Coluna Econômica

A queda das áreas plantadas de alimentos no país, por Luis Nassif

A última pesquisa de safras do IBGE traz algumas informações curiosas.

Entre agosto de 2012 e agosto de 2022 – 10 anos, portanto – o maior crescimento de área plantada foi da soja, seguido do milho (2a safra) e do trigo.

E houve grandes quedas em culturas voltadas à alimentação, mostrando o descaso das políticas públicas em relação à agricultura familiar.

Por outro lado, as maiores quedas foram em milho (1a safra), arroz, feijão (1a safra), provavelmente refletindo o abandono de políticas de estímulo à agricultura familiar.

O avanço da soja é pesado. Em agosto 2012, representava 49,6% da área plantada total de cereais, leguminosas e oleaginosas. Em agosto de 2022. já estava em 55,9%.

Os dados da expansão da soja ficam mais nítidos no gráfico abaixo, que compara produção e área colhida.

Luis Nassif

Luis Nassif

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  • Ou seja, caminha para uma cultura meramente predatória; nem se importando para os aspectos deletérios da queda de produtividade, com aumento absoluto em cima do desmatamento, puro e simples.

  • Tem haver sim um pouco na escolha de prioridades. Mas é fruto sobretudo do Modelo Economico que estimula a venda de comodites...Com a demanda chinesa em alta os grãos de soja são procurados pelo mundo..Além disso se faz necessario juro zero de financiamento para os produtos da cesta básica.

  • O agricultor independente da escala de produção é um empresário... e não sobrevive com prejuízo e sempre vai tentar otimizar resultados econômicos em suas atividades ou vai acabar tendo de vender seu patrimônio pra sobreviver . Discurso demagógico de que o agricultor tem de passar fome pra a cidade viver e ter comida barata deixa pra políticos esquerdistas e sem responsabilidade com o patrimônio público e que só estão interessados em aumentar impostos e engordar seus salários.

  • Plano Safra 22/23 do PRONAF já esgotou os recursos com juros subsidiados no terceiro mes. Alternativa apontada: mix de crédito com recursos subsidiados (5% aa) e juros livres (16 a 18% aa). Isto fatalmente vai rebater na produção de alimentos, que, em geral, tem riscos maiores (arroz, feijão, batata inglesa...) do que soja e milho. Vamos exportar soja para a China e importar cada vez mais feijão de lá!

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