A opção Henrique Meirelles: a história não se repete

Por Motta Araujo
A OPÇÃO MEIRELLES – A HISTORIA NÃO SE REPETE – Na mesa das opções para Ministro da Fazenda está o nome de Henrique Meirelles. Será um bom nome? Não acredito. O quadro hoje é COMPLETAMENTE diverso do quadro de 2003, o Ministério da Fazenda é muito mais complexo que o Banco Central, enquanto este é 10% politico e 90% técnico, a Fazenda é o inverso, Meirelles não é um politico e não transita na politica. Tampouco tem sólida bagagem técnica ou conceitual em economia. Atribui-se a ele o papel de fiador de uma politica, qual politica? Não se definiu e Meirelles não tem capital de conhecimentos para defini-la, a Fazenda é muito mais que cambio e juros, tem a Receita, o Tesouro, as politicas de preços e rendas, o orçamento, as distribuições dos fundos de participação aos Estados e Municipios, as dividas dos Estados, os precatorios da União, as relações financeiras da União com as estatais, o Banco do Brasil, o BNDES, a Caixa Economica, as relações com o G-20, com o Mercosul, com a OMC, a politica de tarifas, o salario do funcionalismo, as emendas dos parlamentares, os emprestimos internacionais para infra-estrutura.
Como personalidade internacional Meirelles é peso levìssimo, já está aposentado há 15 anos, portanto fora de qualquer circuito decisorio ou de  exposição na comunicade financeira.  Em Wall Street, como em qualquer lugar, a fila anda.
No primeiro Governo Lula o papel de Meirelles foi exclusivamente de SINALIZADOR de um certo compromisso com os mercados. Hoje esse papel é insuficiente no Ministerio da Fazenda. Será preciso um perfil no qual o mercado veja PODER para fazer as reformas, especialmente a tributaria e esse poder Meirelles não tem e nem sequer tem a interlocução com o Congresso, com os diferentes nucleos do empresariado, que tem interesses conflitantes, com o mundo politico, essencial para as reformas. Cortar gastos, ministerios, conter a voracidade das corporações que querem aumentos, auxilios, bonus, mordomias, Meirelles não tem esse perfil. Seu papel de sinalizador é hoje muito modesto para tanta coisa que exige paciencia, apoios transversos , negociações que na politica são especificas.
Os desafios de Hercules, que exigem um Ministro com delegação real de poder da Presidente e ele proprio com perfil de enfrentador de batalhas, para o qual precisa ter peso politico proprio alem da delegação de poder.
Nesse contexto melhor Jacques Wagner, que tem um perfil pasrecido com Palocci,  sem ser técnico era bom operador politico, que é o que hoje é necessario.  Alem disso é funcional, tem disposição de conversar, atender gente o dia inteiro, é bom de papo, conhece o PT por dentro, nada disso tem a ver com Meirelles, que é do tipo “no pedestal” ou “torre de marfim”, com postura de lorde inglês, algo que definitivamente não funciona na politica.
Luis Nassif

Luis Nassif

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  • Não resolve!

    O Brasil precisa de reformas para que o sistema financeiro dinamize o povo e suas atividades economicas. Tecnocrata de mercado só se preocupa com equilibrio de preço de ativos. Por isso tanto Meirelles quanto Arminio Fraga não servem como ministros da economia. São uma réplica tupiniquim de Timothy Geithner: para eles a crise economica advinda de 2008 acabou em 2009, pois o FED conseguiu trazer estabilidade e previsão para preço de ativos. Geithner em seu livro afirma que a crise acabou em 2009, e assim o fez Arminio no embate com Mantega no programa de Miriam Leitão. O perfil deles é financista, e aqui não tenho nada pessoalmente contra, pois entendem muito da linguagem prórpia de mercado e tem espaço para percorrer neste meio. Mas, não dá pra confundir como pensadores de um sistema economico de um país, que é muito mais complexo. Sobre críticas sobre a visão limitada de um financista:

    Sobre Arminio Fraga no próprio blog:

    jornalggn.com.br/.../como-arminio-fraga-explodiu-a-economia-em-2002 (guardo que pra mim ele operou sob ordens para punir o povo politicamente pela sua escolha por Lula em 2002)

    https://jornalggn.com.br/noticia/arminio-fraga-demonstra-falta-de-conhecimento-sobre-papel-do-bb (ótima sugestão do título: ou nao sabe o que tá falando ou esconde o jogo de desmonte de política econômica integrada) 

     

    Paul Crugman sobre o livro de Timothy Geithner:

    http://www.nybooks.com/articles/archives/2014/jul/10/geithner-does-he-pass-test/

    Sua conclusão: 

    'Stress Test concludes on a note of celebration. Yes, mistakes were made, Geithner concedes, but on the whole, he tells us, Washington rose to the occasion, doing what was necessary to prevent another depression.

