Fator Paulo Guedes faz IPCA-15 na casa dos 2 dígitos; por Luis Nassif

O IPCA-15 em 12 meses chegou aos 10,05%, entrando pela primeira vez na casa dos dois dígitos. É a inflação Paulo Guedes. Seu esboço de política econômica consistia em uma enorme desvalorização do real e uma tentativa de redução da taxa de juros. Desta forma, o país poderia salvar o crescimento através do aumento das exportações – especialmente de manufaturados, que ganham competitividade com o câmbio desvalorizado.

Desdenhou vários aspectos da conjuntura:

  1. Grande parte da indústria brasileira tornou-se maquiadora, importando peças ou equipamentos e revendendo. Com o câmbio alto, perderam competitividade.
  2. Houve uma rodada de aumentos das commodities internacionalmente, puxadas pela China.

Nesse momento, o correto seria atuar sobre o câmbio, através das reservas cambiais administradas pelo Banco Central; ou impor algum imposto de exportação, para reduzir o repasse das altas dolarizadas para o mercado interno.

Nada fez, nada sabe, não tem a mínima condição operacional de atuar em cima de problemas muito mais simples. O resultado é a estagflação que ameaça a economia.

Confira o IPCA-15 de setembro de 2021, prévia do IPCA:

  1. Dos 9 grupos que compõem o índice, 8 registraram alta.
  2. Os três grupos que mais impactaram o índice foram Transporte, Alimentação e Bebidas e Habitação.
  3. A maior influência foi energia, em função da política anti-econômica da Petrobras, de repassar os preços internacionais ao consumidor interno. Somando os impactos de energia no grupo Habitação e Transportes, confere-se que respondeu por 54,6% da elevação do IPCA no mês.
  4. Enquanto o grupo Habitação teve alta de 1,55%, o subgrupo Combustíveis e Energia aumentou 3,31%.
  5. No acumulado de 12 meses, dos 9 grupos que compõem o índice, 4 registraram aumentos acima de 10%; e 3 grupos entre 0 e 5%.
Luis Nassif

Luis Nassif

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  • Ao contrário de Nassif, julgo que Guedes tem sido um sucesso completo para aqueles que o apoiaram. O desmonte do Estado nacional atingiu, com ele, velocidade plena. Petrobrás, BC, Eletrobrás, BB, CEF, Previdência Social, Educação Pública, SUS, em todos os quadrantes sua ação foi eficaz e efetiva. Resta agora a última grande tacada, a quebra dos próprios princípios da Administração Pública, com a reforma por ele proposta e com grandes chances de aprovação. Feito isso, pode-se fazer a cassação da chapa Bolso-Mourão, pois o trabalho está completo. Além disso, é importante ter claro que ele deixa uma obra completa, com a volta da inércia inflacionária e as bombas orçamentárias. O próximo governo, que ninguém sabe qual será, já está com sua ações completamente presas à pauta futura que ele Guedes está impondo.

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