Haddad promete estudar igualdade salarial entre homens e mulheres

“Não é verdade que não tem nada a fazer” pelas mulheres no mercado de trabalho, diz Haddad. Em entrevista ao GGN e outros sites independentes, o candidato a vice-presidente prometeu Ministério das Mulheres e indicou como “desafio” ao PT estudar as experiências internacionais sobre isonomia salarial. Ele também rebateu Marina Silva sobre a discussão do aborto
Manuela D’Ávila e Fernando Haddad, em coletiva de imprensa no PCdoB, em 7 de agosto. “Manu” será vice de Lula, caso o ex-presidente possa participar da eleição neste ano. Se a Justiça derrubar o “plano L” do PT, Haddad assumirá o lugar de Lula. Até lá, o ex-prefeito é o vice. Foto: Ricardo Stuckert
Jornal GGN – Porta-voz da candidatura de Lula à Presidência e coordenador do programa do PT, Fernando Haddad disse, na manhã desta terça (7), que “não é verdade que não tem nada a fazer”, em termos de políticas públicas, para garantir a igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho. “Temos que pesquisar no mundo para avançar. Nosso grande desafio é esse”, comentou.
Questionado pelo GGN durante coletiva de imprensa com jornalistas da mídia independente, Haddad também rebateu a presidenciável Marina Silva, da Rede, que recentemente  posicionou-se contra o Supremo Tribunal Federal julgar a ação que descriminaliza o aborto até a 12ª semana de gestação.
Segundo Haddad, o programa de governo do PT propõe nesta eleição a criação do Ministério da Mulher, que terá como principal objetivo resgatar as ações de promoção de igualdade de gênero que vinham sendo implementadas desde os governos Lula e Dilma.
Especificamente sobre a isonomia salarial entre homens e mulheres – tema que vem sendo debatido em entrevistas com presidenciáveis – Haddad avaliou que houve um salto “impressionante” das mulheres na educação, principalmente no ensino superior, mas observou que é preciso “olhar o mercado de trabalho mais seriamente”, porque “não é verdade que não tem nada a fazer”.
“Existem hoje mulheres, jovens inclusive, que estão chegando ao poder, na Europa e na Oceania, sobretudo, que estão provomendo políticas de igualdade no salário sem violar liberdade de contrato [com as empresas], mas que são ações eficazes de promoção de política para mulheres no mundo do trabalho”, disse Haddad.
Ao contrário do afirmam candidatos como Jair Bolsonaro e João Amôedo, que discutem o tema sob a perspectiva do “intervencionismo” indevido no mercado, há iniciativas internacionais que podem servir de exemplo.
“Isto está acontecendo por meio de ação governamental e com apoio das empresas. Não é uma interferência no sentido tradicional do termo, é uma pactuação das empresas em proveito de uma maior igualdade no mundo do trabalho. Precisamos pesquisar o que está acontecendo no mundo. Se não me engano, a Islândia está dando selo de qualidade a empresas comprometidas com a igualdade de gênero. Temos que pesquisar no mundo para avançar. Nosso grande desafio é esse.”
DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO
Sobre a questão do aborto ser discutida no Supremo Tribunal Federal, Haddad disse que discorda “da tese de Marina”. Na visão da presidenciável da Rede, o STF está legislando no lugar do Judiciário ao discutir o assunto sob relatoria da ministra Rosa Weber. Mas, segundo Haddad, o Judiciário tem o direito de intervir neste caso por se tratar de tema relacionado a direitos fundamentais.
“Eu discordo da tese da Marina. Eu [também] sou contra o Supremo legislar sobre o que quer que seja. Se o Congresso aprova cláusula de barreira, sou contra o Supremo dizer que não pode. Se o Congresso aprova parcelamento de precatório, eu sou contra o Supremo dizer que não pode. (…) Agora, o Congresso não pode legislar sobre cláusula pétrea, direito fundamental e garantias individuais. Neste caso, sim, o Supremo pode opinar porque a democracia não é só direito da maioria. É um direito da minoria.”
Haddad lembrou que o Supremo já declarou constitucional a união estável homoafetiva, sob a luz da Constituição, sem que existisse lei nesse sentido. Pelo argumento usado por Marina, essa atitude do STF teria sido irregular. “Do meu ponto de vista, não, porque o Supremo baseou decisão em cláusula pétrea da Constituição. É difícil de entender, mas democracia moderna é governo da maioria, mas os direitos não são julgados dessa maneira. Os direitos individuais são preservados pelo Judiciário e, às vezes, contra a maioria. Por isso aqueles que querem plebiscitar cláusula pétrea estão equivocados.”
“Precisamos ter clareza que o Supremo está fazendo o papel dele. Existe uma divergência na sociedade profunda sobre direito fundamental [relacionado ao aborto] e é papel do Supremo dizer o que é cláusula pétrea e o que não é. O mesmo vale para o usuário ou dependente químico. Tem lei de 2006 que diz que o uso não é criminalizado, mas ficou mal arrumado porque não se sabe qual é a quantidade que define tráfico. (…) Hoje encarceramos mais do que antes, na maioria das vezes por quantidade ridícula de drogas. (…) O Supremo chamou para si, para pacificar.”
Na visão de Haddad, os dois assuntos – descriminalização do aborto e das drogas – devem ser tratados sob a perspectiva da “saúde pública”. “Cuidar das pessoas. É assim que eu vejo o tema.”