    To the rest of us, however, the victory over financial crisis looks awfully Pyrrhic. Before the crisis, most analysts expected the US economy to keep growing at around 2.5 percent per year; in fact it has barely managed 1 percent, so that our annual national income at this point is around $1.7 trillion less than expected. Headline unemployment is down, but that’s largely because many workers, despairing of ever finding a job, have stopped looking. Median family income is still far below its pre-crisis level. And there’s a growing consensus among economists that much of the damage to the economy is permanent, that we’ll never get back to our old path of growth.

    The only way you can consider this record a success story is by comparing it with the Great Depression. And that’s a pretty low bar—after all, aren’t we supposed to know more about economic management than our grandfathers did?

    In fact, we did have both the knowledge and the tools to fight this disaster. We know a lot about how fiscal policy works, and the United States clearly had the borrowing capacity to spend more on fighting unemployment. Whatever Geithner may say, it’s clear that a lot more could also have been done to reduce the burden of mortgage debt. Yet we didn’t do what needed to be done.

    I like Geithner’s metaphor of a stress test—and his book is very much worth reading, especially for its account of the crisis. But he’s wrong about the outcome of that test. We can argue about how much of the blame rests with the Obama team, how much with the crazies in Congress who met every administration initiative, no matter how reasonable, with scorched-earth opposition. But the overall grade seems clear. We didn’t pass the test—we failed, badly.'

     

     

    • Meirelles pode ou não ser

      Meirelles pode ou não ser ruim, mas ele não tem o mesmo perfil do Armínio Fraga.

      Fraga é um economista com boa formação, um grande gestor de fundos, provavelmente bilionário.

      Meirelles é um administrador de empresas que trabalhou em um banco médio dos EUA, é rico também, mas, provavelmente muito menos que o outro.

      Não são perfis parecidos.

      Entre os dois, prefiro o Meirelles.

      E há quem goste muito dele, por exemplo, o Stephen Kanitz, não que isso queira dizer alguma coisa, mas é fato.

      E inclusive o Lula também parece gostar muito do Meirelles então não adianta ficar criticando tanto ele, que pode vir a ser o escolhido, até porque restaram poucas opções.

  • Concordo, com tudo, com uma

    Concordo, com tudo, com uma ressalva. O nome tem que representar e conduzir uma política econômica  desenvolvimentista.

    E, pra isso, há que se fazer escolhas: o dito mercado, na verdade o lado especulativo do setor financeiro, com seus rentistas, economistas neoliberais e financistas, tem que ser enfrentado definitivamente. O setor financeiro tem que servir ao produtivo e a tributação da renda deve ser progressiva.

    12 anos de PT no poder fazendo concessões à banca e ao neoliberalismo, com Palicci, Meireles e Tombini. Quando o governo Dilma decidiu fazer políticas anticíclicas, com Guido, não assumiram o discurso desenvolvimentista e recuaram rapidamente, subindo os juros e valorizando o real, acabando de vez com a possibilidade de recuperação da indústria.

    Não fiz campanha (e creio que a maioria dos militantes pensam assim) pra Dilma colocar Meireles e Trabucos na Fazenda. Se for pra ceder ao mercado, que venham logo Armínios e Aécios: eles pelo menos têm lado definido, jogam para o 1% mais rico e pronto.

    Pra que serve que um partido dos trabalhadores no poder, com projetos de um estado do bem-estar social, se este partido joga o jogo do mercado especulativo? Estamos cansados Blairs, Clintosn e Obamas, (e até Lulas), gente que se elege com discursos  progressistas e, quando chegam ao poder, fecham com os rentistas e a banca.

    Dilma e o PT não estão por um fio apenas com a direita e a grande mídia. Os militantes à esquerda também estão cheios dessa embromação! É hora de escolher um lado! Um projeto de país!

