No episódio da campanha do BB, a pequena estatura da equipe de Guedes, por Luis Nassif

Mede-se o caráter e a dimensão de uma pessoa pública por seu comportamento no exercício do cargo. Há pessoas com biografia – e caráter –, cujo zelo pela própria imagem impede a pusilanimidade. E aqueles que nada têm a perder, apenas os cargos, que se curvam a qualquer pressão.

Mede-se a dimensão do chefe, aliás, pela qualidade de seus subordinados. Chefe que se cerca de “yes, man” demonstra insegurança e incapacidade de comando.

No governo Temer, Paulo Rabello de Castro assumiu a presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) exposto ao tiroteio abusivo do Ministério Público Federal. Assumiu corajosamente a defesa do banco e da corporação.

Nomeado presidente do BNDES, no governo Bolsonaro, Joaquim Levy fez o mesmo, protegendo a instituição e a corporação.

Independentemente de se concordar ou não com suas posições, são pessoas de caráter.

Já os homens de confiança do Ministro da Economia Paulo Guedes não permitem avaliações positivas sobre ele, o chefe.

Todos sabem que seu chefe não tolera não. E todos sabem que o chefe de seu chefe é um tremendo ignorante, sem compreensão dos fatos mais banais, e que não gosta de ser contrariado. No entanto, cada pum de Bolsonaro é tratado, por essa corte de fracos, como se fosse perfume francês ou um “insight” divino.

Foi vergonhosa a maneira como o presidente do Banco do Brasil, Rubens Novaes, rifou seu diretor de marketing. O banco decidiu montar uma campanha para atrair jovens. Foi uma campanha brilhante, mostrando a diversidade e a abertura que marcam a nova geração de filhos da classe média – os bancarizáveis – muito melhor, aliás, que seus pais. Além da campanha de TV e redes sociais, montaram-se eventos nas principais agências do banco, com a rapaziada espalhando alegria e o discurso da diversidade, trazendo um sopro de juventude para o banco.

Ai, Bolsonaro chiou. Como o universo de jovens que conhece são apenas os filhos da milícia, viu na campanha o marxismo cultural. Imediatamente, Novaes endossou as críticas do chefe do chefe e rifou o diretor de marketing – a ponto de ele pedir demissão do banco. E se tornou um guerreiro contra o marxismo cultural, seja lá isso o que for.

Disse ele, parafraseando o grande pensador Bolsonaro: “Durante décadas, a esquerda brasileira deflagrou uma guerra cultural tentando confrontar pobres e ricos, negros e brancos, mulheres e homens, homo e heterossexuais etc, etc.  O ‘empoderamento’ de minorias era o instrumento acionado em diversas manifestações culturais: novelas, filmes, exposições de arte etc., onde se procurava caracterizar o cidadão ‘normal’ como a exceção e a exceção como regra”.

A regra, de fato, não é o questionamento, é o puxa saquismo. É só conferir a quantidade de indicados, ou candidatos a indicação, que se tornaram crentes desde criancinhas.

 

 

Luis Nassif

Luis Nassif

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  • Toffoli tem que cuidar da Judiciario. Limpar as corregedorias, defensores de amigos criminosos. Limpar juízes de primier instância e de segundo, estudar implantação de eleições diretos de população de juízes de primier instância etc etc.

  • O Guedes esta trabalhando muito para implementar a reforma da previdencia, logo apos aprovada se demitirá e vai pegar sua malinha e ir pros states, já cumpriu sua missao com os Bancos.

  • Agora, dar tremendo trapézio pro filho do morão, daí, pode.
    A criminalidade de certas pessoas afugenta a proximidade - aí,sim - de qualquer pessoa bem intencionada.
    Bando é muito pouco: milícias.

  • Não é só Guedes, praticamente todo o governo foi montado com imbecis de naipes variados para não eclipsar o comandante em chefe.

    Enquanto isso zero palavras sobre os ministros militares. Não é possível que não estejam fazendo nada. Por que nos preocupamos com cada palavra dos ministros incompetentes mas não procuramos saber o que os calados estão fazendo no silêncio? Isso me preocupa mais que o circo montado para distração

  • Nos dias em que saiu a proibição do comercial do BB, resolvi ler os comentários sobre o assunto pra saber o que as pessoas estavam pensando. Fui surpreendida por uma enxurrada de falas absurdas, chegaram a dizer que as pessoas da publicidade tinham cabelos de maluco! Então fui rever o vídeo do comercial e gelei ao entender que os "cabelos de malucos" eram cabelos crespos como o meu, crespo tipo 4a. Senti uma profunda tristeza de constatar que o povo brasileiro se entregou a um projeto de corrupção da alma e do coração. Sou brasileira! pele clara, cabelos crespos e nariz negroide. Ainda não vi no Brasil ninguém que não seja mestiço ainda que os cabelos sejam lisos, cada brasileiro é o resultado de uma mistura de vários povos que aqui chegaram. E isso devia ser motivo de orgulho e não de vergonha ou depreciação. Estamos sob a égide de um pensamento demoníaco travestido de religiosidade. Espero sinceramente que essa onda maligna passe e que ainda haja um povo sobrevivente na capacidade de amar.

  • Vamos ser sinceros de uma vez por todas.
    O bozo ficou irado, chocado e contrariado com a moça preta careca se olhando no espelho.
    Isso depõe contra o senso de estética que ele acha que tem e, ao tempo, cá pra nós, implica numa GRANDE REVELAÇÃO: bolsonaro não gosta de mulher preta: ele gosta de HOMEM PRETO, como o sombra inafastável e também careca que o acompanha diuturnamente( seu segurança? Ou, quem sabe, uma versão mais moderna do "Bodyguard" com direito a cantorias e tudo.)

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