Bendine diz que não tem o controle do fim da corrupção na Petrobras

Por outro lado, comprometeu-se com “todos os esforços” na recuperação judicial de R$ 6,2 bilhões de propinas
Jornal GGN – Durante audiência no Senado, o presidente da Petrobras Aldemir Bendine disse que não tem o controle do fim da corrupção. Afirmou que os desvios estão em empresas públicas, sociedades de economia mista e em empresas privadas, e que não pode garantir que não haverá mais problemas na estatal. Por outro lado, mergulhou na defesa do que pode ser feito: “todos os esforços” na recuperação judicial de R$ 6,2 bilhões de propinas.
Questionado por 13 senadores na Comissão de Assuntos Econômicos e de Serviços de Infraestrutura, o presidente da Petrobras fez questão de enfatizar que R$ 44,6 bilhões de perdas da estatal foram motivados pela desvalorização de ativos. Os R$ 6,2 bi de corrupção foi a quantia reconhecida pela estatal como a média de 3% das propinas pagas por 27 empresas do cartel de contratos, no período investigado de 2004 a 2012.
Além da atuação do Ministério Público e da Polícia Federal, em busca de ressarcir os valores, Bendine aposta nos acordos de leniência, que acredita serem importantes para a recuperação do montante. Examinados pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pelo Tribuanl de Contas (TCU), o presidente da Petrobras vê chances nos acordos ocorrerem.
Os senadores focaram seus questionamentos nas perdas anunciadas pela companhia, que apontou um prejuízo de R$ 21,6 bilhões no ano passado.
Perdas
A desvalorização da Petrobras teve R$ 44,6 bilhões de queda de ativos pelo atraso em projetos na área de refino, declínio dos preços de petróleo e da demanda e margens na petroquímica, explicou Bendine.
O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) teve a paralisação de suas obras afetando em R$ 21,8 bilhões de perdas. A Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, apresentou a segunda maior desvalorização de ativos: R$ 9,1 bilhões. A Petroquímica Suape, também em Pernambuco, teve queda de R$ 3 bilhões. Até o campo de produção Cascade & Chinook, nos Estados Unidos, também sofreu desvalorização em R$ 4,2 bilhões.
Voltando às investigações de corrupção, Aldemir Bendine disse que haverá um investimento “muito forte” na tomada de decisões, para mitigar situações como as que a empresa vivenciou, o que não indica a garantia do fim da corrupção.
“O que tem que se ter dentro dessas companhias é um bom processo de governança, de compliance, de mitigação de riscos, algo em que vamos apostar muito fortemente para que não ocorra”, disse, completando: “dizer que, com isso, definitivamente se afastam riscos de malfeitos dentro da companhia, é algo que nunca poderemos atestar.”
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  • Afirmou o óbvio: é impossível

    Afirmou o óbvio: é impossível se evitar investidas criminosas numa mega empresa como a Petrobras ou o Banco do Brasil. Agora factível é interpor dificuldades extremas através da prevenção(compliance, no linguajar burocrático).

    Sobre os "chutes", ou melhor, as "perdas" estimadas de R$ 6 bilhões e uns quebrados estou com o grande jornalista Mauro Satayana: não dá para engolir esse quantitivo. Foi uma imposição de fora. 

    • Estou de acordo também com o

      Estou de acordo também com o Santayana, 6 bi foi o cálculo de 3% sobre o valor de contratos geridos pelos diretores implicados na lavajato. Tanto o Gabrielli como a última presidente da empresa afirmaram categoricamente que os contratos eram celebrados a preço de mercado e que eventuais gorgetas sairam da BDI das contratantes. Até hoje não soube de nenhum informe a respeito de superfaturamento. Por isso fica claro que esses 6 bi foram exigencia da Price para "auditar" o balanço. O que a empresa de auditoria tem a dizer sobre os balanços anteriores já que ela presta serviços à Petrobras há vários anos.

  • BABOSEIRA

    Alguém consegue imaginar o sr. Jorge Paulo Lehman vir a público dizer que não consegue controlar desvios na AMBEV ?

    Ou o sr. Luiz Carlos Trabuco , presidente do Bradesco , declarar que é impossível evitar desvios no banco ?

    Que tal o presidente da Vale do Rio Doce , Murilo Ferreira , dizer aos acionistas  que não dá para impedir desvios na empresa ?

    Escândalos e fraudes corporativos existem , mas são minoria. É para isso que as mega companhias possuem seus comitês de auditoria interna , caso contrário o sistema capitalista baseado na empresa privada se tornaria inviável pela absoluta anarquia. 

    Imaginem uma logística super complexa como a da rede americana WALMART , se os desvios e fraudes fossem a regra e controles internos fossem impossíveis de serem implementados , essa empresa já teria desaparecido do mapa há muito tempo. 

    O que esse sujeito está dizendo sobre a PETROBRAS é baboseira provocada pela falta de vergonha na cara. Roubam - e há muito tempo - porque esta nas mãos de políticos. 

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