O desempenho pífio da indústria em novembro

Sugerido por Nicolas Crabbé

Nassif, segue a carta do IEDI sobre o desempenho pífio (mais uma vez) da indústria em novembro, e as perspectivas pouco alentadoras para 2014. Com o crescimento da economia beaseado no consumo dando claros sinais de esgotamento (os números de dezembro no comércio, embora positivos, mostram uma redução forte do ritmo de crescimento comparado com os anos anteriores), se não houver retomada da indústria corremos o risco de um crescimento bem baixo do PIB em 2014. Os investimentos previstos em infrastrutura podem aliviar a situação, mas a indústria de transformação continua com uma perspectiva bem fraquinha. Sumário Em novembro do ano passado, a indústria brasileira apresentou resultados muito desfavoráveis, seja na produção regional, seja no emprego.

Do site do IEDI
      
Indústria Regional
Novembro: um banho de água fria

10 de janeiro de 2014

Em termos regionais, a produção industrial ficou muito a desejar no décimo primeiro mês de 2013: em nove dos catorze locais pesquisados pelo IBGE, a atividade produtiva industrial recuou frente a outubro – com ajuste sazonal. A produção caiu em todos os estados do sul, nos dois estados do norte contemplados na pesquisa do IBGE (Amazonas e Pará), em Goiás, no Ceará, no Espírito Santo e em São Paulo. Vale lembrar que, nesses estados, a variação da produção foi positiva em outubro, o que, especificamente para os estados do sul, parecia confirmar uma trajetória positiva de evolução.

No entanto, o maior banho de água fria vem de São Paulo. Neste estado, onde se encontra boa parte do parque industrial do país e a indústria mais diversificada, a produção não se firma. E isso não é de hoje; desde 2012, a produção industrial paulista vem oscilando, num movimento de gangorra já bem caracterizado por esta Análise. Para se ter uma ideia, no segundo semestre de 2013 as variações da produção da indústria de São Paulo foram as seguintes: –3,6%, 3,8%, –2,1%, 2,3%, –0,3%, de julho a novembro, nessa ordem. 

A produção paulista fechará o ano de 2013 com resultado positivo – no acumulado dos onze primeiros meses, registrou-se crescimento de 1,4%. Mas, será um resultado não de todo favorável, sobretudo após o fraco ano de 2011 (0,6%) e a forte queda de 2012 (–3,8%).

De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, na passagem de outubro para novembro a produção industrial caiu em nove dos catorze locais pesquisados. Os recuos mais acentuados foram registrados nos estados de Goiás (–4,1%), seguido de Santa Catarina (–3,1%), Ceará (–1,6%), Rio Grande do Sul (–1,4%), Paraná (–0,7%), Amazonas (–0,4%) e São Paulo (–0,3%). Com recuo igual ou menor à média nacional (–0,2%), Pará (–0,2%) e Espírito Santo (–0,1%) completaram o conjunto de locais com taxas negativas. Por outro lado, as indústrias da Região Nordeste (6,5%), da Bahia (4,4%), de Pernambuco (3,0%), de Minas Gerais (0,3%) e do Rio de Janeiro (0,2%) assinalaram as expansões de novembro.

Na base de comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, em sete dos quatorze locais ocorreu aumento da produção em novembro. As altas mais intensas podem ser observadas nos estados do Paraná (12,2%), Goiás (9,2%) e Rio Grande do Sul. As demais variações positivas ficaram em Pernambuco (3,2%), Pará (2,9%), Ceará (2,3%) e Bahia (0,9%). Por outro lado, Rio de Janeiro (–3,1%), Santa Catarina (–2,7%) e Amazonas (–2,2%) mostraram as quedas mais intensas. São Paulo, por sua vez, assinalou queda de –0,6%.

A produção industrial acumulada até o décimo primeiro mês de 2013 apresentou alta em onze das quatorze localidades. Sete locais avançaram acima da média nacional (1,4%): Rio Grande do Sul (6,3%), Paraná (5,7%), Goiás (4,6%), Bahia (4,6%), Ceará (3,7%), Santa Catarina (1,6%) e Amazonas (1,5%). Os demais locais que acumularam alta em 2013 foram: São Paulo (1,4%), Região Nordeste (1,1%), Rio de Janeiro (0,6%) e Pernambuco (0,2%). Por outro lado, Espírito Santo (–6,9%) e Pará (–5,6%) tiveram as quedas mais acentuadas.

Na comparação dos últimos doze meses frente igual período imediatamente anterior houve expansão de 1,1% em novembro de 2013, valor superior ao resultado de outubro (0,9%). Dentre os locais pesquisados, oito registraram maior dinamismo frente ao índice de outubro, com destaque para o Paraná (de 0,4% para 2,5%), Goiás (de 3,2% para 4,9%), Rio Grande do Sul (de 3,4% para 4,6%) e Pernambuco (de –0,5% para 0,3%).

