O fator azar na gestão de Dilma Rousseff

Cientista política da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, Daniella Campello desenvolveu um indicador interessante: o Índice de Bons Tempos Econômicos. O indicador é composto pelo índice de preços de commodities e pela taxa de juros básica dos Estados Unidos. Quando as commodities sobem e as taxas caem, o Índice sobe – significando melhora no ambiente econômico. E vice-versa.

Montou a série desde 1960 e identificou correlações interessantes. A partir de 1962, houve uma inversão no Indicador. E sobreveio a crise política que levou à ditadura militar. Em 1980, outra inversão violenta do indicador, que provocou a erosão no regime abrindo espaço para a volta da democracia.

Depois, de 2002 a 2011 se teve o melhor período do Indicador, coincidindo com o período Lula. A inversão começa em 2011, se acentuando nos anos seguintes, levando ao impeachment.

Essa correlação explica a semelhança com outras economias latino-americanas, tanto na fase das ditaduras, quanto da redemocratização.

Em tempos de Índice positivo, há mais recursos e mais possibilidade de atender aos diversos setores do país. A mera expectativa de crise quebra o encanto. Quando se entra na crise, imediatamente se reflete na política, tirando a possibilidade de reeleição de quem está no poder.

Obviamente, não há relações mecânicas e há muitos outros fatores em jogo, como erros e acertos de governantes. Segundo Daniela, outros países da região recorreram a políticas de desoneração para amenizar a crise. Apenas no Brasil houve o impeachment, porque não se respeitou o resultado das eleições.

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Luis Nassif

Luis Nassif

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  • Se me permite minha cara Amoriza,toda vez que leio o que quer que seja,sobre a Presidenta Dilma Rousseff,conquanto no exercício da Presidência da República,eu e meus lacrimejantes botões,derramamos lágrimas de sangue.

  • É comum que os opositores de Lula tentem desmerecer seu sucesso dizendo que foi por causa da alta do preço das commodities.
    Embora o fato seja verdadeiro (a alta), esquecem de mencionar que mesmo sem reduzir as exportações para os EUA, nosso então maior parceiro comercial, ele intensificou pragmaticamente o comércio com a China, que se tornou um múltiplo do valor com nossos north bros.
    Não foi uma troca, mas um complemento, uma adição multiplicadora. Aliado ao investimento social, inserindo gente na economia (o verdadeiro sentido de "mercado"), o sucesso pode ser explicado bem além do mero (e depreciativo) aumento de preço de commodities.
    Os imbecinaros que adoram falar em "ideologia" são exatamente aqueles que, por mera ideologia, desgastam ou destroem relações comerciais de relevante interesse do país.
    Sem mencionar que como bons "meus garoootos", querem devastar até a Amazonia para ceder mais e apenas meras commodities aos seus"meus paipaaais".
    Ó do borogodó.

  • As conclusões derivadas da oscilação do indicador no tempo me levaram a refletir sobre o dilema do ovo e da galinha.
    Afinal, seria o indicador reflexo da crise ou fabricação das crises determinariam o indicador?

  • Acontece que a maioria dos membros da Camara e do Senado à época não entendiam dessas coisas, eram analfabeto politicos, por isso maioria não se reelegeram. Que bom!

    • Mais analfabetos do que os que chegaram agora, impulsionados não por si próprios mas por uma eleição fraudada, de um partido e de político inexpressivo???

  • Com o maior respeito aos estudiosos desses fenômenos cíclicos ( o " feiticeiro " Golberi falava em sístoles e diástoles...), penso que, no fundo, é tudo uma questão de ideologia, cada um puxando a brasa pra sua sardinha...

  • Não foi azar, nem má gestão, nem timing, nem qualquer coisa do tipo.
    A causa foi: o PT não poderia continuar no poder, muito menos com a possibilidade da volta de Lula em 2018... os "poderes" do Brasil não iam deixar.
    Qualquer outra causa é, principalmente as "lógicas", "racionais", são pura bobagem.
    A queda foi política, intestinal, golpista!

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