    • O problema é que Mantega e
      O problema é que Mantega e Arno Augustin desmoralizaram a política economica desenvolvimentista com a fragilidade fiscal, os passivos escondidos nos bancos públicos, a política de preços do petréleo, etc.
      Agora há que ser pragmático. Qualquer Governo que entrasse teria que implementar políticas de ajustes. É o que o Governo Dilma deve sinalizar e fazer o quanto antes, para, ai sim, daqui a um tempo, poder retomar sua política mais desenvolvimentista.

      • Tá certo o amigo
        Agachar-se, assumir o discurso da direita... e agachar-se outra vez... depois, na próxima eleição convocar os militantes, outra vez... mas como diz o outro lá encima, um dia a gente cansa, só vão restar os cc's e a casa cai.

  • Não vejo opções

    Não vejo opções para a Fazenda. Na verdade, não vejo chances de se ter um bom ministério sob o governo Dilma. Ela já mostrou, desde 2011, que não nomeia ministros com luz própria. Ela quer bedéis que ouçam submissos seus esculachos, as ordens do que fazer e a conversa termine com um "sim senhora".

  • Motta, quer que Dilma nomeie o Malan?

    Não vejo mais o noticiário, mas essa de o Motta tentar nomear Meirelles para a Fazenda é um pouco forte. O Ministro deverá ser um economista do PT, partido vencedor, ou um professor de universidade pública alinhado com o programa vencedor. Em 2002 tentaram até manter o Armínio Fraga no BACEN. Que topete! Perdem a eleição e querem nomear ministros. Gente, acorda, aproveitem e nomeiem o novo presidente da SABESP antes que comecem as prisões em massa por farra com o dinheiro público.

    • Ma quem é que falou em nomear

      Ma quem é que falou em nomear o Meirelles? Estou dizendo exatamente o CONTRARIO, que ele não serve.

    • Tu leste o texto do Motta?


      Algumas vezes (ou muitas) discordo do Motta, mas desta vez vou defender o Motta. Em momento algum o Motta tentar nomear o Meirelles para a Fazenda. Depois que li o teu comentário, até retornei a ler o texto do Motta para ver se eu tinha entendido bem. Relamente, está lá escrito que o Motta não acredita ser o Meirelles a melhor opção e sugere Jaques Wagner, enumerando suas razões.

  • A questão é que parece que

    A questão é que parece que ficou apenas entre o Barbosa e o Meirelles.

    Seja qual for o ministro escolhido ele e a equipe devem dar uma entrevista coletiva e sinalizarem para metas factíveis de superávit primário para os próximos dois ou três anos, sinalizarem que não mais farão passivos escusos nos bancos, públicos, que recomporão as políticas de preços de petróleo e energia, seja no curto ou médio prazo e que, pelo menos, farão alguma proposta de reforma tributária e desburocratização da economia em geral e principalmente das grandes obras de infra-estrutura, com ou sem conscessões. E claro, assegurando que os cortes não serão grandes para que parem a economia nem desempreguem ou afetem políticas sociais, porém, suficientes para dar nova credibilidade à política economica e o combate à inflação.

    É mais ou menos isso que o Governo Dilma precisa para se recompor e começar com todo gás.

    • Considerando que era mais ou

      Considerando que era mais ou menos isso que o Aécio iria fazer, melhor ter votado logo nele, não? Com a penca de excelenets nomes que o PSDB tinha e tem à disposição, não se perderi ao tempo precioso que se está perdendo, nem se ficaria com essa sensação de ter sido engando...

  • Técnico vs político
    Em todo início de mandato, quanto às indicações para ocupar os cargos de primeiro escalão, nos deparamos com o seguinte dilema: Técnico vs político? Quem define isso? Sabe-se lá. Só sei que, em se tratando de Ministro da Fazenda, que seja um técnico. E que se dote de lastro político outros ministérios tais como, como por exemplo o das Comunicações. E o da Fazenda? Como diz PHA,  que seja qualquer um, é só prá fazer conta mesmo. Quanto ao setor das Comunicações, precisamos de um político como Jacques Wagner até mesmo pq precisamos conversar. Enquanto a Globo e o Jabor berram, estaremos conversando no WhatsApp, Face e Tuite sobre a regulação da mídia, dizendo o que é de fato, mostrando que o pig mente quando não diz que a proposta de Dilma é a regulação econômica sem censura prévia, sem controle de conteúdo(mas com direito de resposta). Como já existem experiências concretas de regulação da mídia no mundo capitalista, como EUA e Reino Unido, é facílimo mostrar para as pessoas que esse bláblá de  "bolivarianismo" é o pig querento assustar crianças com conversas de boi da cara preta.  Que o debate comece agora e não somente em agosto(http://www.conversaafiada.com.br/pig/2014/11/06/dilma-avisa-ao-pig-monopolio-da-globo-nao/), pois o pig tá berrando por ai no maior desespero insuflando as massas, de forma que talvez agosto seja muito tarde, com o poder de fogo que tem, o pi  pode regular(sic derrubar) a presidente antes de agosto: Golpistas não dormem no ponto.

