Do Sul 21
O auditório da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) ficou completamente lotado, na noite de quinta-feira (1), para assistir à palestra do ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira. Antes, foi realizado o lançamento do livro Remando contra a maré: desenvolvimento e política industrial no RS (2011-2014), organizado pelos professores Carlos Henrique Horn, Junico Antunes, Ivan de Pellegrin e Ibes Eron Alves Vaz. A obra reúne 34 autores e a sessão de autógrafos ocorreu durante a Feira do Livro de Porto Alegre.
Com o tema “Para onde crescer: desenvolvimento, política industrial e o papel dos Estados”, Bresser-Pereira, que é professor emérito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e criador da Revista de Economia Política, abordou inicialmente o cenário econômico mundial antes de se debruçar na crise brasileira. Conforme ele, a globalização e o neoliberalismo enfrentam uma crise desde 2007.
Já em 2016, avaliou o economista, “arrebentou” a crise política do neoliberalismo e que resultou, por exemplo, no Brexit – saída do Reino Unido da União Europeia – e na vitória do empresário Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos. “Há uma crise política do neoliberalismo e da globalização somada à crise econômica”, observou o ex-ministro, com experiência nos setores público e privado.
No Brasil, ressaltou ele, a crise econômica não será solucionada enquanto o governo mantiver uma taxa de câmbio “altamente apreciada” e juros “altamente escandalosos.” Esses dois fatores, conforme sua avaliação, inibem a taxa de lucros e investimentos no país. Os governos petistas, na opinião do economista, não enfrentaram essas questões, apesar de uma tentativa sem sucesso da ex-presidenta Dilma Rousseff em mexer no câmbio e nos juros.
“O que o PT fez foi dar uma preferência para os trabalhadores e para os pobres”, completou Bresser-Pereira, entusiasta de um projeto desenvolvimentista. Em 2015, o país entrou numa recessão, conforme o professor, devido à redução pela metade no preço das commodities, especialmente a soja e o minério de ferro, mas, principalmente, pela crise financeira.
Essa crise atingiu em especial as indústrias, que começaram a se endividar a partir de 2007. A situação econômica do país, afirmou Bresser-Pereira, só se agravou com o “ajuste fiscal violento” adotado pelo ministro da Fazenda à época, Joaquim Levy, o qual o economista confessou ter apoiado inicialmente, mas logo em seguida se arrependeu devido à política econômica adotada. “É um governo que tem trabalhado fortemente contra o Brasil em nome do neoliberalismo econômico”, criticou o professor, referindo-se aos sucessivos governos do país. Os brasileiros, de acordo com o palestrante, têm dificuldades para fazer sacrifícios. “Uma taxa de câmbio competitiva não querem. Isso é sacrifício!, exemplificou o ex-ministro.
A países como Inglaterra, Estados Unidos e Japão, enfatizou o economista, interessa “ocupar nosso mercado interno.” Esse processo, segundo ele, ocorre por meio de multinacionais e de empréstimos. Ao final da palestra, o ex-ministro deixou uma mensagem. “Vocês precisam pensar o Brasil como nação, abandonando a alta preferência pelo consumo imediato”, finalizou ele, sob muitos aplausos do público que se aglomerava, inclusive no corredor do auditório da Faculdade de Ciências Econômicas.
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Girando a Economia dentro do Brasil
Se alguém sabe as regras do jogo “Banco Imobiliário” verá que existe, por conceito de honorários, o recebimento de R$200 a cada vez que o jogador completa uma volta pelo tabuleiro (poderíamos imaginar isso ao final de cada mês, na vida real). Na sua essência, o jogo ilustra a necessidade de gerar circulante para os jogadores, caso contrário o jogo acaba e todos perdem, mesmo quem estiver ganhando naquele momento, e mesmo se o ganhador do momento fosse o próprio banco.
Ambientes simples criados em bairros e cidades, fechadinhos como se fosse o tabuleiro do jogo indicado acima, têm permitido a circulação da economia local. A geração de riqueza acontece apenas quando a economia gira, quando o circulante “circula”. Existem muitos e bons exemplos de economia popular baseada em moedas criadas pela população, inclusive no Brasil. Numa cidade do Piauí, sem nenhum banco, os habitantes conseguiram circular a sua economia.
http://outracidade.uol.com.br/comunidades-criam-moeda-propria-para-fortalecer-mercado-local/
http://puc-riodigital.com.puc-rio.br/Texto/Economia/Com-moeda-propria,-Cidade-de-Deus-valoriza-autoestima-social-12300.html#.WEKH1DHrvIU
http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2012/04/clubes-de-troca-negociam-produtos-e-servicos
http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2014/03/20/sem-nenhum-banco-cidade-do-piaui-cria-moeda-propria-para-girar-economia.htm
http://www.akatu.org.br/Temas/Dinheiro-e-Credito/Posts/Moeda-social-aumenta-trabalho-e-renda-na-comunidade-2
A lógica da economia, olhada deste ponto de vista, permite entender como a moeda dólar, e a moeda nacional atrelada ao dólar, por exemplo, deixam-nos vulneráveis perante o fluxo global da economia, sem controle (pelo menos da nossa parte) e, ao circular essa moeda global dentro de ambientes pequenos, observa-se como a nossa economia é sugada para fora do nosso ambiente. No plano nacional, acontecem as “perdas internacionais” como dizia Brizola.
