Educação

Após bloqueios no MEC, Capes deixa de pagar mais de 200 mil bolsistas em dezembro

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) admitiu não ter condições de pagar os 200 mil bolsistas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, além dos 14 mil residentes de medicina. A nota foi publicada na noite desta terça-feira (6), após denúncia feita pelo grupo de transição (GT) de Educação do governo Lula 3 mais cedo.

“Qual é o risco que a educação brasileira tem hoje? Primeiro: não pagar as bolsas dos estudantes de medicina residentes. São 14 mil estudantes que não vão receber a bolsa este mês, se nada for feito. O mesmo vale para os estudantes da Capes, de mestrado e doutorado e pós-doutorado”, adiantou Aloizio Mercadante, coordenador dos grupos de trabalho e ex-ministro da Educação.

Em nota, a Capes atribuiu o atraso aos dois bloqueios de recursos impostos pelo Ministério da Economia. O depósito das bolsas deveria ocorrer até esta quarta (7).

Secretário executivo do Ministério da Educação até 2016, Luiz Cláudio Costa afirmou ainda que o orçamento previsto para o próximo ano para as bolsas de pós-graduação é 39% menor em comparação a 2010. “Estamos falando de bolsas que estão praticamente congeladas. O último aumento de bolsas que tivemos foi durante o período de Mercadante como ministro da Educação”, continua Costa.

Sem condições de funcionar

Mais que a falta de recursos, a equipe de transição enfrenta ainda o desafio de quase R$ 480 milhões de restos a pagar. “Reitores já me ligaram, conversaram comigo. Eles estão fechando portas mesmo porque não têm financeiro para pagar a bolsa do estudante, para pagar o terceirizado”, afirmou o ex-secretário.

Costa acrescenta ainda que, apenas com o recurso previsto para o próximo ano, as universidades e institutos federais não têm a menor condição de funcionar, tanto no que se refere a investimentos, quanto ao custeio das atividades educacionais.

Twitter

O anúncio da suspensão do pagamento dos bolsistas gerou um grande tuitaço nas redes sociais. A partir da hashtag #PagueMinhaBolsa, diversos estudantes expressaram revolta pelo atraso, apesar da dedicação exclusiva ao programa de da Capes.

Trabalho 14 horas por dia. Com dedicação exclusiva, ganhando uma bolsa de 2200. Sem férias, décimo terceiro. Sem plano de saúde, sem insalubridade. Tendo que produzir no limite da exaustão. E ainda não recebi pelo que eu produzo! #PagueMinhaBolsa pic.twitter.com/Rto8XhNiPJ— Naila Neves (She/Her) (@nanaineves) December 6, 2022

Camila Bezerra

Jornalista

Camila Bezerra

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