Temer torna crise de imagem um gabinete permanente

Mandatário convocou servidores especiais de cada Ministério para gerenciar a crise de popularidade que enfrenta, para funcionar em ano eleitoral

Foto: Reprodução
Jornal GGN – Se os índices de popularidade de Michel Temer aos olhos do mundo chegaram a 4%, sendo o presidente mais impopular do planeta, segundo levantamento do grupo Eurasia, aqui a reprovação do mandatário foi a pior desde o início da redemocratização do país, com 5% avaliando seu governo como ótimo ou bom. Acreditando que o problema está no público, Temer tornará o gerenciamento de crises um gabinete de seu governo.
Temer começou a articular acordos com seus 11 ministérios, pedindo ajuda para o diálogo das diferentes pastas a um gabinete de crise permanente na área de Comunicação do Planalto. Ainda que sem o desejo de tentar candidaturas próprias, o objetivo de Temer é investir na área no ano eleitoral de 2018.
Reportagem da Folha desta terça-feira divulgou uma minuto de “acordo de cooperação”, que traça os objetivos do governo peemedebista e que foi distribuído aos diferentes ministérios pela Secretaria-Geral da Presidência, comandada por Moreira Franco.
A intenção é se valer “de contratos de serviços fornecidos por empresas especializadas em comunicação já contratadas no âmbito da administração pública federal”, como uma parceria das diferentes áreas com a Comunicação. Para isso, poderão contratar serviços terceirizados de agências privadas, por meio de licitações.
Cada Ministério deverá designar “oportunamente os servidores responsáveis pelo acompanhamento, avaliação, supervisão e fiscalização da execução” deste acordo. Seriam mobilizados os funcionários para episódios pontuais, considerados críticos, a fim de evitar maiores danos à imagem do governo Temer.
Em caso de emergências assim, o governo convoca os servidores designados pelos ministros para atuar em casos de crises. A minuta ressalta, ainda, que o uso desses funcionários “fator crítico de sucesso para que o resultado do trabalho atinja os objetivos esperados” e que os ministérios devem enviar nomes “com qualificação técnica-política”.
Ainda para verificar a viabilidade jurídica do gabinete permanente contra crises de Temer, um parecer da subchefia de Assuntos Jurídicos da Casa Civil foi encomendado, opinando já pela legalidade do acordo, após ver os aspectos jurídicos. Segundo o documento, não há “transferência de quaisquer recursos financeiros entre as partes”, ou seja, estes servidores não receberiam recursos pela atuação.
Junto com a minuta, foi informado aos ministros que os contratos com as pastas já estão prontos, finalizados, com Saúde, Planejamento, Trabalho e Emprego, Fazenda, Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Educação, Transportes, Turismo, Integração Nacional, Cultura e Justiça.
De forma generalizada, sem admitir que se trata de uma ação contra a crise de imagem do governo peemedebista, a minuta aponta que o acordo de cooperação é, na verdade, “a realização de ações conjuntas de interesse mútuo com vistas à formulação e implementação de estratégia de comunicação do governo federal que pautará a adoção de ações integradas para divulgação de prioridades, projetos e iniciativas voltadas à retomada do crescimento, manutenção e geração de empregos, segurança institucional, melhoria do ambiente de negócios e oferta de serviços públicos eficientes”.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  • +Sindrome de Luizlinda
    S"egundo o documento, não há "transferência de quaisquer recursos financeiros entre as partes", ou seja, estes servidores não receberiam recursos pela atuação." Lá vem mais trabalho escravo, trabalhar sem receber.Se bem que em outros tempos era isso que fazem a repartição pública. "Estimulam" o servidor a comparecer a eventos do mandatáros sobena de...bem todos sabemos as penas a que são submetidos. Mudou apenas o nome da coisa, certamente sob influencia de algum tucana, que em novilingua são esecialistas.  

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