Viagens a Marte expõem astronautas a 60% de radiação recomendada para a vida inteira

Jornal GGN – A Agência Espacial Norte-americana (Nasa) publicou um estudo nesta semana que mostra que astronautas envolvidos em futuras missões ao planeta Marte estarão expostos, nos seis meses equivalentes aos trechos de ida e volta, a 60% da radiação máxima recomendada para toda a carreira espacial. A agência não levou em conta o tempo de permanência no planeta vermelho, o que pode aumentar ainda mais a incidência da radiação.

Durante uma eventual missão marciana, a tripulação estaria exposta a 662 milisieverts dos mil recomendados pelas agências espaciais internacionais como limite da dose de radiação espacial acumulada em toda a carreira de um astronauta. O estudo mostrou ainda que, apesar dos efeitos da radiação no corpo humano não serem completamente conhecidos, o aumento da incidência pode aumentar em 3% as chances de ocorrência de câncer nos astronautas.

Para realizar o cálculo de exposição à radiação no espaço, os pesquisadores da Nasa instalaram um sensor na parte externa da sonda Curiosity, que foi lançada em 2011 e levou oito meses e meio para chegar a Marte. Na época do lançamento, afirmam os cientistas, a atividade solar era considerada baixa ou moderada, o que ameniza os efeitos da radiação. Uma missão lançada em períodos de atividade solar intensa deixaria os tripulantes expostos a muito mais radiação.

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Para efeitos comparativos, o pesquisador Cary Zeitlin, do Southwest Research Institute, no Colorado, afirma que a radiação recebida por um astronauta em uma missão seria o equivalente a manter o corpo inteiro exposto a tomografias a cada cinco ou seis dias no período de um ano. Já na Terra, os seres humanos são expostos a cerca de 3 milisieverts por ano por conta da proteção atmosférica e do campo magnético.

A radiação espacial, lembram os cientistas, não é causada apenas pela emissão de partículas vindas do nosso Sol, mas também podem ter origem em outras estrelas mais próximas ou, mesmo a grandes distâncias, por explosões de supernovas (a morte de uma estrela), eventos que liberam raios cósmicos de alta energia.

Missões

Diante das informações, cientistas acreditam que o único modo de amenizar os efeitos da radiação é reduzir o tempo de viagem do trecho Terra-Marte por meio do desenvolvimento de foguetes de melhor capacidade do que os atuais. Ao menos duas missões ao planeta vermelho estão em pauta. Uma delas, organizada pela própria Nasa, tem planos de levar tripulantes para orbitar o planeta por volta do ano 2030.

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Outra missão, muito mais ousada e perigosa, quer levar 24 astronautas para dar os primeiros passos de colonização do planeta vermelho em 2023. O projeto Mars One teve inscrições abertas no dia 23 de abril, recebendo, imediatamente, dez mil inscrições – entre elas a do brasileiro Douglas Rodrigues, de 22 anos. As equipes serão escolhidas em uma espécie de reality show e divididas em grupos de quatro integrantes, que serão enviados ao planeta a cada dois anos.

Redação

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