Coluna Econômica – 18/01/2012
Um dos maiores erros da análise econômica é levantar dados do momento e projetá-los para o futuro – sem a devida avaliação dos ciclos históricos ou da dinâmica da economia.
Lembro-me de um seminário que participei na cidade de Santander, Espanha, em 2002, promovido pela Universidad Menendez Pelayo. Presentes jornalistas da imprensa financeira espanhola, acadêmicos e representantes de multinacionais espanholas que tinham vindo para o Brasil.
Na época, vivia-se a grande crise Os jornalistas malhavam sem dó suas multi, por terem ido investir o dinheiro das velhinhas da Espanha em “republiquetas corruptas”.
Os jornalistas brasileiros reagimos. Mostramos o vício de mercado de pegar uma situação momentânea e projetar por anos. Fizeram isso nas primeiras privatizações das quais participaram as espanholas e passaram para os leitores a ideia de que haveria um crescimento exponencial permanente. Depois, na primeira crise, projetaram os dados do momento para prever a bancarrota.
Dissemos, em bom tom, que a economia brasileira era mais pujante que a espanhola, tínhamos empresas melhor administradas, um agronegócio muito superior. A única vantagem das empresas espanholas era terem ido antes a mercado e adquirido algumas de nossas estatais. Se não fosse o Brasil, a Telefonica já teria sido absorvida pela Deutsch Telecom.
Bom, hoje em dia, não fossem os lucros brasileiros, Telefonica, Banco Santander e tantas outras teriam sido vendidos.
Lembro esses fatos a propósito da atual zona de conforto da economia brasileira.
Nos últimos anos, a economia brasileira deu um salto. Criou um mercado de consumo de massa apetitoso, atraiu investimentos externos. Mas toda essa base foi possível em cima de uma situação conjuntural: a explosão das cotações de commodities em função da emergência da China. Foram os superávits gerados pelas exportações de commodities que permitiram ao país apostar no mercado interno e atravessar com poucos danos a crise de 2008.
Nesse período pouco foi feito para fortalecer a produção interna. Pior: o país está aceitando passivamente o papel de fornecedor de matéria prima e consumidor de produto acabado da China. Da mesma maneira que fez com a Inglaterra no século 19 e com os EUA em períodos do século 20.
A defesa da produção nacional se resume a declarações recorrentes de Ministros, de medidas de defesa comercial pontuais, beneficiando um ou outro setor. O principal preço da economia, o principal instrumento de política econômica – o câmbio – continua ao sabor da conjuntura internacional.
Pouco antes da campanha eleitoral, a então chefe da Casa Civil Dilma Rousseff apresentou um programa minucioso de investimento setorial a partir do pré-sal.
No fundo, a política industrial parece ter se convertido no exercício de tapar buracos da peneira cambial, sem nenhuma visão estratégica.
O país já possui todas as peças do tabuleiro para jogar xadrez de bom nível. Mas a visão estratégica não vai além de um jogo de damas.
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