 

 
Paraná. Em novembro frente outubro, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial do Paraná apresentou recuo de 0,7%. No confronto com novembro de 2012, entretanto, constatou–se avanço significativo de 12,2%, taxa influenciada principalmente pelos setores de edição, impressão e reprodução de gravações (73,9%), veículos automotores (19,9%), de alimentos (6,0%), de refino de petróleo e produção de álcool (13,2%) e de máquinas e equipamentos (8,9%). Por outro lado, os setores de outros produtos químicos (–21,0%) e de bebidas (–16,6%) influenciaram a taxa geral do estado negativamente. No acumulado no ano de 2013, a produção industrial paranaense obteve alta de 5,7% frente ao mesmo período de 2012. A principal contribuição positiva foi de veículos automotores (16,8%), seguido pelos setores de máquinas e equipamentos (14,4%), refino de petróleo e produção de álcool (4,3%) e minerais não–metálicos (8,0%). Por outro lado, o maior impacto negativo foi o setor de edição, impressão e reprodução de gravações (–4,4%).

São Paulo. Em novembro, a indústria paulista apresentou recuo de 0,3%, com dados livres de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 0,6%, pressionada pelos setores: farmacêutico (–16,0%), edição, impressão e reprodução de gravações (–15,2%), alimentos (–8,1%), vestuário e acessórios (–16,1%), bebidas (–6,5%) e borracha e plástico (–3,3%). No acumulado no ano de 2013, a produção industrial avançou 1,4%, com destaque para a alta nos setores de: veículos automotores (8,3%), máquinas e equipamentos (5,9%), outros equipamentos de transporte (9,6%), refino de petróleo e produção de álcool (4,1%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (5,8%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (11,5%), outros produtos químicos (2,4%) e perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza (5,8%). Em sentido contrário, as maiores quedas da indústria paulista foram assinaladas pelos setores farmacêutico (–10,7%) e de edição, impressão e reprodução de gravações (–13,1%).

Bahia. Em novembro, frente outubro, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial baiana apresentou alta de 4,4%. No confronto com novembro de 2012, constatou–se avanço de 0,9%, taxa influenciada pelos setores: produtos químicos (4,6%), refino de petróleo e produção de álcool (5,1%) e metalurgia básica (13,6%), enquanto o setor de alimentos e bebidas (–15,2%) exerceu a influência negativa mais relevante sobre o total da indústria. No acumulado no ano de 2013 a produção industrial avançou 4,6%, impulsionada pelos setores de refino de petróleo e produção de álcool (14,8%), metalurgia básica (25,8%), veículos automotores (21,7%), celulose, papel e produtos de papel (2,7%) e de borracha e plástico (6,1%). Em sentido contrário, a influência negativa mais importante foi o setor de alimentos e bebidas (–7,6%).

 

 

 

 

 

    
Emprego Industrial
Uma vez mais, estagnado

14 de janeiro de 2014

Diferentemente do que ocorrera com a produção industrial no mês de novembro, cuja variação foi negativa (–0,2%), o emprego industrial ficou estagnado (0,0%) – taxas relativas ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal. Não se pode ver um alento nesse resultado de novembro, pois, como se sabe, a evolução do número de ocupados na indústria foi sofrível ao longo de praticamente todo o ano de 2013: no acumulado dos onze primeiros meses, o número de ocupados na indústria recuou 1,1%. Vale lembrar que, em 2012, o emprego industrial já havia recuado (–1,4%).

O fato é que, na indústria brasileira, o emprego anda num compasso bem diferente do da produção, e faz tempo. Se, nos anos seguintes à crise de 2008, o emprego industrial se mostrou relativamente mais firme do que a produção industrial – na expectativa de uma melhora nos negócios –, a partir do final de 2011 e, de modo mais evidente, no ano de 2012, ele veio recuando, muito provavelmente em decorrência da piora das expectativas dos empresários industriais com relação aos seus mercados domésticos e/ou externos.

Esses resultados negativos do emprego vêm ocorrendo em diferentes regiões do país. Ainda na comparação janeiro-novembro de 2013 com igual período de 2012, o número de pessoal ocupado na indústria recuou em onze dos catorze locais pesquisados pelo IBGE, com destaque para a Região Nordeste (–4,6%), São Paulo (–0,7%), Rio Grande do Sul (–2,2%), Pernambuco (–6,7%) e Bahia (–5,7%).

Em termos setoriais, nesse mesmo acumulado, resultados negativos mais significativos foram registrados em calçados e couro (–5,3%), outros produtos da indústria de transformação (–4,0%), vestuário (–2,7%), máquinas e equipamentos (–2,2%), produtos têxteis (–3,7%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–2,6%), produtos de metal (–2,1%) e madeira (–5,1%). Não por acaso, na maioria desses setores a concorrência do produto importado tem sido intensa, o que leva as empresas a reduzirem seus efetivos e/ou a executarem programas de modernização para elevar a produtividade, o que pode reduzir as contratações.

