A curiosa história de Paulo Rabello de Castro, por Luis Nassif

É no mínimo curiosa a biografia de Paulo Rabello de Castro. Ele entrou no debate econômico no início dos anos 90, como um dos discípulos de Roberto Campos, ao lado de Paulo Guedes e outros.

Desde o início, mostrava ser o mais político (no sentido amplo) e de visão mais elaborada sobre desenvolvimento e ferramentas institucionais. Ao contrário dos colegas, não se fixava exclusivamente nas discussões sobre política monetária e fiscal.

Desenvolveu uma boa sensibilidade de mercado para trabalhar em cima de ajustes patrimoniais, comparações entre fluxos e estoques, com soluções criativas capazes de serem aplicadas por gestores mais ousados.

No início dos anos 90, encampei uma de suas propostas, o encontro de contas no setor público, acoplado a um modelo de privatização através dos chamados fundos sociais – reconhecendo os passivos históricos da União, estados e municípios com os fundos sociais.

Enquanto não ganhou cor partidária, a ideia do encontro de contas foi aclamada por vários economistas, incluindo Maria da Conceição Tavares.

Na época, batizei de Plano K. Todos os economistas do governo com os quais conversava, incluindo André Lara Rezende, Pérsio Arida, Antônio Kandir, José Serra, concordavam com os princípios do plano. Não saiu porque a privatização já era um jogo de cartas marcadas.

Posteriormente, na grande crise política de FHC, no início do segundo governo, a ideia voltou a ser cogitada, mas exclusivamente para esvaziar o discurso dos governadores críticos do governo.

De lá para cá, Rabello de Castro se dedicou à economia agrícola, a uma empresa de rating – que nem sei se ainda existe -, e voltou à cena indicado presidente do IBGE por Michel Temer.

Nesse período todo, sempre foi uma usina de ideias criativas, mas não assimiladas por governantes. Ainda no IBGE apresentou um conjunto de propostas que, nas mãos de um governante de peso, ganhariam uma boa dimensão. Algumas dessas ideias foram apresentadas por terceiros a Nelson Barbosa, nos estertores do governo Dilma, mas aí sem nenhuma chance de vingar.

Ao longo de sua carreira, Rabello de Castro incomodava um pouco pela maneira um tanto excessiva de conquistar simpatias. Como os presentes que deu a Michelzão e Michelzinho quando indicado para o IBGE.

Mas são detalhes. No essencial, no BNDES, assumiu de imediato duas posições corajosas. A primeira, a reação contra a tentativa de acabar com a TJLP, uma proposta da equipe econômica de Henrique Meirelles que, na prática, significaria a destruição do papel de desenvolvimento do banco.

A segunda, a maneira desabrida com que desmascarou as tentativas de criminalização das operações do BNDES. E o fez da maneira mais educada e habilidosa possível. Foi ao centro do pensamento leigo raivoso, a rádio Jovem Pan, atendeu os egos dos entrevistados – atribuindo a eles o mérito da confecção do Livro Verde do BNDES, de resposta às acusações – e deu uma aula técnica, didática, paciente e corajosa sobre mecanismos de financiamento, mercado de capitais, as diferenças entre o lado técnico da JBS e a suruba de propina em que se meteram.

Veio de um técnico de Temer, sem nenhuma ligação com o PT, os esclarecimentos que, por arrogância acadêmica, outros presidentes do BNDES se recusaram a dar.

Luis Nassif

Luis Nassif

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  • Os imbecis da Jovem Pan; A face visível da Grande Imprensa...

    O maior merito de Rabello de Castro no espancamento de Villa e seus auxiliares foi o de mostrar de maneira muito clara o despraparo, na verdade uma indigência completa, da atual grande mídia brasileira. Inacreditável conferir ao vivo a completa ignorância de pseudo-jornalistas que sequer conhecem os procedimentos básicos de uma Instituição como o BNDES. Villa, preocupado unicamente em desmerecer os governos do PT, urrava seus clichês baratos ignorando que o BNDES não pode, por lei, financiar governos estrangeiros, só empresas brasileiras. Não digo que foi constrangedor... Não. Foi um strip-tease completo do que se transformou o jornalismo brasileiro. Um bando de insanos, parciais e facciosos, cuja meta é acabar com o pouco que resta da dignidade nacional... 

    • É extremamente preocupante o
      É extremamente preocupante o futuro de uma nação onde uma pessoa que se diz historiador, fazer análises e emitir opinião Sobre fatos, tendo como base, simplesmente, o "achometro".
      Isso beira a irresponsabilidade e pra não dizer, má fé.
      Esse Marco Antônio Villa é um cretino, intitulado formador de opinião, que distorce dados e fatos por conveniente política.
      O entrevistado, nessa oportunidade, o entubou, literalmente, no sentido anti gravitacional, e até hoje deve tá dolorido, tamanho foi s mangueira do entubamento.

