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Novas diretrizes para o setor elétrico: o debate europeu e a situação brasileira

Por Luciano Losekann, do Blog Infopetro

Nos dias 19 a 23 de junho, foi realizada a 34ª Conferência Internacional da IAEE (Associação Internacional de Economia da Energia) em Estocolmo. Esse é o principal encontro mundial na área de Economia da Energia, com a fronteira dos debates acadêmicos presente em suas sessões.

Nessa edição, o tema principal, que foi tratado nas plenárias de abertura e de encerramento da conferência, foi o desafio de promover a redução de emissões de CO2 na geração de eletricidade na Europa. É importante notar a plena incorporação da agenda ambiental na política energética para o setor elétrico na Europa. As principais referências acadêmicas de análise do setor elétrico da Europa têm orientado pesquisa para esse tema.

A diretiva da União Européia para fontes renováveis tem a meta ousada de atingir 20% de participação na matriz energética em 2020 (o que é parte do pacote 20 20 20[1]). O método escolhido para atingir esse objetivo foi o cap and trade, através do sistema ETS (Sistema de Comercialização de Emissões). O método fixa permissões de emissões negociáveis para os Estados Membros e o preço do carbono se ajusta às condições de mercado.

A apresentação de David Newbery, que abriu a conferência de Estocolmo, apontou as fragilidades do ETS para incrementar a participação de fontes renováveis na matriz de geração de eletricidade. Apesar de negociar volumes crescentes de direitos de emissão (EUA) desde 2005, quando o ETS foi criado, o preço do direito de emissão tem sido volátil e baixo (figura 1). A excessiva oferta de certificados durante a primeira fase de implementação do ETS e a crise econômica pós 2008 não permitiram que o preço sustentasse o patamar de € 30/ton. que é o limite necessário para tornar as fontes renováveis competitivas.

Em função da volatilidade de preços inerente a sistemas cap and trade, potenciais investidores em fontes renováveis, que estão sujeitos a riscos superiores aos das fontes tradicionais, não dispõem de sinais estáveis e previsíveis para realizarem investimentos. O efeito é mais evidente para os gastos com Pesquisa e Desenvolvimento, que experimentam tendência declinante desde a liberalização do setor elétrico. Segundo Newbery, subsídios ao P&D em fontes renováveis se justificariam pelos ganhos de aprendizagem que tendem a tornar essas fontes competitivas no futuro. (…) continua no Blog Infopetro.

Ronaldo Bicalho

Pesquisador na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Ronaldo Bicalho

Pesquisador na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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