O papa Francisco afirmou, em uma entrevista à revista espanhola “Vida Nueva”, publicada nesta sexta-feira (4), que as mulheres transsexuais são “filhas de Deus” e não devem ser tratadas de forma diferente pela Igreja Católica.
“Não me preocupo que me critiquem por eu receber transsexuais na audiência geral das quartas-feiras transsexuais. A primeira vez que vieram e me viram, saíram chorando, dizendo que eu tinha dado uma mão, um beijo… Como se eu tivesse feito algo excepcional”, disse.
E completou: “mas elas são filhas de Deus! Ele ainda te ama do jeito que você é. Jesus nos ensina a não estabelecer limites”. Francisco fez a fala ao ser questionado sobre a oposição que sofre na Igreja, e também de outras religiões, a respeito de sua defesa das pessoas trans.
Francisco disse que “é uma tentação burguesa que pode atacar especialmente os cristãos mais conscienciosos. A água estagnada é a primeira a apodrecer. O mesmo vale para um cristão estagnado. Você não pode viver assim”.
Em janeiro, também em entrevista, o papa Francisco criticou países que criminalizam homossexuais e disse que “a homossexualidade não é crime”.
A publicação da entrevista acontece durante a visita do papa a Portugal, onde participa da Jornada Mundial da Juventude, que reuniu cerca de 500 mil pessoas.
Ele aproveitou a visita para se encontrar com vítimas de abusos sexuais cometidos por membros da Igreja Católica no país europeu.
“Deus nos ama como somos” já havia sido a resposta dada pelo papa Francisco a uma mulher transexual no último dia 25 de julho. Os comentários do papa, divulgados pela mídia do Vaticano, foram feitos a um podcast no qual Francisco ouviu e respondeu a mensagens de áudio de jovens.
Segundo o papa, a Igreja ensina que os membros da comunidade LGBTQIA+ devem ser tratados com respeito, compaixão e sensibilidade, e seus direitos humanos devem ser respeitados senão será “um pecado e injustiça”. Francisco já disse “quem sou eu para julgar”, ao falar sobre os homossexuais.
O papa não avançou ainda em defesa da Igreja celebrar casamentos de pessoas do mesmo sexo ou trans, antevendo resistência interna pouco desfeita. No entanto, apoia as leis civis que dão direitos aos casais do mesmo sexo em questões burocráticas, como pensões e assistência médica.
A próxima cúpula mundial de bispos, marcada para outubro de 2024, deve discutir a posição da Igreja em relação a pessoas LGBTQIA+, mulheres e católicos que se divorciaram e se casaram novamente fora da Igreja. Francisco tende a seguir propondo mudanças profundas na Igreja, mesmo que lentas.
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