir a troca de pessoas, reivindiquem direitos, e coisas justas para a população. Quanto menor a diferença entre arrecadação e gasto justo do estado, município ou união, menos dinheiro para ser desviado em qualquer tipo de ato lesivo a população. Bolsa família, gasto previdenciário, pensões, seguro desemprego não permitem macro-bandalheiras. Já fazer estradas, hospitais e tudo que envolva contratos difíceis de serem fiscalizados, bem é só ver desvios da Santa Casa, da Lava a Jato, do Metrô, a participação das empresas da Lava Jato em obras estaduais levantada pela Carta Capital.....

Recent Posts

Presidente Lula sanciona mudanças na tabela do Imposto de Renda

Isenção tributária chega a quem recebe até dois salários mínimos no mês; em SP, presidente…

8 minutos ago

Estratégia federal vai aumentar uso da bactéria wolbachia contra a dengue

Soltura de mosquitos infectados está programada para ocorrer em julho; objetivo é reduzir casos a…

1 hora ago

Sindicatos seguem em luta contra privatização da Sabesp

Vereadores discutem mudar legislação para que capital paulista seja inclusa no plano de venda da…

2 horas ago

Em defesa prévia, Moro diz que CNJ está gastando “dinheiro público inutilmente” para investigar seus abusos

Trabalho da Corregedoria do CNJ pode abrir caminho para ação na esfera penal contra o…

2 horas ago

“O metalúrgico vai consertar os estragos da elite”, diz Lula no 1º de Maio

Presidente sancionou isenção de imposto para até 2 salários mínimos e destacou conquistas aos trabalhadores

3 horas ago

STF decide que gravação clandestina não é prova eleitoral

Tese aponta ilicitude de obtenção de registro clandestino para processos; exceção fica com registro em…

3 horas ago