Economia

Petrobras termina 2023 com melhor resultado financeiro ante concorrência externa

O lucro líquido de R$ 124,6 bilhões contabilizado pela Petrobras no ano de 2023 foi considerado o segundo mais alto da história da empresa, e também melhor na comparação com outras empresas do setor.

No quarto trimestre do ano, o lucro líquido foi de R$ 31 bilhões, 28,4% abaixo dos R$ 43,321 bilhões contabilizados no quarto trimestre de 2022.

Embora o mercado financeiro tenha feito críticas com relação ao balanço por conta da política de dividendos, o resultado por si só ao final do ano foi melhor do que o resultado financeiro apresentado pelos seus pares.

Por exemplo: no quarto trimestre de 2023, a ExxonMobil contabilizou um lucro líquido de US$ 7,63 bilhões, 40% abaixo do visto no mesmo período de 2022, enquanto os lucros ao longo do ano foram 35,4% menores, ficando em US$ 36 bilhões, segundo o site ADVFN.

Já a Chevron obteve um lucro líquido de US$ 2,25 bilhões no quarto trimestre, queda de 64,4% ante os últimos três meses de 2022, ao passo que o lucro anual foi 39,7%, em US$ 21,3 bilhões, como destaca o Valor Econômico.

No caso da Shell, o site ADVFN afirma que o lucro reportado em 2023 foi de US$ 28 bilhões, queda de 30% ante 2022, ao passo que o lucro líquido no quarto trimestre, de US$ 7,3 bilhões, ficou abaixo dos US$ 9,8 bilhões de 2022.

“Realmente, os dados apresentados no balanço da Petrobras confirmam que, apesar da queda nas ações, a empresa teve um desempenho financeiro notável em comparação com seus concorrentes estrangeiros”, diz Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management.

Em entrevista exclusiva para o Jornal GGN, Gonçalvez explica que indicadores como lucro líquido, EBITDA e o fluxo de caixa operacional destacam “a solidez e eficiência da companhia”.

“Esses resultados demonstram que, mesmo em um cenário desafiador, a Petrobras conseguiu superar grandes petrolíferas internacionais como ExxonMobil, Shell e Chevron. Isso ressalta a resiliência da empresa e sua posição de destaque no mercado global de energia”, afirma.

Percepção semelhante foi compartilhada por João Abdouni, da Levante Corp, ressaltando que a apreensão dos investidores foi decorrente da retenção dos dividendos. “A Petrobras tem operações mais rentáveis quando comparado a grande maioria das petroleiras globais, neste sentido pode se dizer que sim”.

Impacto generalizado

Pode-se dizer que todo o mercado de petróleo e gás começou o ano de 2023 cercado de preocupações sobre a retomada econômica global, além da retomada do consumo de petróleo na China.

Segundo a Petrobras, o primeiro semestre de 2023 registrou “interrupções na oferta de petróleo, juntamente com cortes voluntários da OPEP+. A partir do terceiro trimestre de 2023, apesar das preocupações econômicas persistentes, os preços do petróleo apresentaram uma recuperação devido às restrições na oferta e à robustez da demanda”.

Neste cenário, a Petrobras fechou 2023 com uma receita líquida menor em comparação com 2022, principalmente devido à queda de 18% do preço do Brent e dos crack spreads (diferença estimada entre o preço do produto refinado e o óleo cru) de derivados, especialmente do diesel.

“Apesar desses desafios, vale ressaltar que tais impactos negativos foram parcialmente mitigados pelo aumento do volume de petróleo comercializado ao longo do período, com destaque para o crescimento nas exportações”, diz a estatal brasileira.

Quanto ao custo dos produtos vendidos, o aumento de 5,3% ante o terceiro trimestre de 2023 reflete “maiores custos com participações governamentais, o aumento dos volumes exportados de petróleo e derivados, o maior volume de petróleo vendido no mercado interno, além da maior participação do gás boliviano e do GNL no mix de vendas”.

Tais fatores foram parcialmente compensados pelo menor volume de vendas de derivados no mercado interno, com destaque para o diesel.

Em 2023, o custo dos produtos vendidos apresentou queda de 24,8% em relação a 2022, refletindo principalmente a redução nos custos de importação de petróleo, gás natural e derivados, decorrente tanto da diminuição nos preços quanto dos volumes importados.

“Além disso, as participações governamentais também diminuíram devido à desvalorização do Brent e dos preços do gás natural. Contribuíram para essa redução também os menores volumes vendidos no mercado interno, os menores custos das operações no exterior e os menores volumes de vendas de energia elétrica”, diz a Petrobras.

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Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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  • Não se pode esquecer que os resultados dos últimos anos da Petrobrás foram escandalosamente turbinados com a VENDA de ATIVOS "irrelevantes" como a rede de dutos (que agora virou despesa de aluguel), refinarias e a maior distribuidora de combustíveis e lubrificantes do país. Fora a indecente distribuição de dividendos igual ou maior que estes lucros, o pre;co internacional do petróleo e o preço local com margem imoral, digo internacional... TUDO ISSO PRO BOLSO DE ACIONISTAS, >40% estrangeiros. Thanks, plin, plin!

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