Japão, EUA e outros países entram em acordo sobre Parceria Transpacífico

Jornal GGN –  Estados Unidos, Japão e outros dez países fecharam o acordo sobre a Parceria Transpacífico, após oito anos de negociações. A iniciativa é considerada pelo The New York Times como o maior acordo comercial regional da história, e abrange 40% da economia global. Além de Japão e Estados Unidos, a Parceria Transpacífico engloba Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Cingapura, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru e Vietnã, e países como Coreia do Sul e Colômbia estão na fila para participar do acordo.

O tratado prevê regras uniformes de propriedade intelectual, queda de barreiras tarifárias e ações conjuntas contra crimes ambientais. O acordo ainda será discutido nos parlamentos dos países participantes, e, se aprovado, deve contrabalançar a influência chinesa sobre o comércio no Pacífico.

Enviado por Free Walker

Da Folha

EUA, Japão e mais 10 países fecham acordo comercial regional histórico

Após oito anos de negociações, Estados Unidos, Japão e mais 10 países fecharam em Atlanta, EUA, a Parceria Transpacífico, no que o jornal americano “The New York Times” definiu como o maior acordo comercial regional da história.

A aproximação entre esses parceiros, formalizada nesta segunda-feira (5), pode fazer com que o Brasil tenha mais trabalho para conseguir espaço para alguns de seus produtos, como frango e açúcar, em mercados importantes (leia mais abaixo).
Discutida por cinco dias seguidos, a TPP, na sigla em inglês, abrange 40% da economia global. O texto final deve ser disponibilizado dentro de um mês.

Além da derrubada de barreiras tarifárias entre os países, o tratado prevê regras uniformes de propriedade intelectual e ações conjuntas contra o tráfico de animais selvagens e outras formas de crimes ambientais, por exemplo.
Com isso, tem o potencial de influenciar desde o preço do queijo ao custo de tratamentos de câncer.
Ele inclui, além de EUA e Japão, Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Cingapura, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru e Vietnã.
Economias asiáticas como a Coreia do Sul, Taiwan e Filipinas, e sul-americanas como a Colômbia, já estão na fila para aderir.
O acordo ainda deve passar por discussão no Congresso americano e Parlamentos de outros países envolvidos. Caso seja aprovado, pode vir a ser uma das maiores conquistas do governo do presidente Barack Obama e deve ajudar a contrabalançar a influência chinesa sobre o comércio no Pacífico.
REPERCUSSÃO
O brasileiro Roberto Azevedo, diretor-geral da OMC, parabenizou os países da TPP e disse que o acordo prova que é possível alcançar consenso entre países com interesses diversos quando existe “vontade política e determinação”.
Para outro brasileiro, o economista Maurício Mesquita Moreira, do setor de integração e comércio do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), a TPP deixa claro para onde caminha o comércio mundial, com novas regras estabelecidas pelo bloco liderado pelos EUA.
“Há o objetivo claro de sinalizar para a China que, se quiser continuar participando do comércio global, em algum momento vai ter que se ajustar a essas novas regras.”
IMPACTO SOBRE O BRASIL
Segundo José Luiz Pimenta, professor da ESPM especialista em comércio exterior, o maior impacto do tratado deve vir da adoção de normas comuns de produção entre os países. Com isso, sua influência sobre os negócios vai além da mera derrubada de tarifas.
“Uma série de regras jurídicas comuns dão previsibilidade para negócios de longo prazo e facilitam o investimento. Você pode exportar peças dos Estados Unidos e se beneficiar das cadeias regionais para que a montagem final aconteça nesses países.”
De fora do tratado, o Brasil pode perder espaço para seus produtos. “O Brasil fez um grande esforço recentemente para atender o mercado asiático de carne de frango, mas agora esses países podem começar a focar nas trocas entre si”, diz.
De acordo com os detalhes do acordo divulgados pela Casa Branca, a TPP vai eliminar mais de 18 mil impostos e tarifas cobrados sobre os produtos norte-americanos nos países envolvidos. Isenta, por exemplo, a cobrança de tributos sobre as importações de produtos do setor automotivo, que chegam a 70% atualmente.
Segundo Pimenta, o Brasil tem fechado acordos comerciais com mercados menores, como Colômbia e México. O foco tem sido principalmente na derrubada de barreiras, em detrimento da adoção de normas comuns.
A rodada final de negociações da TPP em Atlanta, que começou na quarta-feira, se debruçou sobre a questão de quanto tempo de duração deve ser permitido para a manutenção de monopólio de novos medicamentos de biotecnologia, até que os Estados Unidos e a Austrália negociem um acordo.
Também estiveram em pauta a derrubada de barreiras nos mercados de laticínios e açúcar e a queda gradual, ao longo de três décadas, de impostos de importação de carros japoneses vendidos na América do Norte.
MERCADO DE AÇÚCAR
Sob a TPP, a Austrália receberá uma cota adicional de 65 mil toneladas anuais para exportar açúcar para os Estados Unidos, disse à agência de notícias Reuters uma autoridade australiana com conhecimento das negociações.
Com isso, o produto brasileiro pode vir a ter mais trabalho para encontrar espaço no mercado americano, avalia Pimenta, da ESPM —apesar de os Estados Unidos serem irrelevantes para as cerca de 22 milhões de toneladas exportadas em 2014 pelo Brasil.
O volume soma-se às 87,4 mil toneladas já destinadas à Austrália sob o regime de tarifas vigente para o ano comercial que começou em 1º de outubro.
A Austrália poderá enviar 400 mil toneladas de açúcar para os Estados Unidos anualmente até 2019, no cenário mais otimista, disse a fonte.
Sob os termos do acordo, a Austrália também receberá 23% da cota arbitrária, que é baseada na demanda norte-americana sob regime de tarifas, disse a autoridade. O percentual compara-se aos atuais 8%.
Redação

