Mesmo investigado por corregedorias, de Grandis reassume inquérito do caso Alstom

Sugerido por Joca

Da Folha
FLÁVIO FERREIRA
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
Mesmo investigado por duas corregedorias por ter engavetado um pedido de cooperação da Justiça suíça no caso Alstom, o procurador da República Rodrigo de Grandis reassumiu o inquérito.
Ele está sob investigação das corregedorias do Ministério Público Federal e do Conselho Nacional do Ministério Público, órgão de controle externo sobre os atos de promotores e procuradores.
No fim de outubro, a Folha revelou que o Ministério Público da Suíça cansou de esperar por quase três anos pela ajuda de Grandis e arquivou investigações sobre suspeitos de intermediar o pagamento de propinas da Alstom para políticos do PSDB e servidores do Metrô e da CPTM.

À época, Grandis estava de licença para conclusão de mestrado e a investigação havia sido transferida para outro procurador. A licença acabou e Grandis reassumiu o inquérito, em um momento em que há risco de prescrições no caso.
Em outubro, o procurador disse que a demora em atender ao pedido suíço ocorreu porque o requerimento havia sido arquivado incorretamente em uma pasta, e por isso ficou sem qualquer andamento por dois anos e oito meses.
No começo de novembro, a Folha também informou que o Ministério da Justiça, cobrou Grandis oficialmente várias vezes a respeito. Ele também foi alertado verbalmente e via e-mail por colegas que sabiam do requerimento suíço.
Após as reportagens, o Ministério Público Federal procurou as autoridades suíças e o pedido de cooperação internacional foi renovado.
O requerimento original enviado à Procuradoria em 2011 solicitava interrogatórios de quatro suspeitos e a realização de buscas na casa de um deles, o ex-diretor da estatal CPTM João Roberto Zaniboni, acusado de receber propina da Alstom entre 1999 e 2002, durante os governos de Mário Covas e Geraldo Alckmin, ambos do PSDB.
Grandis também deixou de cumprir um outro pedido da Suíça de 2010, que solicitava o interrogatório de quatro executivos que haviam ocupado a diretoria da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), segundo a revista “IstoÉ”.
Procurado, Grandis não quis se pronunciar.
O subprocurador-geral Hindemburgo Chateaubriand Filho, corregedor do Ministério Público Federal, disse que a volta de Grandis à condução do inquérito “é um problema administrativo, não da corregedoria”.
O afastamento só ocorre quando a permanência no cargo pode prejudicar a apuração de eventual infração.
O corregedor diz ter nomeado uma comissão com três procuradores para apurar as razões do atraso no cumprimento do pedido por causa da complexidade do caso. A comissão tem 60 dias para concluir a apuração.
O inquérito da Alstom começou em 2008 para apurar suspeita de suborno a políticos do PSDB e servidores paulistas ligados ao setor de energia. Entre os indiciados pela PF estão o vereador e ex-secretário estadual de Energia Andrea Matarazzo (PSDB), entre outros. Eles nega qualquer participação nos crimes.
Na apuração surgiram indícios de pagamento de propina também em contratos do Metrô e da CPTM; a PF decidiu desmembrar os casos.
No novo inquérito, sobre trens, foram encontrados indícios de pagamento de propina a secretários do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e descobertas evidências de conluio entre as empresas. Essa é a investigação remetida ao Supremo nesta semana por causa de políticos com foro privilegiado.
Redação

Redação

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  • Se até a Folha tá perdendo a

    Se até a Folha tá perdendo a paciência com os engavetadores...

     Imagina se o povo  tomar conhecimento. Estará criado os bréque-bróquis do bem.

     

  • agora ,acho que não restam

    agora ,acho que não restam dúvidas sobre quem são e onde estão os que controlam o que tem ser controlado para que as coisas permaneçam como sempre foram ,desde sempre.

  • "Teremos um

    "Teremos um “engavetador-regional da Justiça” em São Paulo, para atuar no caso do dinheiro público que descarrilava para servidores do mais alto escalão, para ficarmos aí, por enquanto, sem chegar aos “dominadores dos fatos”?" (do Blog Tijolaço, sobre o mesmo assunto).