  • Nassif assevera
    Nassif assevera peremptoriamente,que os presentes que o Sr.Rabello de Castro agraciou a Michelzao e a Michelzinho são meros detalhes.Também entendo desta forma,se nao fossem o inusitado dos brindes.A Don Altobello,ou Micheeeelll segundo Padilha ou Quadrilha,uma mala de couro da grife Giorgio Armani
    com capacidade de armazenamento de R$ 1.000.000 de reais,a prova de rastreamento.A Michelzinho,ou Pentelhinho no aconchego do lar,depositou R$ 5.000 reais na Caderneta de Poupança do rebento,totalizando até agora R$ 6.005.000 reais.Assim sendo,a minha estranheza estão nos meros detalhes.

    • "A Don Altobello,ou

      "A Don Altobello,ou Micheeeelll segundo Padilha ou Quadrilha,uma mala de couro da grife Giorgio Armani
      com capacidade de armazenamento de R$ 1.000.000 de reais,a prova de rastreamento":

      Ah, entao a prova aqui eh que ele eh jeca de papel passado ou que Temer eh jeca de papel passado?!?!

      "A Michelzinho,ou Pentelhinho no aconchego do lar,depositou R$ 5.000 reais na Caderneta de Poupança do rebento":

      Jeca??!?!  Nao, country bumpkin.  O cara eh alem e mero "jeca"!  Somente nos EUA um presente desses faz sentido E SOMENTE se for pra universidade.  Um presente americano DESSES pra filho de presidente nao eh "presente".  Eh beijo na bunda.

      • Bem companheiro de Union,esse

        Bem companheiro de Union,esse negocio de beijo na bunda pelas bandas de cá,torna-se indispensavel as presenças da mulher melão ou melancia,o que,convenhamos,adoça um pouco os beijosAí,principalmente depois da ascensão do emperucado exotico gozador,Donald John Trump,as bundas não tem tido vida facil.Tu poderia nos fornecer alguma panorama sobre o tema?

  • Nassif assevera
    Nassif assevera peremptoriamente,que os presentes que o Sr.Rabello de Castro agraciou a Michelzao e a Michelzinho são meros detalhes.Também entendo desta forma,se nao fossem o inusitado dos brindes.A Don Altobello,ou Micheeeelll segundo Padilha ou Quadrilha,uma mala de couro da grife Giorgio Armani
    com capacidade de armazenamento de R$ 1.000.000 de reais,a prova de rastreamento.A Michelzinho,ou Pentelhinho no aconchego do lar,depositou R$ 5.000 reais na Caderneta de Poupança do rebento,totalizando até agora R$ 6.005.000 reais.Assim sendo,a minha estranheza estão nos meros detalhes.

  • Essa obséquiosidade Nassif
    Essa obséquiosidade Nassif vai me permitir.Há pouco o cretino do Noblat tuitou que Lula seria condenado em Segunda Instância,e jogou nos ares o agravamento da pena,culminando com a prisão de Lula.Sou do ramo e o Moreno de Poços também.Era o porta voz dos serviços sujos e capadocios da família Marinho em ação.Ele já sabia que Record vinha com tudo para cima da Globo,via delacao de Palocci na Lava a Jato,que a mamba negra de Curitiba hesita em aceitar.Soltou o balão de ensaio e a molecagem com o único propósito:desviar a atenção.O Domingo Espetacular já na sua abertura,anunciou a bomba.Vamos aguardar o que vem por aí.É o que chamo de brigas de quadrilhas pela partilha do butim,ou suavemente como gamação na cafonalia.

    • Parece-me que o sacripanta
      Parece-me que o sacripanta cretino e barrigueiro,foi fazer gracinha,atirou no que viu e matou ele mesmo.Esta dando o maior rebu.O escroque se deu mal.A Record entrou na parada.

  • Vi a entrevista do Presidente

    Vi a entrevista do Presidente do BNDES, e do que mais gostei foi o modo simpático com que tratou Marco antonio Villa, embora colocando o Historiador, de araque, no seu lugar. O Historiador não sabe como se comportar sobre assuntos do seu não entendimento porque se pensa melhor que todo mundo, só que dessa vez ele se lascou, e ouviu tudo o que não queria. Esforçou-se por colocar Lula em condição de burro e irresponsável, porque ele tem uma obcessão contra o ex-Presidente. Não adiantou. Por fim, quem também é antipetista, é o apresentador do programa, no entanto, foi humilde em reconhecer que a entrevista foi um sucesso. Acho que Rabello de Castro quis ir à rádio pra dar uma aula espetacular a esses Panamercianos que passam o dia inteirinho esculhambando Lula.

