Governo não sabe se vai desligar termelétricas

Da Agência Brasil

Nível de reservatórios sobe, mas não há previsão de desligar térmicas

Por Sabrina Craide 

A energia consumida no Brasil é produzida principalmente por usinas hidrelétricas com complementação de termelétricasDivulgação/Usina Hidrelétrica de Mauá

Apesar de uma melhora no nível dos reservatórios das hidrelétricas neste ano em relação ao ano passado, ainda não há uma definição do governo sobre a possibilidade de desligar as termelétricas que foram acionadas para garantir a oferta de energia para o país. O uso das usinas térmicas aumenta o preço da energia, refletido na aplicação da bandeira tarifária vermelha nas contas de luz de todos os consumidores.

Em agosto do ano passado, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) determinou o desligamento de usinas térmicas com maior custo de geração. A medida foi proposta pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), devido à recuperação de parte dos níveis de armazenamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas. Segundo o Ministério de Minas e Energia, isso gerou uma economia de R$ 5,5 bilhões no segundo semestre de 2015 e permitiu que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) reduzisse o valor da bandeira tarifária vermelha de R$ 5,50 para R$ 4,50 por quilowatt-hora consumidos.

Mas, de lá para cá, não houve nova determinação do CMSE para que outras térmicas fossem desligadas. Na reunião mais recente do grupo, há uma semana, foi determinado que ONS deverá continuar acompanhando as condições hidroenergéticas do Sistema Interligado Nacional para, em função da sua evolução, propor ao CMSE a definição da geração térmica necessária para a garantia do atendimento energético do país.

Na avaliação do presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, a energia das termelétricas deverá continuar sendo usada pelo menos até abril, quando termina o período mais chuvoso no país, para que se possa para avaliar as condições dos reservatórios das hidrelétricas e decidir sobre a possibilidade do desligamento. “Aí então se terá segurança para poder, eventualmente, promover o desligamento parcial dessas usinas”, diz. Atualmente, as termelétricas que estão ligadas geram cerca de 14 mil megawatts médios de energia.

O nível dos reservatórios do Subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que é responsável por cerca de 70% do armazenamento de água para a geração de energia no país, está em 39,1% atualmente. Em janeiro do ano passado, o nível chegou a 16,8%. “Não é um número espetacular, é relevante em relação ao ano passado, mas historicamente, nesta época os níveis são mais elevados. Mas é uma melhora significativa”, destaca Sales.

A situação dos reservatórios do Sul é ainda mais confortável. O nível de armazenamento das hidrelétricas da região está em torno de 95%, acima dos 60% registrados no ano passado. No Norte, o nível está atualmente em 19,4%, mais baixo que no ano passado, mas as chuvas dos próximos meses na Região Amazônica deverão estabilizar a situação.

A situação mais preocupante é a da Região Nordeste, onde os reservatórios estão com 8,1% de sua capacidade máxima. Mas, neste caso, a demanda de energia na região é suprida pelo uso de termelétricas e usinas eólicas e também pela energia recebida de outras regiões pelo Sistema Interligado Nacional.

Segundo o Ministério de Minas e Energia, não há previsão de religar as termelétricas mais caras no Nordeste por causa da falta de água nos reservatórios. “Essas térmicas mais caras continuarão sendo usadas apenas para os seus objetivos originais: de fortalecer o sistema eventualmente, em horários de pico; de substituir outras térmicas em manutenção; ou compensar alguma restrição elétrica que dificulte o abastecimento de outra fontes”, informou a pasta.

A matriz energética brasileira é denominada hidrotérmica, ou seja, a energia que é consumida no país é produzida principalmente por hidrelétricas com complementação de termelétricas – movidas a óleo, gás natural, carvão e biomassa. Quando o nível dos reservatórios das hidrelétricas fica muito baixo, o governo determina um acionamento maior de termelétricas, para que não haja risco de faltar energia no país. No entanto, essa energia é mais poluente e mais cara que a gerada por hidrelétricas, e o custo acaba sendo repassado para os consumidores.

Redação

Redação

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  • Essa indecisão afeta os

    Essa indecisão afeta os consumidores, visto que o uso de termeelétricas eleva o custo na produção de energia, e esse custo, por meio do sistema de bandeiras, é repassado ao consumidor final.

    Tal repasse tem um efeito tenebroso na economia, pois as empresas repassam o custo adicional aos seus produtos e serviços. 

    Diante de tais fatos, o governo não poderia estar "indeciso". Já deveria ter um parecer técnico para justificar o funcionamento ou desativação das termelétricas.

    Coisas desse tipo é que jogam a credibilidade  do governo no ralo.

    • Plenamente de acordo com o

      Plenamente de acordo com o teu comentário. Um dos fatores que mais contribuíram para o desgaste do atual governo foi o aumento na conta da energia elétrica, um insumo universal. 

      Seria burrice ao quadrado a presidente não examinar essa hipótese de acabar com essa droga de "bandeira vermelha".
       

       

  • AUMEIDA, vc foi avisado que isso aconteceria. ...
    AUMEIDA, vc foi avisado que isso aconteceria. Foi avisado que seu ativismo LEVARIA A INCORPORAÇÃO das térmicas a NOSSA BASE! Não venha fingir por aqui....

    As térmicas caríssimas movidas pelos combustíveis mais caros produzindo o MWH Mais caro possível, fazem parte da base. Não existe backup.

    E tem mais, produzem CANCERES para a população local funcionando normalmente E sem acidentes. É bom para controle populacional pq aumenta o índice de mortes de crianças.

    Isso é o resultado do ativismo político dos AUMEIDAS da vida.
    Eles são contra nucleares, o resultado é isso aí que Vcs estão vendo.

    • Puxa! Quer dizer que meu ativismo solitário causou tudo isso?

      Não tenho esse poder. Ponha tal coisa na conta da incompetência, na gestão oportunista e demagógica do governismo, na entrega do Setor Elétrico ao balcão de negócios espúrios conhecido pela sigla pmdb.

      Defendo com convicção e orgulho, a posição contrária à opção nuclear para geração de energia. No mundo atual, paises modernos e avançados tecnologicamente, como a Alemanha, Bélgica, Suíça e Japão optaram pelo abandono da opção nuclear. A França, que é relativamente a maior usuária de energia nuclear, adotou lei recente que institui contagem regressiva, para diminuir a dependência da energia nuclear. A opinião reinante em centros de excelência no conhecimento científico e tecnológico é igualmente a minha.

      O Brasil não precisa de usinas nucleares, diz Joaquim Francisco de Carvalho,  antigo defensor da opção nuclear que hoje revê sua posição. Tenho a mesma opinião dele, que tem militância antiga em planejamento energético e muito reconhecimento na sua atuação profissional, fico até um pouquinho vaidoso por isso. Quando eu tiver alguma dúvida, por exemplo, sobre o meu imposto de renda, vou dar ouvidos a um bacharel em contabilidade como você,  mas em matéria de planejamento energético eu não tenho nada a aprender com um contador.

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