Taubaté, por Wilson Ramos Filho (Xixo)

Taubaté

por Wilson Ramos Filho (Xixo)

Andei sumida. Depois de saber das traquinagens do Palocci, pedi ao Luís Fernando anunciar minha morte por causa de uns bolinhos de polvilho. Andava azeda e não aguentaria o tratamento a joelhaços que ele me sugeriu em Bagé. Fiquei tão sensibilizada pelos pêsames que não podia reaparecer assim, do nada.

Mas hoje não aguentei. Resolvi dar as caras por ver tanta gente de baixo-astral depois do segundo turno nas eleições municipais e das notícias sobre o novo emprego do Sérgio Moro. Podia ter pedido para o Veríssimo ser o portador dessas maltraçadas. Todavia, como ele anda muito crítico de nosso presidente, escolhi outra pessoa.

Aquele sujeitinho não vale nada, o Jair tem razão. Agora vai se dar mal.

Uma sobrinha que mora nos isteites assegurou-me que, se fosse lá, aquele bandidinho seria preso. Onde já se viu quebrar uma empresa sobre a qual tem caixas de documentos e depois trabalhar para sua recuperação judicial? Cadeia, no mínimo.

Outra sobrinha, por afinidade, que é das minhas, a Carmem Lúcia, tem razão: as instituições estão funcionando normalmente. Estudei com a avó dela antes de se casar e mudar para Minas. Éramos unha e carne. Eu entrava com a carne. Braba que nunca vi igual. Não suportava minha fé nos poderes constituídos. Bem-feito: a neta dela é como eu.

Vocês vão ver, a AJUFE não deixará barato. Certamente divulgará uma dura nota criticando a patifaria do Moro. Magistrados de todo o país se manifestarão contra tamanha falta de vergonha na cara.

Não que o Moro seja desapetrechado para atuar como ocultador de provas. O moço escreve bem, até inventou um código de processo penal só para ele. Tem méritos atestados por aqueles meninos da força-tarefa. Tão bonitinhos, parecem aqueles equilibrados seguidores do Osho.

Mas essa última foi demais. Temos a Constituição Cidadã, como dizia aquele menino, o Ulisses. Nossa Carta Magna, dirigente, traz um projeto de nação que haverá de prevalecer, apesar de um abusado acusar seus defensores de praticarem damarismo jurídico, por terem visto a Constituição na goiabeira.

Os procuradores da república, umas gracinhas, certamente abrirão investigações para apurar a conduta criminosa do ex-juiz. Ele era bom, reconheço, torci para vê-lo no supremo. Combinaria tanto com os demais, mas agora já não é possível. Meteu os pés pelas mãos.

Nosso presidente, como sempre e como seus antecessores, tem razão. O rapazinho não vale o que come. E não perde por esperar. As instituições se levantarão e farão prevalecer a justiça. Estou velhinha mas não perco a fé no direito, na decência do poder judiciário e no nosso presidente, pela graça de deus. Ai que saudades do generalíssimo!

Fiquem bem e não percam a fé em nossas instituições.

Taubaté, 01 de dezembro de 2020.

———

Wilson Ramos Filho (Xixo), doutor em direito, presidente do Instituto Defesa da Classe Trabalhadora.

Redação

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  • triste, mas o Brazil a muito deixou de ser um pais de um povo feliz e engraçado e no lugar de rir só nos dá vontade de chorar.

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