Crise na Amazônia revela ao mundo a vulgaridade do governo Bolsonaro, por Jamil Chade

Jornal GGN – A maneira como os ministros do Brasil e o presidente Jair Bolsonaro responderam às críticas do líder da França, Emmanuel Macron, quanto à proteção da Amazônia, aprofundam a crise diplomática entre os dois países e, ainda, prejudica a imagem do Brasil, dado o nível de vulgaridade dos comentários feitos pelos representantes brasileiros. A análise é de Jamil Chade, em artigo publicado nesta segunda-feira (26), em seu blog no UOL.

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No final de semana, Bolsonaro endossou um comentário ofensivo a primeira-dama da França, Brigitte Macron. “É inveja presidente do macron pode crê” (sic), escreveu o seguidor Rodrigo Andreaça postando junto uma gravura que trazia as fotos de Bolsonaro com Michelle, que é 27 anos mais nova que o presidente, e de Macron e sua esposa, 24 anos mais velha que o mandatário francês. “não humilha cara. Kkkkkkk” (sic)”, respondeu o perfil de Bolsonaro ao comentário.

Para os franceses e para o mundo, ficou claro que Macron buscou fazer uso político da crise na Amazônia, lembra Chade. “Fragilizado, o francês foi buscar um escudo para seus problemas na América do Sul, oito mil quilômetros de Biarritz, onde ocorre a cúpula do G7. Mas não conseguiu tapar o sol. Pelas pequenas prefeituras do interior da França, os quadros com sua imagem oficial começaram a ser retirados por manifestantes”, pontua o colunista.

“Pelos sites europeus, porém, o Brasil não desapareceu. A crise na Amazônia foi em parte substituída nesta manhã pela repercussão das atitudes do governo brasileiro, aprofundando uma imagem já desgastada”, continua o articulista se referindo a série de ofensas públicas de Bolsonaro e ministros brasileiros.

“Nesta manhã [26], numa padaria em Genebra onde eu teria um encontro com uma fonte, a rádio estava ligada, sem que as pessoas estivessem prestando atenção. Mas quando o apresentador começou a relatar como a primeira-dama francesa havia sido alvo de comentários do presidente Jair Bolsonaro, garotas que estavam na mesa ao lado colocaram a mão na boca, num gesto de incredulidade”, conta.

“Como eu já poderia imaginar o que o jornalista iria trazer como relato, passei a olhar de forma atenta às pessoas no restante do salão, onde aposentados tranquilamente tomavam seu café com croissant e estudantes revisavam sua agenda para o ciclo escolar que começava nesta manhã”.

“O locutor continuou, apontando como ministros brasileiros insultaram o presidente francês nas redes sociais. Neste momento, o salão inteiro tinha já parado para escutar aquele que era um relato de uma profunda vulgaridade”, destaca o colunista.

Chade observa que a “vulgaridade como instrumento diplomático nunca foi algo que funcionou”. “A não ser para agradar uma parcela interna do eleitorado, incapaz de entender que países não têm amigos ou inimigos. Apenas têm interesses”, pontua.

Sua avaliação é que a crise na Amazônia em parte acabou sendo substituída pela repercussão das atitudes do governo brasileiro, “aprofundando uma imagem já desgastada”.

“O que sim a crise conseguiu foi a de mostrar ao mundo a crise moral que existe entre os líderes brasileiros. A vulgaridade do governo Bolsonaro não trará uma solução. Muito pelo contrário. Diante dos acontecimentos dos últimos dias, o Brasil terá de se lançar em reconstruir sua imagem pelo mundo, principalmente entre jovens que acabam de descobrir a dimensão do absurdo dos comentários das lideranças políticas no Brasil”. Clique aqui para ler sua coluna na íntegra.

Redação

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  • Eugênio Aragão você me representa. Até que enfim alguém com coragem para calar estes pirralhos, fedelhos, manipuladores, tendenciosos, nazistinhas. Acho que está na hora de se criar um órgão de controle dos MPs.

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