Dallagnol será denunciado à ONU por comparar Lula a criminoso

Jornal GGN – O procurador da República Deltan Dallagnol será denunciado à Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas e aos órgãos brasileiros onde já é processado por Lula por ter dito, nesta sexta (17), que o ex-presidente pode ser comparado a um “general em crime de guerra” que pratica irregularidades de dentro de seu gabinete. Isso porque Lula, na visão do membro da força-tarefa da Lava Jato, tinha responsabilidade total pela corrupção da Petrobras, uma vez que aceitava as indicações de partidos para as diretorias da Petrobras.

Na quinta (16), a Advocacia-Geral da União, que defende Dallagnol na ação em que Lula cobra R$ 1 milhão em danos morais por causa da entrevista coletiva sobre o caso triplex, apontou que o procurador tem sido intimidado. Dallagnol, na ocasião, usou um powerpoint que apontava Lula como o chefe de uma organização criminosa.

Dallagnol também responde a um processo por suspeição. A defesa de Lula diz que esse é mais um episódio que prova que o ex-presidente não tem um tratamento imparcial pelas autoridades brasileiras.

Abaixo, a nota da defesa de Lula.

O procurador da República Deltan Dallagnol voltou hoje (17/03) a
atentar contra a honra e a reputação do ex-Presidente Luiz Inácio
Lula da Silva em ambiente absolutamente estranho àquele que envolve sua
atuação funcional, reforçando o viés pessoal e privado de sua
ação.

Agora, vale-se de nova expressão, ao comparar Lula a um “general em
crime de guerra”, que “pratica crimes a partir de seu gabinete”. E
faz  a grotesca ilação de que o ex-Presidente teria comandado ações
criminosas do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, apenas porque
houve trocas de ministros na Casa Civil da Presidência da República.

A aparição de hoje na mídia segue a mesma linha do espalhafatoso e
indigno PowerPoint apresentado em 14/09/2016, reforçando conduta
incompatível com as garantias fundamentais asseguradas pela
Constituição Federal e pelos Tratados Internacionais que o Brasil
confirmou e se obrigou a cumprir, notadamente no que diz respeito à
presunção de inocência. Os membros do Ministério Público têm o
dever de zelar pela defesa da ordem jurídica (CF/88, art. 127), jamais
afrontá-la.

Entendemos esse show midiático como esforço supremo para por em pé
uma denúncia vazia. Após 24 audiências relativas à ação penal foco
do PowerPoint, nas quais foram ouvidas 73 testemunhas, não se colheu
qualquer prova contra Lula, pela simples razão de que nosso cliente
não praticou qualquer ilegalidade, direta ou indiretamente. Não houve,
nesses depoimentos, a indicação de qualquer fato que pudesse confirmar
as absurdas acusações. Ao contrário, foram ouvidas as pessoas que
comandaram o Ministério Público, a Polícia Federal, a CGU, a ABIN
durante o governo Lula e todas afirmaram — sem exceção — que
tiveram ampla autonomia para investigar e punir crimes e que jamais
tiveram conhecimento de qualquer esquema de corrupção na Petrobras,
muito menos de qualquer conduta ilícita envolvendo o ex-Presidente
Lula.

Paulo Roberto Costa afirmou em juízo: “o presidente Lula era o
representante maior aí do país, tivemos algumas reuniões em Brasília
sempre acompanhado do presidente da Petrobras ou da diretoria toda,
quando tinha algum projeto específico que ele mostrava interesse para
desenvolvimento do estado e etc., eu fui algumas vezes lá em Brasília,
inicialmente com o presidente José Eduardo Dutra, que já faleceu, e
depois também tive algumas reuniões com a participação do José
Sérgio Gabrielli junto com o presidente Lula, então eram assuntos da
corporação que ele tinha interesse de ver em alguns estados, para
desenvolvimento dos estados”. Afirmou, ainda: “jamais tive
intimidade com o presidente da república, o presidente Lula (…) posso
dizer que não existiu dele usar esse termo [Paulinho] em relação a
mim, diretamente, e ele usou com terceiros aí eu não posso dizer, mas
pessoalmente, primeiro que eu nunca tive nenhuma reunião eu só como
presidente Lula, como falei sempre tive reuniões com a participação
do presidente da Petrobras ou da diretoria da Petrobras, e eu não tinha
intimidade com o presidente Lula (….)”

