Sobrevivência de recifes de corais depende da preservação das florestas

Jornal GGN – Pesquisadores da Universidade Macquarie, em Sydney, na Austrália, constataram que o desmatamento de florestas está diretamente relacionado ao gradual desaparecimento de recifes de corais nos oceanos. De acordo com estudo publicado nesta terça-feira (4), o impacto do desmate de árvores nos recifes chega a ser maior do que os efeitos gerados pelo aquecimento global.

O estudo mostrou que os sedimentos do solo já empobrecido pela ausência de vegetação, quando levados pelos rios em direção aos mares em função da erosão, tem efeito devastador nos corais que existem perto da costa. Os sedimentos, que antes eram contidos pelas próprias árvores, passam a ser despejados na água, causando o chamado “ofuscamento” e reduzindo a incidência de luz do Sol nos recifes.

A terra erodida também afunda no oceano e “sufoca” os corais, forçando-os a aumentar o gasto de energia para sobreviver, fazendo crescer o risco de um fenômeno conhecido como “branqueamento”. Uma equipe de cientistas liderados por Joseph Maina realizou uma simulação de computador de quatro sistemas fluviais em Madagascar (ilha do continente africano), cujas áreas de desmatamento têm impacto sobre os ecossistemas de corais locais.

Pela simulação, os pesquisadores constataram que, até 2090, o aquecimento global terá um grande efeito sobre as bacias hidrográficas das regiões de costa, reduzindo as chuvas e, consequentemente, agindo contra o desaparecimento dos corais – já o depósito de sedimentos no mar tende a reduzir. “No entanto, essa baixa [das chuvas] por conta das mudança climáticas é compensada pelos impactos do desmatamento”, afirma Maina.

Recuperar florestas

Desde o início da colonização de Madagascar, o desmatamento fez crescer pelo menos cinco vezes o avanço de sedimentos de rios em direção ao mar. Os pesquisadores estimam que o volume de sedimentos cairia em uma faixa que varia entre 19% e 68%, caso fossem recuperadas de 10% e 50% da floresta natural. O plantio de novas florestas “oferece a promessa de resultados ambientais sustentáveis em face das mudanças climáticas, em uma dos mais importantes áreas de biodiversidade do mundo”, afirma o chefe da pesquisa.

Além do depósito de sedimentos de áreas de desmatamento, os cientistas afirmam que o aquecimento dos mares e a pesca excessiva são os principais perigos para os corais. Estimativas apontam que centenas de milhões de pessoas dependem da existência dos corais para sua subsistência, já que os recifes dão suporte à vida de várias espécies de peixes e frutos do mar. Pelo menos um quarto de todas as formações de recifes de corais estão em risco de extinção, de acordo com a “lista vermelha” de espécies ameaçadas feitas União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Redação

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