O sacrifício, por Lauro Allan Almeida e Anderson Barreto

Foto Agência Brasil
O sacrifício
por Lauro Allan Almeida e Anderson Barreto
Depois do rei, a peça mais importante do xadrez é a rainha. Por isso, a jogada mais ousada é aquela em que se entrega a rainha para vencer o rei adversário. Este movimento é conhecido como “sacrifício”. Foi exatamente isso que a oligarquia financeira fez com a demissão de Pedro Parente. Considerado o pilar da atual política entreguista da Petrobrás, blindado pelo governo, os grandes capitalistas entregaram Parente como um voto de desconfiança no governo e como uma ousada jogada para retomar a iniciativa frente ao cenário de balcanização política atual. Para a surpresa de todos, deixaram claro que não brincam em serviço.
Parente foi sacrificado no altar do mercado voluntariamente e com honrarias de herói. Seus partidários disseram que ele foi até o fim para manter a independência da Petrobrás frente à potencial ingerência política do governo Temer.

O campo progressista, interpretou o acontecimento como uma vitória. Corretamente pautou avançar rumo à mudança na política da Petrobrás. Os petroleiros entraram no jogo, fizeram o bom combate, tomaram a iniciativa e pautaram a conjuntura. O resultado, contudo, foi ambíguo. Se por um lado a queda de Parente tem relação direta com a paralização dos caminhoneiros e com a greve dos petroleiros, por outro, o seu rápido desfecho (em questão de horas) deu outro significado ao acontecimento. O mercado financeiro deu uma reviravolta no jogo entregando a rainha. Fica claro que a queda de Parente não significa qualquer mudança na atual política da Petrobrás.
A sua rápida substituição por Ivan Monteiro, agente alinhado com mercado financeiro internacional, tende a aprofundar a política entreguista. Portanto, o significado e o alcance do acontecimento é o de consolidar no interior da Petrobrás o método de “governança corporativa”: troca-se o gestor de plantão (CEO) se os investidores entenderem que há qualquer ameaça aos seus interesses, reais ou imaginadas. E mais, seus ditames são agora apresentados como difusos, impessoais, e apolíticos, daí sua eficiência. É o poder do capital, puro e simples. Com isso o setor financeiro pretende impor à força seus interesses à demais frações da burguesia. Terá sucesso nesta empreitada? Ainda não sabemos.
A queda de Parente representa o triunfo da “governança corporativa” dentro da Petrobrás. O governo já não manda em nada. Parente sai por cima, com moral, como se estivesse sendo sabotado pelo governo. Este mesmo governo que até o momento era o comitê dos interesses gerais do mercado financeiro. Ironicamente, portanto temos uma traição consumada: Temer foi abertamente sabotado pela aristocracia financeira e se vê completamente isolado. O presidente reafirma seu compromisso com a política econômica atual. Diz que não vai ceder. Balbucia argumentos para tranquilizar os ânimos. Mas ninguém mais se importa com o que ele tem a dizer. Aliás, qual seria a utilidade desse governo uma vez que todos já o abandonaram?
Lauro Allan Almeida e Anderson Barreto – Militantes do Levante Popular da Juventude
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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