No tempo – O estudo e exploração do xisto no Brasil

Jornal GGN – A indústria de xisto voltou ao centro do debate energético com a exploração norte-americana do insumo. Aqui no Brasil, ela começou em 1954, quando a Petrobras construiu uma usina no Paraná. O xisto gera óleo combustível, a nafta, gás combustível, gás liquefeito e enxofre, e ainda produtos que podem ser utilizados nas indústrias de asfalto, cimenteira, agrícola e de cerâmica. A capacidade instalada da Petrobras é de 5.880 toneladas por dia.

Enviado por Assis Ribeiro

Unidade de Industrialização do Xisto (SIX)

Da Petrobras

É instalada a Superintendência da Indústria de Xisto, no Paraná, para potencializar produção da matéria prima na região. Acervo: Usina de Xisto do Paraná

Informações gerais

A Industrialização do Xisto (SIX) é uma unidade de operações localizada em São Mateus do Sul (PR) sobre uma das maiores reservas mundiais de xisto, ou folhelho pirobetuminoso – uma rocha sedimentar, com conteúdo de matéria orgânica na forma de querogênio, que somente por aquecimento (pirólise) pode ser convertido em óleo e gás.

Unidades/terminais aos quais se liga

O Petrosix®, tecnologia que criamos e patenteamos para a exploração do folhelho pirobetuminoso, contempla todas as etapas do processo industrial. Os óleos combustíveis industriais obtidos a partir do xisto são indicados para o consumo industrial em centros urbanos. O gás é encaminhado para a unidade de tratamento, para a produção de GLP, enxofre e gás combustível (que por sua vez é destinado via gasoduto para uma indústria cerâmica, cliente e vizinha à SIX). A nafta é destinada para a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária (PR) para a geração de combustíveis a partir do processamento na refinaria.

Breve história

A nossa exploração do xisto iniciou em 1954, no município de Tremembé, Vale do Paraíba (SP). Em 1959, decidimos pela construção de uma usina em São Mateus do Sul (PR). O início da operação da primeira unidade de produção ocorreu em 1972. Com a entrada em operação, da segunda unidade, o módulo industrial, em dezembro de 1991, concluímos uma etapa importante de consolidação da nossa tecnologia de extração e processamento do xisto, denominada Petrosix®.

Os produtos que geramos com o xisto são o óleo combustível, a nafta, gás combustível, gás liquefeito e enxofre, e ainda produtos que podem ser utilizados nas indústrias de asfalto, cimenteira, agrícola e de cerâmica.

Os óleos combustíveis industriais obtidos a partir do xisto são indicados para o consumo industrial em centros urbanos. Trata-se de um tipo de óleo de alta fluidez e de elevada facilidade de manuseio, eliminando a necessidade de pré-aquecimento, com conseqüente redução dos custos operacionais de queima, caracterizando-se assim como ideal para regiões de clima frio.

Características técnicas

A SIX funciona também como um centro avançado de pesquisa na área de refino, onde são desenvolvidos vários projetos em conjunto com o nosso centro de pesquisa (Cenpes) e universidades. O parque tecnológico da SIX é o maior da América Latina e um dos maiores do mundo em plantas-piloto, composto por 15 unidades criadas para atender as necessidades dos variados processos de refino. Utilizamos esse insumo tecnológico para ampliar nossa eficiência e rendimentos.

Capacidade instalada

A capacidade instalada é de 5.880 t/d.

Principais produtos

Óleos Combustíveis, GLP, gás combustível, nafta, enxofre e insumos para pavimentação que são utilizados pelos mais diversos segmentos industriais, tais como cerâmica, refinaria de petróleo, cimenteira, usinas de açúcar e agricultura. No ramo de fertilizantes, a SIX produz a Água de Xisto que é um insumo para a formulação de fertilizantes foliares, com eficácia comprovada por extensas pesquisas realizadas pela EMBRAPA e IAPAR através do Projeto Xisto Agrícola.

