Síndrome de Asperger despertou paixão pela arte em britânico

Enviado Por Tamára Baranov

Da BBC Brasil

Um britânico descobriu a razão de seu talento obsessivo para o desenho depois de ser diagnosticado com Síndrome de Asperger. Aos 38 anos, Raj Singh Tattal estava desempregado e deprimido e até chegou a beber para tentar se encaixar na sociedade. “As pessoas pensavam que eu estava deprimido porque me trancava no quarto, mas, na verdade, o que me deprimia era sair”, disse o artista à jornalista da BBC Emma Tracey.

Depois do diagnóstico, ele finalmente entendeu sua tendência obsessiva de desenhar durante horas. As pessoas com Síndrome de Asperger, que faz parte de uma série de transtornos conhecidos como desordens do espectro autista, têm altas capacidades intelectuais e de raciocínio superiores à media. Mas têm dificuldades para a interação social e comunicação.

Mas, agora, o artista se empenha em produzir seus desenhos, todos em preto e branco com um estilo de história em quadrinhos. “Tive amigos no passado, mas no momento, não tenho nenhum. Não bebo mais, apenas desenho e estou mais feliz do que nunca”, disse.

‘As pessoas pensavam que eu estava deprimido porque me trancava no quarto, mas, na verdade, o que me deprimia era sair’, disse o artista Raj Singh Tattal à jornalista da BBC Emma Tracey. Aos 38 anos, Singh Tattal estava desempregado e deprimido. Ele foi diagnosticado com a Síndrome de Asperger e tudo mudou. Tattal também é conhecido como ‘Pen-Tacular-Artist’ e, depois do diagnóstico, finalmente entendeu sua tendência obsessiva de desenhar durante horas. (Imagens: Raj Singh Tattal/The PenTacular Artist).

O artista aprendeu a se deixar levar pelo transtorno para criar seus desenhos. ‘Sou muito obsessivo, enquanto outras pessoas podem precisar de um mês para fazer um desenho, cada um de meus trabalhos tomam quatro dias. Também sou muito solitário, provavelmente passo 95% do tempo sozinho’, conta o artista. (Imagens: Raj Singh Tattal/The PenTacular Artist).

As pessoas com Síndrome de Asperger, que faz parte de uma série de transtornos conhecidos como desordens do espectro autista, têm capacidades intelectuais e de raciocínio superiores à media. Mas, têm dificuldades para a interação social e comunicação. ‘Realmente não gosto de mudanças. Não saí de Londres (cidade natal do artista) em 12 anos. Tenho muitos pares de sapatos iguais e comi feijão todos os dias durante os últimos 20 anos’, afirmou. (Imagens: Raj Singh Tattal/The PenTacular Artist).

Algumas das experiências de Tattal podem parecer engraçadas, mas ele reconhece que, com o tempo, pode irritar as pessoas mais próximas. ‘Quando estou em casa não me sento com minha família na sala’. (Imagens: Raj Singh Tattal/The PenTacular Artist).

Singh Tattal conta que já bebeu muito para tentar se encaixar na sociedade.’Tive amigos no passado, mas no momento, não tenho nenhum. Não bebo mais, apenas desenho e estou mais feliz do que nunca’. disse. Quando o transtorno foi diagnosticado, ele decidiu mudar de vida. ‘Ao invés de usar minha natureza obsessiva em coisas fúteis como jogos ou filmes, decidi me concentrar nos desenhos’. (Imagens: Raj Singh Tattal/The PenTacular Artist).

‘Todos os meus desenhos são em preto e branco, grafite e carvão. Não tenho um tema particular. Faço muitos desenhos com o estilo de quadrinhos e estou trabalhando com emoções, pessoas angustiadas. Não é macabro, mas passei por momentos muito obscuros. Entendo quem está triste’, afirmou. (Imagens: Raj Singh Tattal/The PenTacular Artist).

Singh Tattal participa de um grupo de ajuda e sua família veio da Índia. Ficou espantado ao conhecer apenas outro asiático com a síndrome. ‘Isto não quer dizer que não existam asiáticos com a Síndrome de Asperger, mas que, frequentemente, tentam esconder (o problema). Se eu fosse inglês, teriam detectado os sintomas desde pequeno, porque fui uma criança típica com Asperger. Agora, aos poucos, estou contando à minha família, a quem não conheço muito devido à minha tendência ao isolamento. Comecei a falar com eles pelo Facebook, pois agora quero fazer um esforço.’ (Imagens: Raj Singh Tattal/The PenTacular Artist).