    Autor: Paulo Henrique Amorim

    Comunicações é mais importante que a Fazenda. Mas não tem que ser um ministro da Globo?

    Liga o Vasco, na sala de embarque do Aeroporto de Claudio, à espera da chave do Titio.
    - Ansioso blogueiro, quem vai ser o Ministro da Fazenda?
    - Não tem a menor importância, Vasco.
    - O que é isso ? A eleição te tirou o senso.
    - Não me tirou o senso de nada, Vasco.
    - Então, como é que você me diz que o Ministro da Fazenda não tem a menor importância?
    - Vasco, me diz uma coisa: como é o nome do Ministro da Fazenda dos Estados Unidos?
    - Bem, é verdade, lá chamam até de Secretário.
    - Você sabia que o porta-voz do Obama é mais importante que o Secretário do Tesouro?
    - É mesmo, ansioso blogueiro?
    - É, Vasco.
    - Então, põe qualquer um lá?
    - Não, tem que botar um bom contador, aplicado, que saiba as quatro operações …
    - Basta isso?
    - E um pouquinho mais. Aqui no Brasil é que tem essa obsessão por Economia, Fazenda… Uma doença tropical …
    - Mas, não precisa acalmar os mercados?
    - Vasco, a Dilma não vai acalmar os mercados nunca, porque o PT não faz omelete com o mercado, nem o mercado faz omelete com o PT. São escolas gastronômicas muito diferentes, Vasco …
    - Entendi. Feijão e arroz.
    - Não, Vasco. Feijão e arroz se misturam. É água e azeite, Vasco.
    - Mas, e aí, ela vai peitar o mercado?
    - De jeito nenhum ! Tem que botar lá um contador que o mercado reconheça como um contador competente, que não vai hostilizar o mercado.
    - Mas contador não formula política, ansioso blogueiro…
    - E quem disse que Ministro da Fazenda formula política, Vasco? Quem formula política é o Presidente da República, eleito pela maioria do povo. Ministro da Fazenda administra a caixa.
    - Ansioso, você está simplificando. O Brasil não cresce, a inflação bate no teto, a indústria capenga …
    - E o DESEMPREGO DESABA, Vasco. De novo, é uma questão política: desempregar ou explodir os juros, Vasco? Política, meu caro Watson …
    - Tá, e daí ? Que contador que você prefere?
    - Qualquer um, Vasco. Tem uma dúzia. Que faça as contas direitinho, que o mercado engula – ou finja que engole – e fale pouco, muito pouco.
    - Por que ansioso?
    - Porque Ministro da Fazenda que fala muito engole mosca.
    - Tá. E o que é mais importante que o Ministro da Fazenda?
    - O Ministro das Comunicações.
    - Por que … das Comunicações? Mas, ninguém fala nisso.
    - Exatamente por isso, Vasco. Porque ninguém quer ser o Ministro das Comunicações…
    - Então, por que não deixa o Bernardão?
    - Seria melhor nomear o Schroeder, Vasco.
    - Quem? Chi … o que?
    - Deixa pra lá, Vasco.
    - Então, o Mercadante vai querer, se é tão importante assim …
    - Vasco, eu acho que você ainda não captou o espírito da coisa …
    - Mas, por que essa preocupação toda com o Ministro das Comunicações? Ele não tem que ser sempre da Globo?
    - Sempre foi assim.
    - E vai mudar agora?
    - Se não mudar … esquece!
    Pano rápido.

     

  • Quanto sofrimento para manter

    Quanto sofrimento para manter essa república de pé... Lá se vão outros anéis. É exigência do Eduardo Cunha?

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