Mercados que atende

O principal mercado da SIX se concentra no estado do Paraná. No entanto os produtos alcançam vários estados, entre eles, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Redação

Redação

View Comments

  • já estive por lá,

    a percebi que o teor de enxofre e compostos sulfúricos é grande. carros utilizados na planta começam a enferrujar por toda parte. em um 2 ou 3 anos já estão em avançado estado de oxidação.

    penso que a grande vantagem de nossa extração em relação aos americanos é que esta é feita a partir de uma vala a céu aberto, não é utilizado o método de fracking.

  • No ano de 2011, na condição

    No ano de 2011, na condição de estudante do curso de Geografia/bacharelado, disciplina de Análise Ambiental,  da Universidade Estadual de Londrina (UEL), participei de Trabalho de Campo nesse local e minha visão a respeito está no Relatório que estou anexando. Para quem não tiver a paciência de ler esse trabalho corriqueiro de graduação, posso adiantar que o custo para a população e meio-ambiente é bastante alto a despeito de todas as ações mitigadoras.

     

    ANÁLISE AMBIENTAL

    AULA DE CAMPO 03 NOV. 2011

    PETROSIX - SÃO MATEUS DO SUL

    A SIX

    A Petrobrás mantém na cidade paranaense de São Mateus do Sul uma Unidade de Negócios da Industrialização do Xisto (SIX) que consiste na extração de rochas sedimentares (folhelho pirobetuminoso) para obtenção de óleo combustível, nafta, gás combustível, gás liquefeito, enxofre e ainda subprodutos que podem ser utilizados nas indústrias de asfalto, cimenteira, agrícola e de cerâmica. Para obtenção dos produtos finais, a SIX processa diariamente 7.800 toneladas de rocha, extraídas de minas a céu aberto, sendo que o processamento, grosso modo, vai desde a fragmentação da rocha, - com a separação (peneiramento) dos fragmentos menores que ainda não são utilizados - até seu aquecimento a temperaturas em torno de 500º C, restando finalmente o que se denomina xisto retortado. A esse processo são adicionados pneus inservíveis, conforme Fig. 1.

    Fig. 1. Lavra e processamento do xisto

                     Fonte: Divulgação Petrobrás

     

    SOLO DA REGIÃO

    Para a Pedologia, que é a ciência que estuda a sua formação solo é a camada viva que recobre a superfície da terra, em evolução permanente, por meio da alteração das rochas e de processos pedogenéticos comandados por agentes físicos, biológicos e químicos. O solo é o resultado de algumas mudanças que ocorrem nas rochas. Estas mudanças são bem lentas, sendo que as condições climáticas e a presença de seres vivos são os principais responsáveis pelas transformações que ocorrem na rocha até a formação do solo. O solo da região de São Mateus do Sul é denominado Formação Irati, sua gênese ocorreu a aproximadamente 280 milhões de anos e possui em seus cinco primeiros horizontes as seguintes camadas:

     1. solo superficial onde há a presença de material orgânico;

    2. camada argilosa;

    3. primeira camada  de folhelho;

    4. camada de rocha calcárea;

    5. segunda camada de folhelho.

    Perfil do solo de São Mateus do Sul - PR.

             Fonte: http://www.redeaplmineral.org.br/

     

    A ATIVIDADE E O AMBIENTE

    Para a extração do folhelho pirobetuminoso são necessárias escavações que variam de 30 a 40 metros de profundidade, com a conseqüente remoção da vegetação e a abertura de extensas crateras que impactam o ambiente e a paisagem. Quando do início das atividades em 1972, não havia nenhum modelo para a recuperação da área minerada e a Petrobrás precisou desenvolver, em 1977, um programa que permitisse a recomposição das matas com espécies nativas e o retorno da fauna a esses terrenos reabilitados.

