E o MST ocupa o carnaval de Belo Horizonte

Jornal GGN – E lá vão eles, enxadas nas mãos, cantos no peito e tambores soando. É o MST com seu bloco Pisa Ligeiro que sairá às ruas de Belo Horizonte misturando a sonoridade das ferramentas de trabalho do campo e a cultura afro mineira.  Está lançada a pareceria entre campo e cidade.

E o MST invade a alegria com o bloco Pisa Ligeiro, que vai carnavalizar a Reforma Agrária Popular neste domingo, dia 16, às 14h. A concentração será no Armazém do Campo e começa a partir das 12h.

É o primeiro grito do MST nas ruas de Belo Horizonte. Esta iniciativa é fruto da parceria da Escola de Artes do MST, com artistas e amigos do Movimento, como Sérgio Pererê, Titane Pereira e Paulinho Santos, que já confirmaram que sairão com o bloco e mantém olhos atentos em todo o processo.

‘A concepção do Bloco está pensada a partir da perspectiva da luta do MST em diálogo com as lutas da cidade. Essa junção pode ser notada, por exemplo, na participação do grupo Tambolelê e de parcerias. Vamos levar a luta para as ruas a partir das palavras de ordem, das músicas e de elementos do nosso projeto de sociedade’, explica Guê Oliveira, do coletivo de cultura do MST de Minas Gerais.

‘A partir dos ensaios já é possível ver uma grande movimentação. É a consciência do MST indo para outros lugares, sobretudo, para a periferia, porque, na verdade, estamos numa mesma luta, todo mundo’, afirma Pererê, integrante do grupo Tambolelê, um dos convidados para compor a bateria do Pisa Ligeiro.

‘O carnaval sempre foi uma ação política. É uma festa que tem uma força de reconstituição do cortejo dos reinos africanos aqui no Brasil. Acho que a maioria das pessoas não sabem disso. O carnaval é a expressão do enfrentamento’, diz ainda Pererê.

E o MST avisa, em prosa e verso, que quem não pode com formiga não assanha o formigueiro. E bota seu bloco na rua, mobilizando os Sem Terra de Minas para cantar a luta, em corso, no próximo domingo.

O bloco se chama Pisa Ligeiro porque, como explica Guê, tem origem em uma das músicas mais cantadas pelos Sem Terra. ‘A gente trabalha e luta coletivamente. É a força das formigas unidas, sozinhas são pequenas, mas se juntar tornam-se um formigueiro bem poderoso’, conta ele.

E como diz o MST, na cadência da afromineiridade, o que vem de importante a seguir é a concepção musical do Bloco. Pererê o descreve como uma fusão de ritmos inspirados na cultura afro mineira.

‘Juntamos isso com o toque de enxadas, para criar uma sonoridade muito própria. Quem vier para o Bloco Pisa Ligeiro vai vivenciar uma experiência diferente de sonoridade que vai desde tambores, enxadas e a voz do povo cantando’, convida.

Outro achado do MST foi, além de diversificar a sonoridade, a metodologia dos ensaios, que se adaptaram à realidade do campo. ‘Através dos multiplicadores formados pelas escolas de arte e da definição do repertório, foram organizados ensaios em pelo menos quatro regiões de Minas Gerais, nos assentamentos e acampamentos’, explica o MST.

Serviço:

Bloco Pisa Ligeiro

Data: Domingo, 16/02

Horário: 14h – concentração começa às 12h

Local: Armazém do Campo BH

Com informações do MST

Redação

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