O artista conta que não gostava dele mesmo, ‘porque apesar de ser inteligente, depois de tantos problemas, comecei a pensar que era um fracassado. As pessoas fazem você se sentir mal, porque você não pode fazer certas coisas’. No grupo de ajuda, Singh Tattal encontrou muitos outros na mesma situação. ‘Faz com que você se veja de uma forma diferente. Recomendo a todos que estejam no espectro (autista), e até quem acredita que seja (autista), que vá a um grupo. É com falar com alguém que possa dar um conselho e ajudar.’ (Imagens: Raj Singh Tattal/The PenTacular Artist).

Redação

Redação

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  • O que é ser um aspie?

    Eu fui diagnosticado com síndrome de Asperger antes dessa terminologia ser difundida no país. Eu fazia terapia, pois sabia que era diferente, esquisito e que não me adequava bem aos ambientes sociais.

    Certo dia minha terapeuta disse - "Você tem algumas características de autista: contato visual quase nulo, monólogo e  certa inabilidade social". Também me diagnosticou depressão e sugeriu tratamento psiquiátrico para isso.

    Quando li pela primeira vez sobre Asperger, a identificação foi imediata - "esse cara sou eu!" Muitos amigos a quem relatava isso diziam, - "bobagem, não há nada de errado com você". Mas minha mulher que sabia muito bem do sofrimento de se viver ao lado de alguém com essa síndrome, concordou.

    Ocorre que quem é aspie (apelido do portador da "coisa") quer ser normal, imita o comportamento normal e muitas vezes é bem sucedido nisso. Excluindo os momentos em não nos expressamos adequadamente e magoamos as pessoas que amamos (aspies amam). E ninguém, mas ninguém mesmo, consegue imaginar o esforço mental para um aspie conviver em sociedade - ele está todo o tempo confrontando a situação que vive com uma outra que já viveu e procurando lembrar das respostas que as outras pessoas, imaginadas “normais”, deram naquela situação. Faça uma gozação com um aspie e você pira o cara – ele vai analisar todas as respostas possíveis entre apenas rir ou te assassinar. E muitos aspies relatam estarem sempre irritados – o que era o meu caso.

    Quando ficou claro para mim que era portador da síndrome, li sobre o assunto compulsivamente durante uns 15 dias (aspies são leitores tenazes, de filosofia a bulas de remédio e começam cedo, eu, aos 5 anos). Tentei todas as terapias sugeridas, mas a que se mostrou efetiva foi a dieta livre de glúten e caseína. Meu comportamento mudou muito, a irritação desapareceu e restou a depressão, controlada por medicamentos. Além disso, meus problemas intestinais eternos, tão comum aos portadores de doenças do espectro autista, desapareceram.

    Uma dieta livre de glúten e de laticínios numa sociedade ocidental é terrível. Só o sofrimento causado pela síndrome de Asperger faz uma pessoa entrar num padaria, olhar em volta e aceitar que não pode consumir absolutamente nada do que tem ali – com exceção do café e de um quindim.

     

     

     

     

     

    • Realmente conheço alguns

      Realmente conheço alguns portadores da síndrome desde de muito antes

      dela ser popularizada ( o que acho excelente) inclusive  uma  moça

      "aspie" o que não é  tão comum pois pelo que sei  a proporção é de 10 por

      1 ou seja 10 meninos para cada menina.Os aspies são muito diferentes

      entre si, mesmo com as similaridades (?) isso em boa parte se deve ao

      tratamento familiar e em segundo o escolar,digo na questão social a maior

      das dificuldades. Messi , o futebolista argentino entre outros é um bom

      exemplo de que se pode galgar uma vida plena e feliz, tranquila jamais,

      aspies geralmente gostam de ter o que fazer.Aspies  famosos são

      muitos , aqui   um dos que mais aprecio:

      [video:http://youtu.be/s7unu1yCi4s%5D

       

    • O que a torna mais complexa

      O que a torna mais complexa é a diversidade de sintomas. É estar preso em seu próprio mundo e querer se relacionar com o mundo externo. Ser incapaz de seguir regras sociais. Pensar de maneira diferente. É um constante desafio. 

      Obrigada por partilhar esse depoimento. 

  • ...terminologias: só mais uma

    ...terminologias: só mais uma forma do lobo enganar os cabritinhos. ( Irmãos Jacob e Wilhelm Grim, 1812  e 1815.

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