Juiz afastado publica fotos na praia e reclama de demora no julgamento de seu caso

Sugerido por Gilson AS

Do Estadão

Afastado do Tribunal Regional Federal da 1ª Região há mais de 2 anos, Marcelo Antonio Cesca usou a ironia e as mídias sociais para ‘protestar’ contra a demora no julgamento de seu caso
Valmar Hupsel Filho e Mariângela Gallucci – O Estado de S. Paulo

São Paulo e Brasília – ‘Deprimido’ por receber regularmente salário de R$ 22 mil há mais de 2 anos, sem trabalhar, o juiz federal Marcelo Antonio Cesca, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, usou a ironia e as mídias sociais para ‘protestar’ contra a situação. Nesta semana, Cesca publicou no Facebook fotos em que está na praia com a namorada. “Estou deprimido”, escreveu ele na legenda de uma imagem em que aparece de boné e óculos escuros.

Em outra foto, sentado numa cadeira de praia com um drink na mão esquerda, desabafa: “Não é viver no Brasil”.

Na legenda de outra foto, tirada no mesmo dia, o magistrado ironiza. “Eu agradeço ao Conselho Nacional de Justiça por estar há 2 anos e 3 meses recebendo salário integral sem trabalhar, por ter 106 dias de férias mais 60 dias pra tirar a partir de 23/03/14, e por comemorar e bebemorar tudo isso numa quinta-feira à tarde do lado de minha namorada de 19 anos!” escreveu o magistrado.

Ele ainda acrescenta, referindo-se à Lei Orgânica da Magistratura Nacional, que rege a atividade de juízes: ” Vida longa ao CNJ e à LOMAN!”

Afastado. Cesca foi afastado do cargo em novembro de 2011 durante um período em que sofria de depressão, após, supostamente, ter sofrido um problema psiquiátrico. Em entrevistas, nesta segunda, ele afirmou já ter pedido que seu processo fosse julgado. “Não é falta de vontade de trabalhar. O problema é que o CNJ não julga meu caso”, explicou, dizendo que a mensagem no Facebook era uma espécie de protesto.

O corregedor nacional de Justiça, Francisco Falcão, pediu, nesta segunda-feira, ao presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1.ª Região que preste informações com urgência sobre as conclusões de um procedimento aberto contra o magistrado.

‘Higidez laboral’. Em nota divulgada no início da noite de segunda, o CNJ disse não haver procedimento pendente de análise no qual o juiz conste como parte: “O afastamento do magistrado não decorreu de atuação deste Conselho, mas sim de decisão do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF1), em processo que avalia a sua higidez laboral”.

Na nota, Falcão informa ter oficiado ao TRF-1, “para que se manifeste com urgência, no prazo de 24 horas, sobre as conclusões Procedimento Administrativo 8.132/2011, que trata do assunto, e indique a data de sua inclusão na pauta de julgamentos”.

 

Redação

Redação

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  • sendo beneficiário de uma justiça que nada resolve...

    eis a prova de que entre eles a lentidão resulta de um ócio muito trabalhoso

  • É DOIDO MESMO

    Não precisa nem de especialista para se constatar que esse juiz é doido mesmo. 

    São 10:17 hs. Acabei de ouvir na Record News declaração do juiz. Por isto, retiro meu comentário acima.

  • "Eu agradeço ao Conselho

    "Eu agradeço ao Conselho Nacional de Justiça por estar há 2 anos e 3 meses recebendo salário integral... Não, agradeça o Congresso que não muda está aberração, e aproveita vende uma sentença, assim, vc aposenta sossegado de vez.

  •  
    Este é um juiz pé de

     

    Este é um juiz pé de chinelo, juizão bom de esconder bufunfa usufrui Miami (Nicolalau etc....) .

  • Quer acabar com essa

    Quer acabar com essa insatisfação de estar livre, leve e solto? Se filia ao PT!Os justiceiros já dão um jeito de te enjaular. Fácil, fácil de resolver essa injustiça (característca dos nossos justiceiros partidários e corruptos).

  • Duas observações

    Duas observações interessantes: apesar de o juiz deixar bem claro que está de saco cheio de ficar à toa, de estar clinicamente apto ao trabalho desde maio de 2013, e que somente não retornou ainda pela burocracia dos tribunais, a reportagem trata a questão com desdém, tentando polemizar e desqualificá-lo, ao dizer que ele está "'Deprimido' por receber regularmente salário de R$ 22 mil há mais de 2 anos, sem trabalhar", bem como ao utilizar o termo "protestar" entre aspas, questionando portanto a legitimidade da manifestação do juiz.

    A outra coisa interessante é o analfabetismo funcional da maioria dos leitores da "grande" imprensa. Nos comentários de portais como G1, Terra, Uol etc, o povo não consegue compreender que o cara quer é voltar a trabalhar, e fica xingando o sujeito por estar recebendo sem trabalhar.

    P.S. - Tá mals pra 33 anos de idade, hein... É bom fazer uma dieta e entrar pra academia, senão vai ficar doente de novo já, já.

    • Exatamente

      Tive o mesmo entendimento que você. O juiz está querendo voltar a trabalhar. Se ele não tem condições, o CNJ ou o TRF da 1ª Região devem se pronunciar sobre isso. Para mostrar que o que ele fez gerou resultado, num instante o CNJ pediu urgência na apreciação do caso dele.

  • Não é o que parece. No caso,

    Não é o que parece. No caso, é o juiz que está protestando contra a morosidade da justiça de julgar, administrativamente (não é um processo judicial, portanto), a sua situação funcional. Ele foi afastado por problemas psiquiátricos há 2 anos e 3 meses. Ao que parece, seria depressão o motivo. Mas ele diz que não está mais depressivo e que o CNJ supostamente não teria ainda julgado em definitivo o caso dele. O CNJ, por sua vez, culpa o TRF da 1ª Região. Ele usou o Instagram para ironizar a situação. Tirou fotos na praia com as legendas "estou depressivo", algo assim.

    Ele ganha 22 mil reais sem trabalhar há 2 anos e 3 meses em virtude do afastamento por problemas de saúde. Se o cidadão não está mais depressivo, se não há problemas para ele ser juiz, é só mandar de volta ao trabalho. É inclusive isso que ele quer. Pelo menos foi isso que eu entendi.

     

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