A inovação começa a conquistar as empresas

Coluna Econômica

O tema inovação começou a freqüentar o universo das empresas brasileiras nos anos 90. Foi quando se constatou que inovação não depende apenas de investimentos pesados no desenvolvimento de produtos, mas em uma cultura de mudanças voltada de forma integral para todas as atividades das empresas – da comercialização ao marketing, do design aos novos produtos.

O Congresso da Inovatec, em Belo Horizonte, apresentou um belo apanhado das diversas formas de inovação, da gestão inovadora, de empresas pequenas, médias ou grandes que conseguiram reinventar processos e produtos, identificar mudanças tanto nos impulsos de compra quanto na nova geografia das casas.

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DentDentre as grandes empresas, a Whirlpool Latin America (que recentemente adquiriu a Brastemp) impressionou pela inventividade. Geladeiras, lavadoras e secadoras sempre tiveram embalagens brancas – a chamada linha branca. Com todos os produtos brancos, não havia diferenciação, levando ao achatamento de preços.

A empresa passou a desenvolver produtos coloridos. Mais: combinando peças (como lavadoras e secadoras de roupa) para induzir à compra casada.

Depois, constatou que a cozinha tornou-se o grande ponto de recados da casa. Todos passam pela cozinha e costumam deixar recados na geladeira. Desenvolveu então uma geladeira cuja porta é uma lousa para recados.

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Outro caso expressivo é o da Angelus Indústria de Produtos Odontológicos de Londrina, empresa com faturamento de R$ 12 milhões/ano – mas que poucos anos atrás tinha faturamento inexpressivo. O fundador, Roberto Alcântara, foi dentista por muitos anos. Constatou que a crise dos consultórios estava fazendo com que parte dos dentistas abrisse mão de assistentes. Têm, então, que cuidar da boca do paciente e do manuseio de frascos e seringas. E os fabricantes nunca passaram no design como maneira de facilitar o manuseio – permitindo ao dentista abrir embalagens com apenas uma mão, por exemplo.

Desenvolveu uma linha com essas facilidades e suas vendas cresceram. No ano passado conseguiu levantar uma subvenção da FINEP (Financiadora de Estudos e Pesquisas) para desenvolver novas embalagens de novos produtos.

Um deles é um invólucro em forma de jacaré para as aterrorizantes injeções de anestesia. Visa o público infantil, poupando as crianças da tensão de ver um objeto de aço, com uma agulha pontiaguda, em direção à sua boca.

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Em outros casos, a inovação consistiu na criação de linhas novas de produtos. É o caso da Kapeh Cosméticos, de uma jovem farmacêutica, de uma família de cafeicultores, que resolveu desenvolver uma linha baseada exclusivamente em café.

E aí se entra em um ponto interessante do atual estágio de desenvolvimento do país. Hoje em dia, esses pequenos empreendedores já podem ter acesso não apenas ao apoio de diversas organizações empresariais – SEBRAE, NITs (Núcleos de Inovação em Tecnologia, das universidades), CNI, Federações de Indústria – como a uma rede de fabricantes terceirizadores. Ou seja, pensa-se o produto, contrata-se uma indústria instalada para fabricá-lo, recorre-se ao SEBRAE para os conselhos gerenciais e à FINEP para o apoio de financiamento.