    Não tenho dúvida quanto à isso! O que me dói é a Dilma ter, mais uma vez, indicado alguém para o cargo de PGR, sem nenhum compromisso com a verdade e com a Justiça (se tivesse veria que este processo de MENTIRÃO não passa de uma fraude). O novo PGR não passa de um novo Gurgel. Não consigo entender o motivo de tanta falta de coragem no exercício de um mandato conseguido legitimamente nas urnas. A situação vergonhosa em que o PT se encontra, onde não pode e não quer se defender, se deve, em grande parte, às indicações feitas pelo Lula e pela Dilma para o STF, onde dos onze membros, oito, se não me engano, foram indicados por eles, assim como para a PGR e outros Tribunais Superiores. Estou dizendo isto não porque sou contra o PT, muito pelo contrário. Votei no Lula,  todas às cinco vezes que se candidatou à Presidência e na Dilma uma vez e, provavelmente votarei uma segunda vez,  até por falta de opção. Não me conformo é ver que o Lula, a Dilma e o PT, como um todo, não se defenderem, recebem acusações caluniosas diariamente e não reagem. A desculpa do Lula para não falar do MENTIRÃO é a de que tem que esperar pela conclusão do julgamento, como se não fosse suficiente o STF ter negado todos os recursos  e também direitos garantidos na própria Constituição aos acusados desta farça, a AP 470, e a Dilma parece que é presidente de outro país e não do Brasil, e continua fazendo tudo para agradar seus algozes. Não há eleitor ou simpatizante que suporte toda esta falta de atitude. 

     

     

     

    • distorção...

      A mídia tenta convencer todo mundo que o foco principal da corrupção no nosso país está no legislativo. Pouco a pouco, a sociedade vai descobrindo que a podridão moral se instalou na máquina pública,  nos funcionários de carreira, ... no nosso apodrecido sistema judiciário. Os representantes da casa grande se instalaram em postos chave para defenderem seus interesses, em detrimento do que é justo e da lei....

      •  
        Tens razão Francisco. Mas,

         

        Tens razão Francisco. Mas, na verdade verdadceira, o problema tem origem na bichada casa-grande. Aquilo, por mais edulcorada sejam as versões dos estudiosos, nossa casa-grande foi uma merda. Tudo, erigido com pau podre. Como não estariam bichados seus descendentes? O que restou de bom e útil, devemos à senzala. Não fosse isso o Brasil estava era lascado.

        Orlando

        • é bem isso...

          é bem isso....  assisti um filme muito bom com o Paulo Betti:  Mauá, o Imperador e o Rei -  mostra que, desde os tempos de colônia, a elite sabota o nosso país. Recomendo esse filme.

  • QUEM DIRIA, HEIM, JANOT?

    Sem mêdo de serem questionados e mesmo punidos, resolveram fazer o Baile da Dona Aurora à luz do dia.

    Além de enrolarem sobre suspeitas escancaradas de prevaricações, por parte desse procurador, até agora não punido, avançam o sinal do retrocesso e prestigiam-no acenando com possível retorno ao  comando do itinerário doTrensalão, que sob seu controle nunca chegou ou chegará, de fato e de direito, à estação justiça, dado o desvio à estação arquivo, de sua (dela, Casa Grande, a quem serve) "predileção".

    Seria cômico, se não fosse trágico e nossa paciência não estivesse no limite da cidadania que espera pela justiça até o derradeiro momento, mas pelo jeito essa camarilha do atraso, só treme e se mexe quando ouve o alarido vibrando no seu batente.

    Não é possível que o governo que elegemos não consiga se organizar para reagir a esse escândalo, com ações e pressões devidas, ao menos políticamente. Para que servem os parlamentares e executivos eleitos e outros nomeados em cargos de expressão e confiança, se não se expressam, nada dizem, nada fazem e para nada servem?  Basta de inércia e imobilismo, o que a vida quer já se sabe, coragem, conforme escreveu a Presidenta, só falta agora praticar.  

    • Independência.

      Infelizmente nem se o Janot quisesse ele poderia fazer algo. Os procuradodores são órgãos com autonomia funcional e administrativa. É como se cada procurador fosse um Ministério Público. Quem poderia fazer algo, além da cosciência do De Pequenus, seria o Conselho Nacional do Ministério Público ou a corregedoria. Como o coorporativismo impera no MP, pode esquecer.

  • Prevaricação

    Estranha-me de Grandis poder voltar ao inquérito que ele engavetou e não deu satisfação a ninguém, apesar de solicitações sobre o andamento das investigações. 

    Rodrigo de Grandis prevaricou!

  • "Após as reportagens, o

    "Após as reportagens, o Ministério Público Federal procurou as autoridades suíças e o pedido de cooperação internacional foi renovado":

    Pra que?  Pra colocar de Grandis de novo no caso?

    Alguem lembra de Maluf tambem?  E da "cooperacao" do judiciario brasileiro?

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