Uma reação do emprego industrial só será observada quando a atividade produtiva da indústria começar a dar sinais de que entrou numa trajetória de crescimento mais consistente, ou ainda, numa trajetória positiva e muito pouco oscilante (algo bem diferente do que se viu em 2013), ainda que não seja robusta. A expectativa é a de que isso possa ocorrer ainda que tenuamente neste começo de ano e, de forma mais clara, a partir do segundo trimestre. Uma nova onda de investimentos (já vista em 2013) e o câmbio um pouco mais favorável jogarão de forma decisiva para que tal comportamento da produção – e, consequentemente, do emprego – aconteça.

Em novembro, o emprego industrial ficou estável (0,0%) em comparação ao mês imediatamente anterior na série livre de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o contingente de trabalhadores no setor industrial assinalou decréscimo de 1,7%, vigésima sexta taxa negativa nesta comparação. No acumulado entre janeiro e novembro de 2013 frente a igual período de 2012, o emprego fabril registrou queda de 1,1%. No acumulado nos últimos doze meses em relação a período imediatamente anterior, o emprego obteve decréscimo de 1,1%, comparativamente a –1,0% obtido em outubro.

Regionalmente, no confronto entre novembro de 2013 e novembro de 2012, o emprego industrial recuou em doze das quatorze regiões pesquisadas pelo IBGE. Os principais impactos negativos foram observados em São Paulo (–2,3%) e na Região Nordeste (–4,1%), seguidos por Rio Grande do Sul (–2,4%), Bahia (–5,5%), Minas Gerais (–1,3%) e Pernambuco (–4,2%). As contribuições positivas ao índice de emprego industrial ficaram por conta da Região Norte e Centro–Oeste (1,4%) e Santa Catarina (0,4%).

No acumulado entre janeiro e novembro em comparação aos mesmos onze meses de 2012, 11 localidades apresentaram queda no contingente de pessoal ocupado, com destaque para a Região Nordeste (–4,6%), São Paulo (–0,7%), Rio Grande do Sul (–2,2%), Pernambuco (–6,7%) e Bahia (–5,7%). Santa Catarina (0,9%), por sua vez, exerceu a pressão positiva mais significativa nesta comparação.

Em termos setoriais, na comparação com mesmo mês do ano anterior, houve queda do emprego em 14 dos 18 ramos pesquisados. Os segmentos que representaram as maiores contribuições negativas foram: produtos de metal (–6,8%), calçados e couro (–6,2%), máquinas e equipamentos (–3,8%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–4,4%), outros produtos da indústria de transformação (–4,1%), refino de petróleo e produção de álcool (–6,0%) e produtos têxteis (–2,9%). As principais influências positivas sobre a média da indústria ocorreram nos setores de alimentos e bebidas (0,9%) e de borracha e plástico (2,2%).

No acumulado no ano, as contribuições negativas mais significativas vieram de calçados e couro (–5,3%), outros produtos da indústria de transformação (–4,0%), vestuário (–2,7%), máquinas e equipamentos (–2,2%), produtos têxteis (–3,7%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–2,6%), produtos de metal (–2,1%) e madeira (–5,1%). Por outro lado, os setores de alimentos e bebidas (1,3%) e borracha e plástico (3,0%) responderam pelos principais impactos positivos.

Número de Horas Pagas. O número de horas pagas obteve redução de 0,4% na passagem entre outubro e novembro na série livre dos efeitos sazonais. No confronto com o mesmo mês do ano anterior, a quantidade de horas pagas aos trabalhadores assinalou decréscimo de 2,2%. Regionalmente, os maiores impactos negativos vieram de São Paulo (–3,0%) apontou a principal influência negativa sobre o total do país. Vale mencionar também os impactos negativos assinalados na Região Nordeste (–4,2%), em Minas Gerais (–3,2%), no Rio Grande do Sul (–3,0%), na Bahia (–6,3%) e no Paraná (–2,2%). Na comparação acumulada no ano, houve recuo no número de horas pagas de 1,2%, mesma variação dos últimos doze meses.

Folha de Pagamento Real. No mês de novembro, a folha de pagamento real na indústria apresentou alta de 2,6% em relação ao mês anterior, na série livre dos efeitos sazonais. Frente a novembro de 2012, entretanto, o resultado apresentou queda de 3,7%. Esse desempenho deveu–se ao decréscimo da folha de pagamento real em treze das catorze localidades e treze os dezoito setores pesquisados. Na comparação anual, essa variável cresceu 1,7% contra igual período de 2012, enquanto nos últimos 12 meses, a variação foi positiva em 2,4%.

Luis Nassif

Luis Nassif

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