Discurso de Janet Yellen traz euforia à bolsa de valores

Jornal GGN – Após três pregões de queda, a bolsa de valores acompanhou a euforia trazida pelo vazamento do discurso de Janet Yellen ao Senado norte-americano, aliada à divulgação de resultados corporativos favoráveis, e retornou ao patamar de 53 mil pontos às vésperas do feriado nacional da Proclamação da República, nesta sexta-feira (15).

O Ibovespa (índice da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo) terminou a quinta-feira em alta de 2,34%, aos 53.451 pontos e com um volume negociado de R$ 7,018 bilhões. Com isso, a bolsa acumula uma perda de 1,33% no mês, e a desvalorização em 2013 chega a 12,31%. As maiores altas do pregão ficaram com as ações da B2W (BTOW3), Anhanguera (AEDU3) e Copel (CPLE3). As maiores baixas ficaram por conta dos papéis da Embraer (EMBR3), CCR (CCRO3) e Marfrig (MRFG3).

As operações iniciaram o dia em alta, apesar dos dados do IBC-Br (índice de atividade econômica do Banco Central) mostrarem uma redução de 0,12% no terceiro trimestre, o que reforçou as expectativas de que o PIB (Produto Interno Bruto) do período de análise será ligeiramente negativo. Contudo, o discurso de Yellen foi o gatilho para que a bolsa avançasse.

Benefícios excedem custos

Durante a audiência para confirmação no cargo, Janet Yellen afirmou que a política de compra de bônus do Federal Reserve trouxe grandes contribuições, e que “os benefícios excedem os custos”, mas reiterou que a autoridade monetária não pode ser prisioneira do mercado, e que existe risco em acabar com o ciclo de acomodação muito cedo, mas também em interromper o processo de forma abrupta.

“O mercado esteve extremamente eufórico, com o discurso de [Janet] Yellen sendo bem recebido”, diz Luis Morato, operador-sênior da TOV Corretora, explicando que o mercado entendeu que os estímulos à economia dos Estados Unidos devem continuar, e o questionamento da retirada foi previsto para março. “O mercado voltou a acreditar no que [Ben] Bernanke disse, que os fatores determinantes para a retirada são o comportamento da inflação e do desemprego. Em caso de inflação controlada e desemprego alto, os estímulos vão continuar”.

Contudo, Morato mostra-se cético com a manutenção prolongada dos incentivos norte-americanos. “Cada vez que esses estímulos são prorrogados, o vício do mercado é maior. Tanto que a única coisa menos liberal citada no discurso foi a ideia de que não se pode deixar o mercado viciado e nem ser refém dele. Quando os estímulos começarem a ser retirados, é preciso ver a reação. Tem que se pensar a conjuntura e evitar bolhas”.

Dólar

O pronunciamento de Yellen levou o câmbio a patamares mínimos no dia, assim como os leilões de rolagem e diário de swap cambial (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro), fazendo com que a cotação da moeda encerrasse o dia em queda de 0,60%, a R$ 2,320.

Por conta do feriado nacional, a bolsa brasileira não opera nesta sexta-feira. Contudo, os agentes devem ficar de olho em alguns indicadores do dia, como os dados referentes à coleta de impostos do país. No exterior, a agenda está concentrada nos Estados Unidos, por conta da divulgação dos dados de produção industrial, índice de preços de importação, estoques no atacado e vendas de negócio no atacado, além do índice de preços ao consumidor na zona do euro. Na segunda-feira (18), haverá a divulgação do boletim Focus, do resultado semanal do IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) e da balança comercial, junto com a balança comercial da zona do euro.

O operador-sênior da TOV acredita que veremos um cenário de realização de lucros na segunda, por conta da bolsa fechada no feriado. “Na minha visão, você tem os mercados fechados na sexta-feira e um cenário propício para realização de lucros, uma vez que a agenda é mais morna lá fora e você tem as bolsas muito esticadas. Pois existe muito ânimo, mas não acho que vai ser nada muito drástico, dada a mensagem que o mundo vai seguir com muita liquidez”, pontua Morato.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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