Redação

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  • "Brasil está fora" da parceria TransPACÍFICO, por Lino Bocchini
    Lino Bocchini 
    Mais uma boa para as aulas de jornalismo: a manchete do UOL sobre o acordo comercial histórico traz o chapéu "O Brasil está fora". Ao ler, muitos devem ter xingado a Dilma etc. O "detalhe" é que o acordo comercial chama-se Parceria TransPACÍFICO. Ou seja, estamos fora porque somos banhados apenas pelo Atlântico.

     

    • Pois é

      Pois é, Fernando, quando contava-se aquela anedota em que o Lula andava sobre as águas mas as manchetes no dia seguinte eram "Lula não sabe nadar" até os petistas achavam graça...

      Agora vão ficar de "mea culpa" em publico... "Tadinhos"...

    • Seja lá por qual oceano

      Seja lá por qual oceano sejamos banhado parece que esse tratado dificulta ainda mais nós. Para leigos em comércio exterior, como eu, fica a impressão que criaram uma cooperativa. E o Brasil fica na posição de entregar um pedido de associação à essa para ser analizada pela diretoria. Até que a resposta saia ......

       

      • Comentario sem pe nem

        Comentario sem pe nem cabeca!!!

        O Brasil NAO EH BANHADO PELO OCEANO PACIFICO!  Entendeu agora?

        E quer saber de outra coisa?

        Pelo fato do tratado ter sido arquitetado pelos EUA, vai todo mundo se foder exceto os EUA.

  • O mais engraçado é ver os

    O mais engraçado é ver os catões da grande mídia se contorcerem devido ao Brasil ter "ficado fora", ignorando completamente as aulas de Geografia.

    Até parecem o Menem quando, também ignorando as aulas de Geografia, sonhava com a Argentina fazendo parte da OTAN.

    Boris Casoy estrebuchou ontem dizendo que o Brasil fica de fora de acordos "modernos" (perguntem aos mexicanos o que é a modernidade trazida pelo Nafta).

      • fa´cil de resolver

        pedro sergio

        a coisa é fácil de resolver:

        é só se preparar para as eleições de 2018, e vencer.............

        vencendo, é só renunciar ao mercosul e ficar de mãos dadas com os norte americanos

        afinal eles são tão bonzinhos...............

         

  •  "...Estados Unidos, Japão e

     "...Estados Unidos, Japão e mais 10 países..."

    O ato falho do autor da reportagem mostra quem manda no "acordo". Parece que tem mais alguns países periféricos querendo entrar na rúbrica "outros países" da onda nipo-americana para cercar a China.