    No processo de recuperação, a Petrobrás faz a deposição do folhelho retortado (após o processamento) nas áreas mineradas que é recoberto por uma camada de argila, depois é feita a reintrodução do solo vegetal original - que foi reservado após sua retirada - e em seguida é feita a recomposição vegetal com espécies nativas. Outra ação executada é a criação de lagos nas áreas degradas. (Fotos 1 e 2).

    Foto 1 Recomposição de área degradada

                                      Fonte: Divulgação Petrobrás

     

    Foto 2 Lago Sul

                            Fonte: Divulgação Petrobrás

    Segundo informações fornecidas pela pessoa responsável por guiar a visitação, quando da recuperação da primeira área minerada (degradada), devido à falta de uma tecnologia para recomposição do solo e conseqüente reintrodução da vegetação, a técnica utilizada para a colocação da camada de solo superficial deixou-o compactado, o que pode perceber-se pela queda das espécies de maior porte pela falta de condições para a penetração das raízes; a construção do chamado Lago Sul com o contato direto da água com o xisto retortado também trouxe problemas para a ictiofauna.

     

    IMPACTOS

    Impacto Sócioeconômico

    A instalação da SIX em São Mateus do Sul trouxe uma nova dinâmica para a economia do Município com a geração de empregos diretos (atualmente 800 empregos) e indiretos que revitalizou o comércio da cidade e aumentou a arrecadação de impostos. Segundo o prefeito Luiz Adyr Gonçalves Pereira, “o município melhorou sua arrecadação de impostos, contou com a geração de empregos e com a melhoria da qualidade de vida da população”, caracterizando a enorme importância do negócio em termos socioeconômicos. Também a infraestrutura urbana foi melhorada com a instalação de novos equipamentos como hospitais e ampliação do serviço de fornecimento de energia elétrica; a cidade que até então era apenas mais uma pequena cidade interiorana voltada para a agricultura viu suas ruas serem asfaltadas assim como a ligação com Curitiba e sua inserção na rede estadual de comunicações.

    Impacto Ambiental

    Em um estudo realizado no ano de 2009 pela mestranda do Departamento de Química da UFPR Jeniffer Santos, uma comparação entre os primeiros 75 cm da camada de solo da área reflorestada com a área nativa não apresentavam grandes diferenças em sua composição química; por outro lado, estudo também realizado no ano de 2009 pelo perito da USP, doutor em Ciências, Hélio Rech, apontou que a influência das emissões atmosféricas na saúde da população de São Mateus do Sul indica que a quantidade de material particulado na região da Petrosix está acima dos padrões aceitáveis. Segundo o pesquisador, “analisando o xisto e comparando os elementos do minério com os dos materiais particulados é possível afirmar que o elemento poluente que foi encontrado nessas partículas, como ferro, silício e enxofre, são os que compõem o xisto. Ou seja, os elementos que estão aderidos nessas partículas tem origem nas atividades mineradoras do xisto”. (AMAR, 2009).

    A SIX já foi multada duas vezes pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) por despejo de efluentes contaminados em rios da região de São Mateus nos anos de 2004 e 2006; entretanto, segundo o presidente desse órgão de fiscalização, atualmente a empresa mineradora está com o licenciamento ambiental em dia. (oeco, 2011). Por sua vez, a presidente da Associação de Defesa do Meio-AmbienteAraucária (AMAR), Lídia Lucaski criticou a posição do IAP; para ela, a fiscalização no local deveria ser mais rigorosa e também defendeu a necessidade de que a renovação de licença tenha que ser feita mediante a realização de um Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA).

    A gerente geral da SIX, Elza Kallas, garante que a tecnologia Petrosix atende a todos os padrões de emissões atmosféricas. “Buscamos antecipar tecnologias e evitar emissões de qualquer tipo, antes mesmo de haver legislação para isso. Sempre trabalhamos visando minimizar os impactos ambientais”.

