Uso do volume morto poderia ter sido evitado

Jornal GGN – O presidente da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Jerson Kelman, reconheceu em um documento que era possível ter operado o Sistema Cantareira de forma mais segura nos últimos três anos. Isso teria evitado a captação do volume morto e até o racionamento de água vigente na região metropolitana.

Na verdade, o ofício enviado pela Sabesp para o Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) pedia a renovação da outorga do Cantareira. A companhia espera poder continuar a captar até 36 mil litros de água por segundo do sistema ainda pelos próximos dez anos. O último acordo, definido em 2004, estipulava o teto em 31 mil litros por segundo.

Para justificar a viabilidade de uma exploração maior do manancial no momento e seca histórica, a Sabesp sugeriu alterar as regras da operação da Cantareira. O modelo apresentado ao DAEE “antecipa reduções gradativas de retirada de água com base em um indicador do estado do sistema”. Ou seja, se as represas passam a receber menos água, a captação para o abastecimento é reduzida.

De acordo com o ofício, se a regra tivesse sido aplicada desde 2012, quando as vazões do Cantareira começaram a cair abaixo da média histórica, não teria sido necessário captar água do volume morto.

Kelman ainda afirmou que as vazões retiradas do Cantareira nesse novo modelo “seriam significativamente maiores do que as efetivamente praticadas e apresentam valores que, se sabe hoje, podem ser administrados até com certa facilidade”. Pelo cálculo dos técnicos da companhia, a captação hoje poderia ser até 10 mil l/s maior.

A companhia justifica não ter tomado essa decisão antes, pela impossibilidade de adivinhar o futuro. A proposta “parte de uma premissa na qual o Sistema Cantareira não se esgotaria ao longo de toda esta crise hídrica”. “Se tivesse a possibilidade de adivinhar o futuro e saber exatamente o que ocorreria teria tomado todas as medidas possíveis para preservar o sistema em níveis acima das reserva”.

“Na ocasião do início da crise, os sistemas possuíam níveis normais e não havia indícios de que a crise assumiria as proporções que assumiu. A Sabesp sempre zelou pela operação responsável do sistema e executou várias ações para continuar garantindo o abastecimento da população da região metropolitana, mesmo com a grande restrição de retirada imposta pela crise, que reduziu a produção do sistema em quase 18 mil l/s”, afirmou a Sabesp em nota.

Com informações da Istoé