“Existem hoje mulheres, jovens inclusive, que estão chegando ao poder, na Europa e na Oceania, sobretudo, que estão provomendo políticas de igualdade no salário sem violar os contratos [com as empresas], mas que são ações eficazes de promoção de política para mulheres no mundo do trabalho”, disse Haddad.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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  • A dupla Haddad e Manuela deixou uma ótima primeira impressão!

    A dupla Haddad e Manuela deixou uma ótima primeira impressão!

    • Fernando

      Pela lei varios paises tem lei de equivalência salarial entre mulheres e homens, porém, como na França, no Brasil o mercado de trabalho não aplica a lei como se deveria. Na França, Emannuel Macron pediu ao seu governo que elabore um plano para que as empresas à partir de uma certa data (parece ja em 2019) obdeça a lei e equipare os salarios de seus empregados femininos e masculinos. 

      O trabalho da mulher era considerado inferior ao do homem e com essa desculpa até hoje paga-se menos as mulheres em postos equivalentes e trabalhando o mesmo numero de horas por dia que aos homens. Quando que é os homens vão também se insurgir contra a exploração de suas mulheres, mães, tias, filhas, amigas?

  • O país dos golpes
    Estes dois conseguem segurar o país dos golpes? Conseguem segurar a violência da elite deste país? E os intetesses do granďe capital? As vezes penso que todos brincam de eleições.

  • Uau, esse é o nosso novo tucano do PT.

    Bem, considerando verdade o que ele disse, é de estarrecer: "promete estudar"...

    Puta que nos parío, ai, ai, ai carai.

    E después, la cagada final:

    "O stf está fazendo o papel dele"?

    Que papel dele, o de legislar?

    Não é de se admirar que esse gajo tenha levado uma sova do cretino do dória trump, ó pá...

  • ELEIÇÂO SEM LULA È FRAUDE

    ELEIÇÂO SEM LULA È FRAUDE !!!  ..estamos reféns dum golpe  ..o POVO PARVO esta sendo conduzido por um JUDICIÀRIO CRIMINOSO

    Esta eleição não é convencional

    Haddad não é substituto, é representante  ..NÃO tem que propor nada  ..ele NÂO é candidato, é representante

    Prisão e idéias, realizações do governo de LULA   ..estes são o foco  ..não as idéias de Haddad ou do PT

  • A chapa que já nasce derrotada

    Com o País destruído por um golpe de Estado midiático-policial-jidicial-parlamentar, coordenado pela finança internacional e pelo Deep State estadunidense, no qual a fome, a miséria e a mortalidade infantil voltaram a crescer, com cerca de 30 milhões de pessoas desempregadas (mais 25% da PEA), com um contingente maior do que esse de pessoas sub-empregadas e apenas cerca de metade da PEA formalmente empregada, com direitos restringidos ou extintos, salários achatados e em queda real... Com esse cenário de tragédia e destruição vem a dupla do Plano B com essas pautas identitárias, polêmicas e pretensamente inclusivas!? 

    Esse discurso de FH cairia bem se ele e Manuela D'Ávila fossem candidatos do PSOL e o Brasil não estivesse sob um golpe de Estado e desmonte do Estado Nacional. Na quadra atual, focar a campanha nessa pauta identitária apenas fortalece a extrema direita (Jair Bolsonaro-Hamilton Mourão) e o establishment golpista (Geraldo Alckmin et caterva).

    É vergonhoso e mesmo indecente ver o "PT jurídico" ou "PT judicial" seqüestrar e se apossar do partido que um dia foi dos trabalhadores, formado a partir de bases operárias, de comunidades eclesiais de base, de guerrilheiros, intelectuais, pensadores, acadêmicos, jornalistas, analistas e outros democratas e combatentes dos ideais de Esquerda. Essa versão tropical de Emanuel Macron é bem menos refinada e convincente que a original.

    Uma eleição em que o Ex-Presidente Lula, mantido preso político há mais de 4 meses numa solitária curitibana, que detém cerca de 50% da preferência dos eleitores brasileiros, não possa concorrer,  É UMA FRAUDE. Se o PT e outros partidos que se consideram de Esquerda, ou pelo menos democratas, apresentarem candidatos para um eleição sem Lula, eles estarão chancelando  e legitimando o golpe de Estado, pensado para pilhar o Brasil de suas riquezas, destruir seus setores estratégicos e proscrever qualquer segmento nacionalista-desenvolvimentista e que pense num projeto de desenvolvimento com inclusão social, que são as "esquerdas".

    Apresentar uma chapa fadada ao fracasso e à derrota, como essa composta por Fernando Haddad e Manuela D'Ávila, é não apenas chancelar a FRAUDE, mas facilitar o trabalho de legitimação do establishment golpista. Parece até um jogo combinado com os que deram o golpe de Estado.

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