     

  • Comentários
    É extremamente preocupante o futuro de uma nação onde uma pessoa que se diz historiador, fazer análises e emitir opinião Sobre fatos, tendo como base, simplesmente, o "achometro".
    Isso beira a irresponsabilidade e pra não dizer, má fé.
    Esse Marco Antônio Villa é um cretino, intitulado formador de opinião, que distorce dados e fatos por conveniente política.
    O entrevistado, nessa oportunidade, o entubou, literalmente, no sentido anti gravitacional, e até hoje deve tá dolorido, tamanho foi s mangueira do entubamento.

  • uma Raridade: um Chicago Boy simpático

    Assumidamente monetarista clássico, e sem o menor constrangimento de sê-lo, Rabelo de Castro é um dos representantes-mor da escola de Chigado aqui no Brasil, sendo, inclusive, um de seus alunos. No entanto, ao contrário de cogêneres latino-americanos, soube muito bem temperar a influência dos ventos gelados de Chicago com um cativante aspecto da cor local brasileira: a simpatia do Rio de Janeiro.

    Da FGV do Rio, fundou uma das mais importantes publicações de economia agrícola e de agronegócio do Brasil, a Agroanalysis. Nos anos 90 e 2000, era uma dos mais requsitados analistas de mercado dos grandes jornais, dotando a pintura macroeconômica brasileiro com certo cientificismo analítico por meio de sua agência de rating. 

    A despeito do apresentado acima, é difícil concebê-lo como um nome prioritário para tocar o BNDES. Tem outra formação, outra visão do mundo, nada a ver com o feitio "desenvolvimentista" da instituição. Tem que ser muito cabeça aberta e adaptável para dar essa guinada. De todo modo, é ver pra crer quão adaptável é para ter a mente condifionada às circunstâncias, e não botar visão ideológica na frente de tudo. 

     

  • Marco Antonio Vila tem algum retardo mental... o pior do pior

    Chega a ser digno de pena esse tal Marco Antonio Vila... como pode ter espaço na imprensa para alguém desse nível???

    Sinceramente, é difícil falar dele sem recorrer ao puro e simples xingamento. Ele está abaixo de toda crítica... é difícil saber por onde começar... manipulação, fraude, mentira, difamação, fake news, partidarismo... é tudo que não poderia estar relacionado ao jornalismo.. unificado em um só babaca.

    Eu não conheço pior jornalista que ele no Brasil... e olha que a disputa é gigantesca... até Diogo Mainardi brilha perto desse asno!

    Entre essa seleção de completos panacas da Jovem Pan... o Marco Antônio Vila conseguiu ser ainda mais babaca... a Jovem Pan é uma disputa de mediocridade... mas o campeão é sempre o mesmo!

    Eu me pergunto quem gosta desse tipo de gente??? Jornalismo voltado 100% para um público Tucano Facista Alienado... sendo transitido em rede nacional.

  • Alô Villa, se nós tivermos

    Alô Villa, se nós tivermos meia dúzia de Rabellos de Castro podemos ter milhões de Villas tentando destruir nossa indústria que ainda assim vamos ter futuro. Não somos um bando de cretinos ... somos honestos ... eu sou honesto ... 

  • Assisti o vídeo em outro
    Assisti o vídeo em outro momento e fiquei me perguntando justo a sua colocação, até agora nenhum presidente do BNDES tinha defendido a instituição como o atual o fez, por quê? A atuação dele foi primorosa e me lembrou o Dr. Almino Afonso, espero ter acertado na grafia, no programa Roda Viva, homem educadissimo, mas por pouco não chamou o Vila de imbecil. Confesso o Inquisidor desse vídeo merece aplausos, lavou a alma.

    • Assisti ao Almino desconstruindo esse pseudo-historiador

      Naquele Roda Viva, com Almino Afonso, vi o Ex-Ministro do Trabalho de João Goulart descontruir demolir completamente o pseudo-historiador e cabo eleitoral do José Chirico. A melhor parte foi quando o tucano, se dizendo historiador, quis impor uma versão fraudulenta de fatos que Almino vivenciou. Com toda a calma, elegância e boa educação que o caracterizam - e que não existem no pseudo-historiador tucano - Almino disse que era ele quem tinha vivenciado aqueles fatos e portanto ele, Almino, é quem poderia narrá-los de forma mais confiável, fidedigna. O cabo eleitoral de Chirico foi colocado em sua insignificância sem que fosse necessário usar palavras agressivas contra ele. 

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