    O Brasil tem se esforçado na última década para fugir dessa rúbrica, apesar dos protestos da elite ignorante e entreguista. Com a crise, ganharam um fôlego extra.

    Os cunhas, sampaios, aecios, agripinos, caiados, serras, freires, mervais, gilmares, nardes, azevedos, vejas, épocas, globos, folhas... estão fazendo de tudo para o Brasil, respeitado pelo mundo por viver uma democracia plena, voltar a ser um "outros países". 

    Apesar da "blitzkrieg" em cima do PT no intuito de destuí-lo e seu projeto de Brasil grande, independente com inclusão social, não conseguirão. Estamos na trincheira prontos para o contra ataque.

     

  • De Alca para TPP

    Muito tempo ainda levará para que os detalhes maiores desse acordo venham a tona, mas alguns desses já sinalizam do que se trata, como é o caso das patentes em medicamentos, um dos mais sintomáticos, que inviabilizaria possivelmente boa parte de nossa saúde pública. O resto é tudo garantia de mercado para os grandes produtores industriais. Esse negócio de liberação alfandegária e abertura de portos às nações amigas tem muita história! A ALCA do Pacífico sendo acelerada para se contrapor a novas Rotas da Seda que vem em velocidade de trem bala.

  • Os leitores da Folha estão indignados porque o Brasil não ...

    Os leitores da Folha estão indignados porque o Brasil não participou de um acordo para países banhados pelo Pacífico.

    O que ler a Folha faz com as pessoas, ESQUECEM DA GEOGRAFIA!

    • O acordo TPP visto pelo Japão

      Longa conferência de imprensa foi dada pelo 1o, Ministro Abe, ontem e transmitida pela NHK. 

      Se aqui no Brasil a imprensa e os seus analistas - os mesmo de sempre - se entusiasmaram com o acordo e, ao mesmo tempo, aproveitaram para sentar o sarrafo na política comercial brasileira, no Japão não houve queimas de fogos. Há apreensões advindas de setores relevantes naquele país: os agricultores e os pecuaristas japoneses. Discretos, mas muito influentes na dinâmica da política interna japonesa, o setor agrícola japones vê com olhos ceticistas esse acordo. Rizicultores temem pela entrada de arroz californiano e tailandês, assim como vinícolas japoneses (sim existe e estão cada vez mais aprimorados) apreendem-se com a possibilidade de concorrência do vinho chileno. Há um amplo debate sendo tratado neste momento.

       

  • O Brasil tá fora???

    Então deve ser bom; pelos país do grupo, parecem todos ser consumistas, querendo se fechar para tentarem pagar menos, kkkkk.

  • Os mesmos que são favoráveis ao Brasil ...

    Os mesmos que são favoráveis ao Brasil mudar de oceano (???) são os que são contra a ferrovia que leva o Brasil ao Pacífico, se houvesse a ferrovia era só exportar a um país no Pacífico, "nacionalizar o produto" e exportar via o acordo.

    OLHA REALMENTE O PESSOAL É BURRO MESMO.

  • 30 anos de "queda gradativa"

    30 anos de "queda gradativa" nas taxas sobre importação de carros japoneses para os EUA?  O "livre comércio" é assim generoso com os mercados locais dos outros países também, ou os produtos americanos passam a entrar lá sem taxas bem mais rapidamente? Alguém sabe me dizer?

  • Não precisamos de TPP

    Temos nossos fortes aliados na Amércia do Sul. Duas potências super bem geridas: Argentina e Venezuela. Além disso, temos os gigantes Uruguai, Paraguai e Bolívia. Desculpem, mas com vizinhos desse naipe, para que a TPP????

  • Aliança

    Só o tempo dirá se esta alinaça é boa ou não para os paises que a compõe. 

    Pena que, se for boa, apesar de sermos de outro oceano, nossa exportações ficaram seriamente comprometidas. Dai poderemos nos associar a Cuba, Venezuela, Equador e outros bolivarianos que tudo estará resolvido. 

    Viva la revolution !! Ops, os cubanos fugiram todos para os EUA pois o comunismo não era tão bom assim .

    Quantas viúvinhas de Fidel vão aparecer . vai ser engraçado.

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