Um tema complexo que está mobilizando a atenção de distintos fóruns diz respeito ao fenômeno da desindustrialização. Este é um fenômeno global, mas que para o caso brasileiro apresenta algumas peculiaridades. A nossa desindustrialização se iniciou antes de termos nos tornado um país desenvolvido. Buscarei citar alguns aspectos do projeto de pesquisa que desenvolvi com o pesquisador Marcos Aurélio Lannes Jr., também do Instituto Federal do Espírito Santo.
Segundo o IBGE, nas “Cotas Regionais”, a participação da indústria de transformação no valor adicionado foi de 14,6% em 2011. Os serviços responderam por 67,0% e a agropecuária por 5,5%. No Espírito Santo, a indústria de transformação é responsável por 10,5% do valor adicionado, sendo que a indústria extrativa adiciona 22,3% do valor, os serviços 55,2% e a agropecuária 6,2%.
A indústria sofreu uma perda expressiva de competitividade na fabricação de manufaturados nos últimos anos. Elevações dos salários, dos preços da energia e a valorização do câmbio aumentaram fortemente os custos de produção no Brasil, tendência não compensada pelos ganhos de produtividade. Tornou-se uma “sabedoria convencional” dizer que o caminho é tornar o setor produtivo mais inovador, ainda que a competição por mão de obra qualificada com o setor de serviços seja desfavorável à indústria. Enquanto a indústria encontra grandes dificuldades de repassar o aumento real dos salários dos trabalhadores ao preço final dos produtos, os serviços conseguem pagar mais para os funcionários elevando os seus preços por não serem tão sujeitos à competição estrangeira.
Os países que ignoram “a saúde” de suas indústrias de transformação correm perigo. De acordo com Dani Rodrik, do Institute for Advanced Study (Princeton), “sem uma vibrante base manufatureira, as sociedades tendem a ser divididas entre ricos e pobres”. A produtividade do trabalho é em média 75% maior nas manufaturas do que no restante da economia. Maior produtividade representa maior probabilidade de distribuir renda com baixo conflito social. Segue o resumo do projeto de pesquisa.
Rodrigo Medeiros é professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes)
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