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Morte de Lázaro pela polícia encerra cobertura “absurda” e deixa o caso sem desfecho sobre fazendeiros

Jornal GGN – Após 20 dias de buscas, Lázaro Barbosa, 32 anos, suspeito de ter executado famílias pela região de Goiás, no entorno do Distrito Federal, foi encontrado e morto pela polícia nesta segunda-feira (28). 

Pela manhã, o governador Ronaldo Caiado chegou a anunciar sua prisão, mas logo foi atropelado por imagens que viralizaram nas redes sociais, dando conta do momento em que alguns dos mais de 270 policiais envolvidos na operação transferiram o corpo de Lázaro de uma viatura para uma ambulância. A versão oficial diz que o “serial killer” morreu “em confronto” com armas de fogo contra a polícia, ao resistir à prisão.

Lázaro é acusado de diversos crimes. Antes dos assassinatos bárbaros mais recentes, respondeu por homicídio aos 20 anos, na Bahia, onde nasceu. Em 2011 foi condenado por estupro e roubo à mão armada em Ceilândia. Foi preso em 2018, em Águas Lindas de Goiás, mas fugiu do encarceramento meses depois.

Só a morte de Lázaro foi capaz de fazer Jair Bolsonaro romper o silêncio nas redes sociais para pautas nacionais. “Parabéns aos heróis da PM-GO por darem fim ao terror praticado pelo marginal Lazaro, que humilhou e assassinou homens e mulheres a sangue frio. O Brasil agradece! Menos um para amedrontar as famílias de bem. Suas vítimas, sim, não tiveram uma segunda chance. Bom dia a todos!”, escreveu o presidente, feliz por ver mais um “CPF cancelado”.

O deputado federal bolsonarista Carlos Jordy não ficou atrás no discurso para a claque: “Lázaro foi morto. Se fosse num país sério, com um sistema processual penal rígido, eu torceria pela prisão dele, para que apodrecesse na cadeia, mas, como aqui é o Brasil, e ele cumpriria apenas 2/5 da pena, fico satisfeito com o resultado. Parabéns à Polícia Militar de Goiás!”

O delegado-geral da Polícia Federal, Alexandre Ramagem, foi mais longe e aproveitou o caso para propagandear o armamento da população. “O cidadão deve ter meios para defesa legítima de sua família. Desarmamento demonstrou ser um desastre como política nacional de segurança”, defendeu.

O dia foi marcado por discussões acaloradas e fake news de toda sorte – como a que diz que o deputado federal Marcelo Freixo colocou um advogado à disposição de Lázaro. Mais uma vez, a defesa dos direitos humanos e do devido processo legal contrapôs a esquerda e a extrema-direita nas redes sociais.

“A NÓS NÃO INTERESSA A IMPUNIDADE”

A deputada federal Talíria Petrone, líder do PSOL na Câmara, salientou que os mesmos que comemoram a morte de Lázaro hoje são os que se dizem “defensores da vida”, e frisou o que a direita bolsonarista parece ignorar: que “desde o começo, a situação foi muita absurda: [a busca por Lázaro passou pela] destruição de terreiros, cobertura sensacionalista e incentivo ao armamento da população. E agora, fica mais difícil averiguar se de fato ele estava matando a serviço de alguém.”

A deputada federal Vivi Reis (PSOL-PA) endossou o discurso da correligionária: “Lázaro causou dor em muitas famílias. Minha solidariedade a todas elas! Porém, somente o interrogando saberíamos se ele estava a mando de outras pessoas, evitando que mais gente siga impune. Ele tinha que responder pelos crimes que cometeu, mas se não estivesse sozinho seria necessário descobrir. Talvez agora fique mais difícil. A nós não interessa a impunidade.”

A cientista política da UnB, Preta Ijinú, também se manifestou pelo Twitter: “Junto com a morte do Lázaro se enterra os nomes dos fazendeiros do possível esquema de tocar terror na região para desvalorizar as terras.”

Redação

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  • Deputado federal bolsonarista Carlos Jordy disse que "se fosse num país sério, com um sistema processual penal rígido, eu torceria pela prisão dele, para que apodrecesse na cadeia, mas, como aqui é o Brasil, e ele cumpriria apenas 2/5 da pena" Esse deputado propôs mudança da lei, para mudar isso? Para o cumprimento total da pena em determinados crimes? Deputado serve para isso, não? Não. O que ele quer é justificar a pena de morte praticada pela polícia e a queima de arquivo, neste caso e tantos outros.

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