Departamento de Justiça dos EUA divulga relatório que põe em risco governo Trump

Jornal GGN – Depois de 22 meses de investigações, o processo para investigar as conexões entre a campanha do Donald Trump, à presidência dos Estados Unidos, com a Rússia foi concluído. O relatório foi produzido pelo procurador especial para o caso Robert Mueller e divulgado nesta quinta-feira (18) pelo Departamento de Justiça (DOJ).

O trabalho não foi divulgado em sua totalidade, por que alguns dados foram colocados como confidenciais. Mas parte da conclusão divulgada pode afetar o mandato de Trump, trazendo uma série de episódios em que o presidente dos EUA atuou para tentar impedir a investigação.

O documento aponta que Trump manifestou preocupação quando Mueller foi nomeado para assumir a investigação do inquérito, chegando a ligar pessoalmente para o conselheiro jurídico da Casa Branca, Don McGahn, para impedir a condução de Mueller ao novo cargo. O presidente alegou que o procurador especial mantinha conflito de interesses. McGahn não atendeu ao pedido do presidente.

“Os esforços do presidente para influenciar a investigação foram majoritariamente malsucedidos, mas isso é amplamente explicado pelo fato de que as pessoas ao seu redor se recusaram a executar ordens ou acatar seus pedidos”, diz o documento.

Apesar da atuação de Trump, a conclusão final de Mueller é que não é possível garantir que Trump cometeu o crime de obstrução de Justiça, uma vez que a ação foi fracassada pela insubordinação de funcionário da Casa Branca. Esse julgamento, o relatório deixará para o Congresso americano realizar.

“Com relação a se o Presidente pode ter obstruído a Justiça pelo exercício de seus poderes sob o Artigo II da Constituição, concluímos que o Congresso tem a autoridade de proibir o uso corrupto da autoridade de um Presidente para proteger a integridade da administração da Justiça”, orienta o relatório.

O fato é que, mesmo sem determinar que houve crime, a investigação derruba a defesa do governo de que não houve conluio da campanha de Trump com os russos para favorecer sua eleição.

Por outro lado, o relatório do procurador especial confirmou que houve vários encontros entre membros da campanha de Trump com emissários da Rússia. Um dos casos foi o encontro de Donald Trump Jr (filho do presidente norte-americano), do seu genro, Jared Kushner, e do chefe da campanha, Paul Manafort, com a advogada russa Natalia Veselnitskaya na Trump Tower, em junho de 2016. O encontro teria acontecido para a negociação de informações que comprometem a candidata democrata Hillary Clinton.

No relatório, Mueller conta que, quando o encontro foi noticiado publicamente, ele orientou para que fosse divulgado que a reunião de fato aconteceu, mas para tratar da adoção de crianças russas.

Agências de notícia dos Estados Unidos contam que, ao saber do relatório, Trum não reagiu bem. “Isso é terrível. É o fim da minha Presidência. Estou f…”, comentou.

Horas antes da divulgação do documento, secretário de Justiça, William Barr, se pronunciou publicamente defendendo o presidente dizendo que o mandatário ficou “frustrado e enojado porque acreditava sinceramente que a investigação minava a sua Presidência e que era impulsionada por seus oponentes políticos e alimentada por vazamentos ilegais”.

Barr disse ainda que a equipe jurídica da Casa Branca chegou a pedir para revisar a versão editada por Mueller, mas o próprio Trump optou por não ocultar nenhum detalhe.

Já os advogados de Trump usaram o fato de o relatório não ter sido divulgado em sua íntegra para comemorar o resultado das investigações como “completa vitória para o presidente”, escreveram em nota.

“Esta defesa do presidente é um passo importante para o país e um forte lembrete de que este tipo de abuso nunca deve ser permitido novamente”, avaliam.

A oposição democrata se manifestou insatisfeita com o relatório editado e pediu o acesso à íntegra das investigações produzidas por Mueller.

“O Congresso deve receber este relatório na íntegra junto com os materiais investigativos que o embasam. Como membro da Comissão de Inteligência do Senado, sei que uma versão editada do relatório não é suficiente para o Congresso levar a cabo sua responsabilidade de conduzir uma supervisão significativa desta investigação e das decisões tomadas por funcionários do governo Trump no que diz respeito a essas conclusões”, pontuou a senadora Kamala Harris, da Califórnia, pré-candidata à Casa Branca.

*Com informações do jornal O Globo

Redação

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