Internacional

O sonho de “israel” numa calma noite persa, por Sayid Marcos Tenório

O sonho de “israel” numa calma noite persa

por Sayid Marcos Tenório

O jornal inglês de notícias e assuntos internacionais The Economist, publicou artigo em 11/04 pondo à luz que o exército israelense vinha numa escalada de fracassos militares e moral em Gaza, pela incompetência e fiasco dos generais e indisciplina moral e vandalismo dos soldados sionistas.

Sobre os fracassos catastróficos, a publicação diz que “Primeiro, que não alcançou os seus objetivos militares em Gaza. Em segundo lugar, que agiu imoralmente e violou as leis da guerra, com o ataque em Damasco. As implicações tanto para a IDF como para Israel são profundas.”

Agora, “israel” se vê diante de um novo dilema: revidar ou não os ataques bem-sucedidos do Irã contra alvos militares sionistas na madrugada do dia 14 de abril. Os chefões militares realizam reunião após reunião e não chegaram a uma posição sobre quando e como fazer um ataque retaliatório ao Irã.

No fundo, eles têm medo do que pode acontecer. Além de aconselhados por seus financiadores dos EUA, França, Reino Unido e regimes traidores árabes, os cheges militares sionistas estão levando a sério as declarações dos líderes da Guarda Revolucionária Islâmica, quando afirmam que o Irã usou armas antigas durante o ataque massivo ao território israelense e o executou com meios mínimos.

“Atacamos usando armas antigas e meios mínimos. Nesta fase, não utilizamos mísseis Khorramshahr, Sajjil, Kheybar Shekan, Haj Qasem e Hypersonic 2, mesmo assim ultrapassamos todo o poder dos sistemas ocidentais e israelenses com forças mínimas”, afirmou major-general Amir Ali Hajizadeh, comandante das forças espaciais militares do da República Islâmica. A mensagem foi clara: pode vir quente que estamos fervendo!

Uma publicação da “jornalista” sionista Emily Schrader no X na madrugada de sexta-feira 19, desencadeou uma série de sonhos na mídia estadunidense e sionista sobre um ataque israelense a sete cidades iranianas, incluindo a central nuclear iraniana na cidade de Isfahan. Não tardou e a verdade sobre esse sonho sionista numa calma noite persa.

Imagens divulgadas logo em seguida demonstraram que o que ocorreu foi a ativação de defesas aéreas em alguns locais ao redor da cidade iraniana de Isfahan, após à detecção de pequenos drones de curto alcance vindos do interior, que foram abatidos com o uso de metralhadoras no solo e que não houve uso de defesa antimísseis.

O estado sionista faz de conta que não vê que as capacidades iranianas são bem superiores que as suas. “israel” só foi capaz de abater drones e alguns mísseis iranianos porque contou com vasto apoio militar e tecnológico instalado na região pelos EUA, França e Reino Unido, além do apoio dos regimes árabes traidores dos Emirados Árabes, Arábia Saudita, Jordânia e Egito. Sem essa aliança pró-sionistas, o estrago teria sido bem maior.

A operação Promessa Verdadeira levou destruição seletiva e provocou desavenças entre os líderes sionistas, que passaram a não confiar uns nos outros, segundo o jornal estadunidense Wall Street Journal. Em sua conta na rede social X, o líder sionista de oposição, Yair Lapid, culpou Netanyahu pela perda total da dissuasão israelense. “Este primeiro-ministro tornou-se uma ameaça existencial para Israel. Este governo fracassado deve ir para casa e seus ministros devem falar menos”, escreveu ele.

Ato contínuo, o Aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, vem presenciando a fuga diária de milhares de colonos judeus, que estão exercendo o seu legítimo direito ao retorno para Europa. Um analista do Mossad avaliou que se esta situação de fracasso em Gaza e a derrota para o Irã continuar, a fuga de colonos judeus poderá alcançar o número de 4 milhões de pessoas, provocando um gritante desequilíbrio populacional entre israelenses e árabes.

Se o regime de “israel” pretende mesmo continuar fazendo mal aos palestinos, libaneses e ao Irã, que se prepare para uma rebordosa pelo menos 10 vezes maior que a de 14 de abril. A demonstração de força do Irã foi a menos punitiva que o país persa poderia exercer. Nem ‘Iron Dome’, ‘Estilingue de Davi’, nem o sistema foram capazes de impedir o ataque preciso contra o alvo principal estipulado, a base aérea de Nevatim, no deserto de Negev, de onde partiram os caças que atacaram ao Embaixada iraniana em Damasco.

O Irã demonstrou que não é como “israel”, que realiza ataques covardes e genocidas. O ataque iraniano não atingiu nenhum alvo como áreas civis, hospital, escola, sinagoga, padaria, depósito de água, jornalista, ambulância ou creche!

A operação militar levada a cabo pelo do Irã contra a entidade ocupante sionista foi um direito natural à legítima defesa, assegurado no Art. 51 da Carta da ONU, e uma resposta merecida ao crime de atacar o consulado iraniano em Damasco e de assassinar vários líderes da Guarda Revolucionária. Agora “israel” tem certeza de que não será capaz de se defender depois do colapso para sempre do seu poder de dissuasão e da sua queda humilhante face à resistência em Gaza e outras frentes.

Após o tapa na cara deste 14/4, “israel” terá que escolher entre uma guerra aberta, que terminará com a eliminação do regime sionista, ou aceitar o conselho do chefão Joe Biden para “engolir” o golpe do Irã. O ataque iraniano representou um segundo 7 de outubro e um ponto de virada na história das lutas e movimentos de resistência na Palestina, Líbano, Síria, Iraque e Iêmen. “israel” foi longe demais e seus fracassos em Gaza está levando o regime chefiado pelo carniceiro Benjamin Netanyahu ao péssimo resultado do seu fim.

Sayid Marcos Tenório é historiador, especialista em Relações Internacionais e vice-presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal). Autor do livro Palestina: do mito da terra prometida à terra da resistência (Anita Garibaldi/Ibraspal). Instagram: @soupalestina

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  • Rei cristão de Jerusalem de origem europeia nascido no Oriente Médio, fragilizado por uma doença estigmatizante, Baldwin IV no entanto demonstrou ser forte o bastante para resistir às investidas militares crescentes dos islâmicos. A morte prematura dele apressou a conquista de Jerusalem por Saladino? É difícil responder essa pergunta, mas sabemos que o substituto de Baldwin não se notabilizou pela genialidade militar. A verdade é que não podemos simplificar a história ao sucesso ou fracasso deste ou daquele rei. A longo prazo o Reino cristão de Jerusalém era tão insustentável quanto é agora o Estado racista e genocida de Israel. Não é possível manter nenhuma população em guerra permanente sem que isso acelere o processo de decadência inevitável das instituições políticas de um Reino ou de uma república. Nesse sentido, Baldwin IV foi um governante amaldiçoado pelo mesmo fenômeno histórico que Netanyahu. Ambos não poderiam fazer a paz. A guerra permanente movida pelo Reino cristão de Jerusalem e por Israel na atualidade só pode ter um final: derrota catastrofica que acarreta o fim da instituição política artificialmente implantada no Oriente Médio.

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