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Default da dívida deve acabar com agonia da Grécia

Chance de calote da Grécia cresce após suspensão de negociações País não conseguiu cumprir as condições do programa de auxílio de € 110 bilhões da UE e do FMI 02 de setembro de 2011 | 19h 26Renato Martins, da Agência Estado

WASHINGTON – A suspensão das negociações sobre a dívida da Grécia eleva a probabilidade de que a dívida do país seja reestruturada nos próximos meses. O fato indica também que um segundo programa internacional de socorro financeiro a Atenas não vai se materializar, disseram fontes próximas ao assunto.

A Grécia não conseguiu cumprir as condições do programa de auxílio de € 110 bilhões da União Europeia e do FMI. Representantes da UE e do Fundo que faziam uma revisão do programa interromperam o processo e deixaram Atenas inesperadamente nesta sexta-feira, anunciando que as conversações com o governo grego serão retomadas mais tarde neste mês.

O fracasso dá peso às dúvidas sobre a capacidade da Grécia para cumprir as condições previstas no programa de auxílio financeiro, e até mesmo sobre seu comprometimento com as medidas necessárias para isso.

“Eu espero um default, sem dúvida antes de março de 2012 e talvez neste ano, e ele poderá vir com essa revisão do programa. As chances de um segundo programa são pequenas”, disse um economista do FMI que não está participando das negociações, mas tem acompanhado a situação.

Segundo esse economista, os principais fatores para um default são o fato de a Grécia não ter conseguido cumprir as metas, a relutância crescente de alguns países da zona do euro a continuar a emprestar ao país e o fato de a participação do setor privado em um segundo programa de ajuda provavelmente não mudará o perfil da dívida grega.

O pesquisador Jacob Kierkegaard, do Instituto Peterson de Economia Internacional e especialista em dívida soberana da zona do euro, disse acreditar que o FMI e a União Europeia vão liberar neste mês a próxima tranche do programa de crédito existente para a Grécia. Isso dará tempo para que os Parlamentos dos países membros aprovem o acordo concluído em 21 de julho para que o Programa Europeu de Estabilidade Financeira receba mais € 500 bilhões.

Kierkegaard ressalvou que é muito improvável que o FMI aprove um segundo programa de socorro à Grécia, tendo em vista a situação do país e especialmente se não houver a participação de 90% do setor privado na qual se basearam as conversações para um segundo programa de crédito.

Para o pesquisador, poderá ser mais interessante para a Grécia, no longo prazo, forçar um default. Ele destacou que uma reestruturação que pague 60 centavos por euro do valor de face da dívida poderá fazer mais sentido para Atenas do que a proposta existente de participação voluntária do setor privado. “Os argumentos econômicos para a Grécia fazer uma reestruturação ‘dura’ são fortes”, disse Kierkegaard.

Esse agravamento da crise da dívida grega acontece num momento em que a nova diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, está pressionando os bancos europeus a aumentarem seu capital. Há divergências entre funcionários do FMI e do sistema financeiro europeu sobre o grau de exposição dos bancos a perdas com dívida soberana. Caso a Grécia (ou qualquer outro país) reestruture sua dívida, alguns bancos poderão ficar insolventes, se tiverem deixado de aumentar seu capital para proteger-se desse risco. As informações são da Dow Jones.

http://economia.estadao.com.br/noticias/economia%20internacional,chance-de-calote-da-grecia-cresce-

Luis Nassif

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