As políticas anticíclicas tentam amenizar esta situação gerando ações econômicas que permitam a circulação local da economia. Os Governos do PT, durante muitos anos, fizeram algo parecido como no jogo “Banco Imobiliário” e injetaram, através de políticas de distribuição de renda e incremento da massa salarial do país (Bolsa Família, subsídios, valorização do salário mínimo, mais emprego, etc.). Como o jogo Banco Imobiliário citado, o governo entrega “honorários” aos jogadores a cada volta do tabuleiro, no caso, a cada final de mês.
Sinto-me até um pouco inibido perante tantos economistas e tantos livros que falam sobre o tema, em termos tão complicados e, desde o meu ponto de vista simplório, acho que em certo modo devo estar pensando parecido com o Lula, na sua época. E isso foi o que deu certo!
Na minha vida tenho aprendido que quando um assunto não é explicado com simplicidade nem sempre é porque o assunto é complexo demais, mas também porque quem explica não sabe ou age de má fé. “Se você não tem razão encobre-a com palavras”, acho que foi Goethe quem falou isso anos atrás. O sistema econômico é a troca de produtos e serviços que possuem algum valor para a comunidade que se rege por este “sistema”. Se o sistema econômico é globalizado e a moeda extrapola nosso ambiente e independe de nós, somos sugados por ela.
Alguns poderão dizer que o ambiente local não possui coisas fundamentais como Disney, gravatas e ternos importados, e para isso precisamos que as nossas bananas ou minério de ferro sejam trocadas para fora deste ambiente tupiniquim, mas, essa é outra história, que fala da nossa alienação. Medidas anticíclicas são vistas como “comunismo” pelo mundo neoliberal. Brasil, no futuro, é claro que deveria participar do mundo global com a moeda global, mas, precisa caminhar muito para que ao invés de bananas possamos trocar alguma coisa de maior valor agregado com o restante do mundo.
Concordo, mas a simplificação
Concordo, mas a simplificação do assunto "economia" também é uma arma da elite.
Ernest Renan disse, “de posse de uma ideia clara, dificilmente o homem a tenta representar por símbolos”.
A questão é que as relações econômicas que afetam a vida do homem comum são relativamente fáceis de entender, a despeito do jargão, do hermetismo dos textos, da própria aridez natural da matéria. Mas essas “armas” são utilizadas para obscurecer o assunto, torná-lo enfadonho, enfim, para afastar o homem comum.
Cria-se uma narrativa alternativa, simplista, que não exige grande esforço intelectual, e o assunto está resolvido.
Por exemplo, quando o assunto inflação está na pauta, o Jornal Nacional manda um repórter ao supermercado, onde as pessoas se queixam da alta dos preços, e logo depois o Bonner, com algumas franzidas editoriais de sobrecenho, informa que o vilão da inflação foi o tomate, ou o feijão. Às vezes, o pepino.
E o cidadão fica convencido disso, acreditando que a inflação é, pura e simplesmente, a alta dos preços, por culpa da lei da oferta e da demanda.
Moro em bairro popular, e essa é, posso garantir, a visão que o homem comum tem dessa matéria.
Da mesma forma, “pensar o país como projeto nacional”, na mídia tradicional, é sinônimo de “doutrinação esquerdopata”.
Aí é só montar uma outra narrativa, e o Bonner, com mais algumas franzidas editoriais de sobrecenho, informa que a “Escola sem Partido”, ou o novo modelo de ensino médio que se está a tentar impor, agora, é a solução.
Tenho a impressão que, no universo acadêmico, se um professor tiver a notícia que um ex-aluno seu tornou-se um luminar da Goldman & Sachs, é capaz de ter uma síncope, de tanto orgulho.
Projeto nacional?
Esquerdopata!!!
Foi ministro de Sarney,
Foi ministro de Sarney, fundador do PSDB ,traballhou longo tempo com Abilio Diniz e no fim da vida se torna petista( ou defende suas causas )
Carma ! Na escala do inferno de Danthi estaria no nono.
O mais profundo !
Sobre o assunto do texto
Alguma consideração?
Ou vc veio aqui apenas para tentar desqualificar Bresser?
é preciso pensar....
Pensar o Brasil como nação estamos novamente atrasados nestes últimos 30 anos. Nos enxergarmos como potência, um dos maiores países do mundo e começarmos a negociar a troca e o uso de enorme potencial populacional, territorial e natural por políticas e investimentos que tenham como objetivo a evolução dos beneficios sociais, educacionaisa e economicos para primeiramente e intransigentemente o povo brasileiro. Somos um gigante que se enxerga como anão. Extraordinário potencial que vê como um medíocre. Ou começamos a ter políticas de Estado que projetem os interesses nacioanis ou patinaremos no atraso como fazemos há décadas.
Há tempos....
Alerto a formadores de opiniões de ESQUERDA aqui em nos mais diversos locais que o Nacionalismo é a única forma de sr contrapor a força que domina o mundo, o capitalismo!
É a única forma de limitar O Capital sem a troca do sistema, que ja foi rejeitada.
Mas.... não largam o osso ideológico... Continuam a dizer para a FAVELA que aquilo lá é ótimo....
E que eles devem ficar POR LÁ e com um sorriso na cara.
Poderiam controlar o movimento mas os IDIOTAS serão atropelados por ele, por gente que observou antes a OBVIEDADE da nova força do mundo!
É difícil após décadas de LAVAGEM CEREBRAL!