Por Oswaldo
comentário no post “O perfeito imbecil politicamente incorreto”
Eu concordo com a maior parte do que a Cynara escreveu.
As pessoas que se queixam dizendo que “tudo agora é politicamente incorreto” e se pretendem indignadas com essa “banalização” das queixas a respeito de preconceitos fazem algo que eu nem sei se se dão conta. Elas banalizam uma outra coisa, o tema da liberdade de expressão. De acordo com esse pessoal que repudia qualquer discurso sobre “politicamente incorreto”, tudo é uma ameaça à liberdade de expressão, uma forma de censura. Alguns defendem, na verdade, o direito de continuar se comportando como sempre se comportaram: ofendendo, desrespeitando, ingnorando qualquer noção de dignidade, incentivando violências de todo tipo, etc. Mas para que eles mesmos possam posar diante das câmeras de TV ou figurar nas páginas de jornais e revistas como figuras “politicamente corretas” , eles defendem este discurso sob a o escudo da “liberdade de expressão”.
Queixam-se da limitação da linguagem. Sinceramente, não vi nenhum bom humorista deixar de fazer humor porque não pode ofender da pior forma outras pessoas. E é nesse ponto que a gente percebe que essa insatisfação com o “politicamente correto” carrega em si outro pressuposto horroroso: o de que os movimentos sociais são inimigos das pessoas comuns e da sociedade. Como se eles fossem algozes que espreitam cada movimento, cada troca verbal, para poderem, na hora certa, denunciar alguém por racismo, homofobia ou xenofobia. Como se ele fossem implacáveis juízes que esperam ouvir qualquer palavra como “negão” ou “veado” para apedrejar publicamente a pessoa que a proferiu sem levar minimamente em conta o contexto em que foi dito. Isso é um equívoco que, no entanto, é transmitido como se fosse verdade por parte de jornalistas, artistas, etc.
Gays e heterossexuais podem usar palavras como “veado” ou “bicha” sem, no entanto, estar incitando à violência homofóbica. Também não me parece que haja um repúdio por parte de pessoas negras a palavras como “nego” ou “negão”. A questão não são as palavras em si, mas o uso que cada um faz delas em diferentes contextos. O duro é ver que o discurso antipoliticamente-correto ganha não só adeptos entre conservadores direitistas, mas também entre progressistas. Em suma, eles parecem ter caído na conversa de que o politicamente correto é uma doutrina que proíbe a liberdade de expressão. Eu assisti esses dias uma entrevista da Gabriela Leite (fundadora da Ong Davida, da Daspu, militante dos direitos profissionais das prostitutas, enfim, uma mulher com uma trajetória bem interessante): ela estava ao lado da atriz que levou a história de seu livro para os palcos e, no meio da conversa, talvez por conta do uso aberto que a Gabriela Leite faz da palavra puta, surgiu esse comentário “odeio o polticamente correto”, “porque hoje em dia tudo é bullying, tudo é homofobia”. Talvez faltem vozes que, publicamente, digam a pessoas sem preconceito como a Gabriela: não se preocupem, não são vocês que são o alvo das pessoas que lutam contra o preconceito, portanto, podem continuar usando palavras como puta, veado, entre outras que lhe convierem. Para as pessoas que não nutrem atitudes preconceituosas, que já estão muito além dessa baixaria promovida pelos Bolsonaros da vida, é óbvio que o discurso “politicamente correto” soa como antiquado. Mas é preciso que elas tenham, vou dizer assim, a humildade de reconhecer que nem todos estão no mesmo patamar que elas (infelizmente, neste caso). A maioria, me parece, está naquele grupo que, de forma hipócrita, se esconde sob a retórica da “liberdade de expressão”, quando na verdade o que querem é dizer qualquer coisa (por mais criminosa que seja) sem ter de assumir a responsabilidade.
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