As eleições no Reino Unido

Do Estadão.com.br

Sem maioria, Cameron deve propor aliança a Clegg para formar governo

Conservador promete formar ‘governo forte, estável e com grande apoio’; Brown deve deixar o poder

estadão.com.br

LONDRES – O conservador David Cameron, cujo partido obteve o maior número de assentos no Parlamento do Reino Unido após as eleições gerais da quinta-feira, tentará formar um governo de coalizão com os liberais democratas, partido de Nick Clegg, informa nesta sexta-feira, 7, o jornal britânico The Guardian. Com o anúncio, o atual primeiro-ministro, o trabalhista Gordon Brown, deve deixar o cargo, encerrando um ciclo de seu partido iniciado em 1997.

Um porta-voz conservador disse que Cameron fará um discurso às 14h30 locais (10h30 em Brasília) no qual ele “explicará como tentará formar um governo forte e estável, com grande apoio, que haja pelo interesse nacional”.

O líder conservador deve decidir se tentará governar sem maioria absoluta ou se proporá uma aliança com os liberais democratas, o que significaria ceder na questão das reformas eleitorais demandadas pelo partido de Clegg

Coalizão

O comprometimento de uma coalizão “forte e estável” com “amplo apoio” sugere que a formação de alianças deve ser o caminho pelo qual Cameron optará. Clegg indicou que dará prioridade à formação de uma coalizão com Cameron, já que foram os conservadores que conseguiram o maior número de representantes na Casa dos Comuns.

Considerando que as eleições foram “desapontadoras” para seu partido, o líder liberal democrata deixou claro que a aceitação de uma reforma eleitoral seria a condição necessária para que os conservadores tenham seu apoio. A preferência de Clegg pelos conservadores vai contra a convenção constitucional, que dá ao primeiro-ministro vigente – Brown – a prioridade para a formação de coalizões par manter a governabilidade.

Em declarações na sede de seu partido, Clegg disse que o partido que elegeu mais representares “tem o direito de formar coalizões antes dos outros”. “Acredito que seja a hora de os conservadores mostrarem que são capazes de formar um governo pelo interesse nacional”, disse Clegg.

Durante a campanha, porém, os partido de Cameron se opôs radicalmente à reforma eleitoral. A proporção de cada partido na Casa dos Comuns deve ser o ponto Chava nas negociações entre liberais democratas e conservadores para a formação de uma possível aliança.

Apesar dos resultados negativos, Brown mostrou-se disposto a colaborar com as negociações para a formação do governo. “É meu dever como primeiro-ministro tomar todas as medidas para garantir que o Reino Unido tenha um governo forte, estável e de princípios”, disse Brown em comunicado. “Pedi ao secretário de gabinete que faça com que o serviço civil dê todo apoio pedido pelos partidos envolvidos nas discussões para a formação do governo”, concluiu o atual premiê.

Apuração final

A apuração oficial das eleições gerais confirmou que, pela primeira vez desde 1974, haverá uma situação de Parlamento dividido e nenhuma força política terá maioria absoluta.

Faltando conhecer o resultado em apenas 33 das 650 circunscrições do país, o Partido Conservador tem 291 cadeiras. Assim, fica matematicamente impossível alcançar os 326 membros do Parlamento necessários para um governo de maioria. O Partido Trabalhista tem atualmente 247 deputados e o Partido Liberal Democrata, 51. As outras legendas, principalmente os unionistas norte-irlandeses e nacionalistas escoceses e galeses, dividem outras 27 cadeiras.

Até agora, os conservadores obtiveram 10,1 milhões de votos (36,1%), enquanto os trabalhistas receberam 8,2 milhões (29,2%) e os liberal democratas, 6,4 milhões (22,9%). A vitória dos conservadores pode significar o fim de um ciclo de 13 anos dos trabalhistas no poder.

Com a impossibilidade de atingir a maioria no Parlamento, os conservadores terão que buscar apoio para ter uma maioria parlamentar suficiente que permita a formação do novo governo. De acordo com o sistema eleitoral britânico, o partido ou coalizão que tiver o maior número de membros no Parlamento tem o direito de indicar o primeiro-ministro.

A Casa dos Comuns sem maioria absoluta também pode abrir a porta a uma coalizão entre trabalhistas e liberal-democratas, cujos líderes anunciaram que comparecerão publicamente ao longo da manhã para explicar as estratégias.

(Com informações da agência Efe)

Luis Nassif

Luis Nassif

Recent Posts

Justiça determina novo prazo para prescrição de ações de abuso sexual infantil

Em vez de contar a partir do aniversário de 18 anos da vítima, prazo agora…

6 horas ago

O que diz a nova lei para pesquisas com seres humanos?

Aprovado pelo Senado, PL segue para sanção presidencial e tem como objetivo de acelerar a…

7 horas ago

Da casa comum à nova cortina de ferro, por Gilberto Lopes

Uma Europa cada vez mais conservadora fala de guerra como se entre a 2ª e…

7 horas ago

Pedro Costa Jr.: Poder militar dos EUA não resolve mais as guerras do século XXI

Manifestantes contrários ao apoio dos EUA a Israel podem comprometer a reeleição de Biden, enquanto…

8 horas ago

Economia Circular e a matriz insumo-produto, por Luiz Alberto Melchert

IBGE pode estimar a matriz insumo-produto nos sete níveis em que a Classificação Nacional da…

9 horas ago

Os ridículos da Conib e o mal que faz à causa judia, por Luís Nassif

Conib cismou em investir contra a Universidade Estadual do Ceará, denunciada por uma postagem na…

10 horas ago