O fiasco da recuperação econômica brasileira, por Rodrigo Medeiros

Por Rodrigo Medeiros

Em matéria sobre o avanço da precariedade no mercado de trabalho brasileiro, publicada na Folha de S.Paulo, neste domingo (10), consta o flagrante fiasco da recuperação econômica “reformista”. Desde 2016, o Brasil vem passando por reformas liberais que restringem a atuação do Estado em realizar políticas públicas sociais e anticíclicas. A reforma trabalhista, por sua vez, não reduziu a informalidade no mercado laboral, atualmente em 41%, segundo o IBGE.

De acordo com a matéria citada, assinada por Érica Fraga e Arthur Cagliari, “a fatia dos profissionais com ensino superior desocupados, desalentados ou subocupados por insuficiência de trabalho cresceu em ritmo muito mais rápido do que o universo de escolaridade que eles representam”. Ainda segundo a matéria, “com foco apenas no mercado formal, descortina uma outra tendência de inserção precária dos profissionais qualificados no mundo do trabalho”. O desperdício de capital humano é algo patente no Brasil.

Conforme avaliou o IBGE, o desalento cresceu em todas as faixas de escolaridade. O seu salto mais marcante, de 875% entre o segundo trimestre de 2014 e o mesmo período deste ano, se processou entre a população em idade de trabalhar com superior completo. Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e rendimento do IBGE, afirmou na matéria que “um efeito colateral da crise é que profissionais como ela deixam de acumular habilidades adquiridas pela prática do emprego ou por formação complementar”. A informalidade costuma ser comum para as menores escolaridades.

O fato é que a baixa complexidade econômica da estrutura produtiva brasileira faz com que sejam gerados postos de baixa remuneração em nosso país. Essa mesma estrutura produtiva é concentradora de rendas e riquezas, de acordo com a metodologia do Observatório da Complexidade Econômica. A desindustrialização precoce brasileira integra esse complexo quadro de precarização do mercado laboral. Nesse sentido, as reformas liberais defendidas por parte da direita brasileira apontam no sentido de aumento das desigualdades sociais. O modelo mental desse campo ideológico é o Chile neoliberal, que está em insurreição social atualmente.

 

Rodrigo Medeiros

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