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    A mineração é uma das atividades que mais agridem o meio-ambiente, causando danos à paisagem à fauna, flora e aos seres humanos; a atividade minerária da SIX em São Mateus do Sul acrescida do processamento e industrialização, certamente impacta fortemente o ambiente já que na fase industrial são expelidos gases e partículas no ar que nem sempre são controladas, conforme estudos citados acima. Quanto à recuperação de áreas degradadas, há que se repetir que o solo é a camada viva que recobre a superfície da terra, em evolução permanente, por meio da alteração das rochas e de processos pedogenéticos comandados por agentes físicos, biológicos e químicos; isto posto, fica a dúvida se a recomposição das áreas degradadas com rochas química e fisicamente modificadas não virão a ocasionar problemas ambientais no lençol freático e na própria superfície com o passar do tempo. Os procedimentos adotados pela SIX para compensar o dano ambiental, por mais que possam ser criticados, foram a solução encontrada ante uma situação inédita (falta de experiência anterior no assunto); no entanto, num horizonte mais amplo esse tipo de solução tem que ser melhor analisado, especialmente por existir grande reserva desse fonte de energia a ser explorada no país, podendo as jazidas, no futuro, serem administradas pela iniciativa privada, que não tem tanta “iniciativa” para dispender parte de seus lucros na recuperação de áreas degradas ou na prevenção de acidentes ambientais, como tem-se observado recentemente.

     

    REFERÊNCIAS

    http://amarnatureza.org.br/site/sao-mateus-do-sul-discute-o-ar-irrespiravel,6857/. Acesso em 17 Nov. 2011.

    http://www.oeco.com.br/reportagens/25031-na-america-do-sul-comeca-a-corrida-pelo-xisto. Acesso em 21 Nov. 2011.

    http://www.petrobras.com.br/minisite/refinarias/petrosix/portugues/oxisto/index.asp. Acesso em 21 Nov. 2011.

  • Xisto betuminoso

    Na chamada no Jornal GGN foi trocado o início de operação do unidade de xisto de Tremembé e São Mateus, o correto é em 1954 iniciou a produção em Tremembé e em 1972 em São Mateus. No post do Assis Ribeiro as datas estão corretas. 

  • O xisto é um xusto. Vocês ficarão "axustados" com a poluição.

    Os folhelhos pirobetuminosos naquela região são realmente objeto de estudos por parte da PETROBRAS há várias décadas. A poluição causada pelo xisto é terrível e a produção séria de combustível e gás através dessa rocha sedimentar só se deve dar em situações de descalabro (guerra aberta entre árabes e israelenses, convulsões políticas na Venezuela e o povo, revoltado, expulsando os 6 mil príncipes sauditas, verdadeiros parasitas da terra de Maomé.

Recent Posts

Comunicação no RS: o monopólio que gera o caos, por Afonso Lima

Com o agro militante para tomar o poder e mudar leis, a mídia corporativa, um…

4 horas ago

RS: Por que a paz não interessa ao bolsonarismo, por Flavio Lucio Vieira

Mesmo diante do ineditismo destrutivo e abrangente da enchente, a extrema-direita bolsonarista se recusa a…

6 horas ago

Copom: corte menor não surpreende mercado, mas indústria critica

Banco Central reduziu ritmo de corte dos juros em 0,25 ponto percentual; confira repercussão entre…

6 horas ago

Israel ordena que residentes do centro de Rafah evacuem; ataque se aproxima

Milhares de pessoas enfrentam deslocamento enquanto instruções militares sugerem um provável ataque ao centro da…

7 horas ago

Governo pede ajuda das plataformas de redes sociais para conter as fake news

As plataformas receberam a minuta de um protocolo de intenções com sugestões para aprimoramento dos…

7 horas ago

As invisíveis (3), por Walnice Nogueira Galvão

Menino escreve sobre menino e menina sobre menina? O mundo dos homens só pode ser…

10 horas ago