O otimismo dos analistas com os resultados da Petrobras

Do Brasil Econômico

Aumento de combustíveis deve impulsionar Petrobras

Marcelo Ribeiro

Analistas do mercado esperam que a estatal estabeleça o início da trajetória de recuperação a partir de seu resultado do primeiro trimestre de 2013.

Dois dias depois da Vale apresentar resultados satisfatórios, a Petrobras divulgará os seus resultados referentes ao primeiro trimestre deste ano nesta sexta-feira (26/4). Ainda que seja considerada uma verdadeira caixinha de surpresas, há um consenso otimista entre os analistas de mercado. A maioria aposta as fichas em uma ligeira recuperação da estatal, o que poderia simbolizar o início de um processo de retomada mais expressivo ao longo de 2013.

O crescimento das vendas dos combustíveis no mercado doméstico foi apontado por Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora, como um fator positivo para a melhora. Ainda assim, o especialista vislumbra com preocupação os possíveis impactos que as reduções das exportações, a queda da produção e a necessidade de importar podem atribuir ao balanço trimestral. 

“A Petrobras sempre é uma verdadeira surpresa. Os ativos da companhia perderam muita força ao longo deste trimestre. Com um início de ano complicado, acredito que o lucro consiga superar os números do trimestre anterior, mas deve ficar bem abaixo do registro do primeiro trimestre do ano passado”, avalia Galdi. 

“O principal problema é que a Petrobras teve que importar muito combustível para suprir a demanda, que cresceu de maneira meteórica em função das vantagens estabelecidas pelo governo para a compra de automóveis. Como não houve investimento em aumento de produção, a única possibilidade foi a importação”, emenda.

A opinião de que o lucro líquido da petrolífera deve atingir um patamar intermediário é compartilhada por Mitsuko Kaduoka, diretora de análise de investimento da BI&P – Indusval & Partners Corretora, que enxerga com otimismo o fato de a estatal ter antecipado a divulgação dos números trimestrais. Ela destaca que os dois aumentos de preços (da gasolina, em janeiro, e do diesel, em março) devem ser o principal motor para que seja estabelecido um cenário positivo para o início do ano da Petrobras.

“Ainda que a importação tenha sido a única escapatória, os aumentos dos preços dos combustíveis podem amenizar essa questão”, considera Mitsuko.

Os analistas do banco de investimentos Espírito Santo, Oswaldo Alcântara Telles Filho e Filipe Rosa, esperam o início de uma recuperação das margens. A diminuição dos custos financeiros, que tiveram impacto direto da valorização do real, também podem impulsionar o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês). Para eles, o aumento deve ser de 25% nos três primeiros meses de 2013, para R$ 14,9 bilhões.

Diante das possibilidades, os especialistas mantiveram a recomendação de compra para o ativo da estatal e estabeleceram que o preço alvo do papel PETR4 é de R$ 35,50.

Alcântara e Rosa também vislumbram melhora mais acentuada no segundo trimestre, quando a produção deve aumentar e o resultado ainda sofrerá impactos do reajuste de preços dos combustíveis.

Daqui para frente, se os preços de petróleo e derivados permanecerem nos níveis atuais, nós consideramos que os reajustes serão irrelevantes, e o crescimento das importações passariam a ser uma fonte de preocupação”, explica a prévia do Espírito Santo.

Para os três primeiros meses de 2013, eles apostam que a receita líquida caía ligeiramente (2,9%) para R$ 71,3 bilhões, e que o lucro líquido seja de R$ 6,7 bilhões, 14% inferior ao reportado no quarto trimestre de 2012.

Outra hipótese a ser considerada é que a ausência de ganhos tributários também impacte no resultado, avalia Luiz Francisco Caetano, analista da Planner Corretora. “É importante ressaltar ainda que a Petrobras teve um elevado ganho tributário (R$ 2,1 bilhões) no quarto trimestre, gerado pela concessão de juros sobre o capital próprio, fato que não se repete neste trimestre”.

Ele também destaca o reajuste dos combustíveis e a redução dos gastos em função da variação cambial.

“No trimestre, os resultados da Petrobras serão beneficiados por dois aumentos de preços. No final de janeiro houve uma correção de 5,4% nos preços do diesel e 6,6% na gasolina. No dia 5/março, o preço do diesel subiu 5%”, explica Caetano. “Não acreditamos que a Petrobras tenha nenhuma redução expressiva nos custos de produção, mas apenas algum pequeno ganho advindo da valorização do real no trimestre (1,2%). No entanto, a empresa deve continuar reduzindo os custos com poços secos e subcomerciais no Brasil”, complementa. 

Por outro lado, o analista da Planner também estima que os custos possam subir com o aumento da importação de petróleo e afins. 

Neste contexto, Caetano projeta um aumento de 7% no Ebitda, para R$ 12,7 bilhões. Além disso, ele espera que a receita permaneça inalterada, enquanto estima uma queda de 7% do lucro líquido para R$ 7,2 bilhões.

Luis Nassif

Luis Nassif

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