O depoimento de Costa, em juízo, desmente Dallagnol. E o lamentável é
que o procurador optou por não comparecer às audiências e presenciar
o desmentido formal de suas convicções.

A conduta de Dallagnol afronta até mesmo regras editadas pelo Conselho
Nacional do Ministério Público (CNMP), em especial, a Recomendação
nº 39, de 08/2016, segundo a qual “as informações e o momento de
divulgá-las deve ser responsavelmente avaliados” (artigo 13). O mesmo
ato normativo estabelece a necessidade de se “evitar que a
manifestação do Ministério Público seja apresentada como decisão ou
signifique condenação antecipada dos envolvidos” (artigo 14), o que
é absolutamente incompatível com o comportamento do procurador.

Dallagnol age fora de suas atribuições constitucionais e legais para
atacar Lula, reforçando, também, a absoluta incompatibilidade da
atuação da AGU em sua defesa na ação em que o ex-Presidente cobra
reparação por danos morais em virtude dos ilícitos praticados na
exposição feita em ambiente privado, acompanhada do já referido
PowerPoint.

A nova entrevista será levada aos procedimentos já em curso que
objetivam o reconhecimento da suspeição do procurador e, ainda, o
reconhecimento de sua responsabilidade civil pelos ilícitos praticados
contra Lula. Também será levada ao conhecimento do Comitê de Direitos
Humanos da ONU, para reforçar que Lula não está tendo no País
direito a um julgamento justo e imparcial.

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

View Comments

  • Salário do procuradorinho

    Não quero mais que meu suado dinheiro ajude a pagar o salário deste rapazinho com topete de rave evangélica. Este procuradorinho de bacacheri deveria estar preso e devolver tudo o que a sociedade tem gasto com ele.

  • É ai srs. advogados! Está

    É ai srs. advogados! Está mais que na hora de parar essas aberações de figurões ideologicamente comprometidos apenas com os derrotados em eleições e ou trabalhando a serviço de forças exteriores. Precisamos resgatar a credibilidade do Ministério Público que hoje está mais baixa do que açudes do Nordeste antes da transposição do São Franscisco.

  • Lula deve estar correndo riscos

    Chegamos a um ponto onde ser preso pode ser a única forma de Lula se manter vivo. É evidente que preferem prendê-lo a matá-lo e fazer assim com que se torne um mártir, mas se as coisas avançarem como os últimos acontecimentos sugerem, não existirá materialidade para condenar Lula. 

    Agora pensemos: já vimos que setores poderosos de nossa organização social (sejam eles políticos, midiáticos, financeiros ou o que for) estão fazendo de tudo para que Lula não possa voltar em 2018. Se não conseguirem prendê-lo, temo de verdade que atentem contra sua vida. 

     

  • Vai ficando claro quem são os criminosos

    Prezados,

    Tenho sido duríssimo, contundente e chamado os que integram a burocracia estatal pelo que de fato são. Mas diante das ameaças que os blogs, portais e jornalistas independentes têm sofrido - alguns dos burocratas criminosos ameaçam também os servidores que hospedam as notícias e retêm os IPs dos computadore usados pelos leitores que comentam e desancam as ORCRIMs institucionais - temos de moderar os termos.

    O que constatamos é que muitos burocratas do Estado (incluam os da PF e do MP que integraram ou integram a Fraude a Jato, desembragadores do TRF4, juízes federais e ministros do ST) agem tal qual aquelas famosas organizações sicilianas que agem 'à margem da Lei'. A cada dia fica mais claro que esses burocratas do Estado é que cometem vários dos crimes de que acusam o PT, os petistas e os simpatizantes da esquerda Política em geral.

    Deltan Dallagnol comete esses abusos, ilegalidades e crimes porque tem as costas quentes e está certo de que ficará impune. Como ele agem os colegas do MPF na Fraude a Jato, o juiz Sérgio Moro e, claro, os magnânimos desembargadores do TRF4 e ministros do STF, além de vários outros juízes no Brasil inteiro.

  • Deu entrevista pro Boechat

    Deu entrevista pro Boechat hoje pela manhâ na rádio Band.

    Band de bandida pra dar trela a este fascista. Não escutei tudo pois me deu náuseas, mas no fim alguém perguntou ao doidinho se ele se arrependia de alguma coia durante todo o processo. Ele tergiversou. Ai insistiram e tocaram no assunto do powe point. E o idiota teve a cara de pau de dizer que foi mal interpretado...Desliguei!

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