Inquérito da PF contra Lula é “fraco” e “falho”, diz revista

Jornal GGN – Em artigo publicado na noite deste domingo (28), o editor-chefe da revista Época admite que o relatório da Polícia Federal indiciando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o triplex é “fraco” e “falho”. “Falha no que lhe é mais essencial: demonstrar que o caso do tríplex envolve corrupção e lavagem de dinheiro – e que Lula e os demais indiciados cometeram esses crimes”, afirmou Diego Escosteguy na publicação.
Conforme mostrou o GGN nesta sexta-feira (26), a principal argumentação que poderia incriminar Lula, que é a tese do recebimento de R$ 2,4 milhões de propina pela OAS, não ficou comprovada.
O inquérito de 59 páginas foi marcado por lógicas narrativas, sem comprovações materiais, ilações e apelo a exposições desnecessárias. As reformas no apartamento do edifício Solaris, imputado a Lula, foram calculadas pelos investigadores com documentos, entre eles recibos, mas faltando a comprovação de que foram provenientes de recursos ilícitos ou de favorecimento ao ex-presidente.
Ainda, mensagens interceptadas de Léo Pinheiro e de Paulo Gordilho, ex-diretor da empreiteira, também foram usadas no inquérito, indicando que as reformas foram feitas, mas novamente sem sustentar as teses de ilegalidades.
Para o jornalista de Época, o relatório cumpre com o esperado em comprovar a relação de Lula com o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, e com os investimentos feitos pelo empreiteiro de forma a agradar o ex-presidente.
Nesse aspecto, para Escosteguy, o documento mostraria as contradições de Lula em desconhecer o ex-diretor da OAS, Paulo Gordilho. Como o GGN adiantou, o ex-presidente não disse desconhecer o empresário, mas disse não se recordar dele “por nome” – o que também não seria suficiente para sustentar um indiciamento.
A revista também sustenta que a versão do ex-presidente para o caso do apartamento triplex no litoral paulista é “insustentável”. Mas o Instituto Lula apresentou, ainda em janeiro deste ano, documentos que comprovam a vontade de Lula e Dona Marisa em adquirir o imóvel, decisão modificada no final do último ano, após “notícias infundadas, boatos e ilações romperam a privacidade necessária ao uso familiar do apartamento”.
Por outro lado, admite: “a fragilidade do relatório, portanto, não se encontra nas evidências descritas nas 59 páginas do documento. Encontra-se nas lacunas da peça. O delegado Márcio Anselmo indicia Lula por corrupção passiva, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Mas não explica como os fatos narrados traduzem-se em crimes”.
O jornalista expôs ao delegado Márcio Anselmo, que integra a equipe da força-tarefa da Lava Jato, que para haver crime “é preciso apontar que ele existiu”. “Mas esse ato, se existiu, não foi sequer apontado pela PF”, criticou.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  • Não é só o "Inquerito" da PF que é fraco e falho,

    a revista também. Fora outras "qualidades" que não vou enumerar para evitar palavras chulas.

  • Bem, se até esse fervoroso e

    Bem, se até esse fervoroso e insano batalhador do anti-petismo e anti-lulismo admite o absurdo desse indiciamento é porque realmente a perseguição passou de camuflada para descarada. 

    • Só um recado aos subordinados...

      É um recado para os subordinados melhorarem o serviço. Algo do tipo "melhora isso aí, que com essa droga de serviço porco que você fez não dá pra defender a prisão do Lula"...

  • O relatório da PF é tão ruim,

    O relatório da PF é tão ruim, mas tão ruim que nem a Globo consegue sustentá-lo. Quem sabe a Veja...

  • Sob o escrutínio da mídia internacional

    Sob os holofotes internacionais, nossa mídia tem que salvar as aparências de não ser protagonista do golpe.

    Nada mais além disso.

    Ah... sim... Mossack Fonseca também pode ter tido alguma contribuição. Melhor não deixar esse caso feder muito, não?

  • Resta agora procurar outro crime

    Como Lula é culpado de alguma coisa e como esta tentativa parece não ter dado certo, resta agora procurar outros crimes.

    Sugiro procurar quem foi que deu a geladeira de isopor para a "farofa" de Lula:

     

  • "Em artigo publicado na noite

    "Em artigo publicado na noite deste domingo (28), o editor-chefe da revista Época admite..."

    Certamente, o moço não admite nada. Ele só está preparando seus leitores para que engulam a mudança de narrativa de seus vazadores.

    A Força Tarefa vinha de braçadas com seus inquéritos mal feitos, baseados, geralmente, em delações premiadas conseguidas a fórceps. Usavam a mídia amiga como instância de condenação. Por fim, contavam com um juiz que condenava sempre, se esmerando em densometrias absurdas de maneira a constranger as instâncias superiores. 

    Aí, depois de longo e tenembroso inverno, chegou a hora de pegar a grande presa. Só que a figura em questão trata-se de um dos mais emblemáticos líderes políticos dos últimos tempos. Um cara que botou o Brasil no mapa geopolítico mundial. Com ele, passamos a ser levados nas tratativas mundiais como um país a ser considerado. Em relação a Lula, os tarefeiros paranaenses criaram uma auto armadilha que determinava a condenção de qualquer forma ou maneira. E agora?

    Todos sabemos que os verdugos de Curitiba, apesar de todos os mestrados no exterior, são sem noção. Achavam que poderiam condenar Lula com seus inquéritos mal ajambrados cheios de lacunas, condicionais... Até poderiam se Lula não tivesse denunciado ao mundo a perseguição. Os inquéritos não estão mais somente aos olhos das masmorras curitibanas, apesar da resistência do justiceiro.

    Ficou difícil usar estratégias basedas em adulterações de teorias e uso de literaturas jurídicas duvidosas. Venderam para a opinião pública a condenação de Lula. Agora chegou a hora de pedir ajuda aos amiguinhos da mídia para mudar o discurso.

    O mundo jurídico mundial está de olho.

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